A análise sobre a prática de questões ambientais, sociais e de governança (ESG) tornou-se uma parte importante do processo de investimento, de modo a obter uma visão mais completa das empresas.
Em outras palavras, a aplicação dos fatores não financeiros do ESG vem fazendo parte do processo analítico para identificar riscos significativos e oportunidades de crescimento no momento de investir.
O que é ESG?
Ambiental, Social e Governança (ESG) é um termo usado para representar os interesses financeiros corporativos de uma organização, com foco principal na sustentabilidade e no impacto ético.
No entanto, o mercado de capitais tem se utilizado do ESG para avaliar as organizações e determinar o desempenho financeiro futuro. Embora ética, sustentabilidade e governança corporativa sejam considerados indicadores de desempenho não financeiro, seu papel é garantir a responsabilização e os sistemas de gestão de impactos da empresa, como a pegada de carbono, por exemplo.
Como surgiu o termo ESG?
Conforme mencionado anteriormente, o termo ESG encontra-se no centro dos investimentos sustentável, ajudando a expandir o interesse nas três áreas centrais: ambiental, social e governança.
No entanto, apesar de ser uma sigla que muitos reconhecem, nem todos a entendem e muito menos sabem dizer como ela surgiu. O primeiro grupo a cunhar o termo ESG foi através do relatório “Principles for Responsible Investment (PRI)” das Nações Unidas em 2006.
Para eles, a governança era considerada a área mais importante, seguida por ambiente e sociedade. Contudo, eles acreditavam que GES não era “tão glamourosa”. Em vez disso, eles pensaram que E no início seria melhor e que o S deveria estar no meio.
Foi assim que decidiram fazer do ESG a sigla vencedora. Naquele momento, ninguém poderia imaginar que três letras simples na ordem certa formariam o início de um movimento maciço de investimento sustentável.
Na época, 63 empresas de investimento, incluindo proprietários de ativos, gestores e prestadores de serviços, assinaram US$ 6,5 trilhões em ativos sob gestão, incorporando questões ESG.
Quais são as características do ESG?
Não há taxonomia definitiva nas características do ESG. As características ESG estão geralmente interligadas e pode ser um desafio defini-las apenas como uma questão ambiental, social ou de governança.
No entanto, cada padrão destas características desempenha um papel importante nos esforços para elevar o perfil do investimento sustentável e ético, e por essa razão, iremos mencioná-las aqui.
Ambiental
Os fatores ambientais dizem respeito ao papel das organizações na conservação dos recursos naturais, incluindo o meio ambiente, as mudanças climáticas, a sustentabilidade, o consumo e uso de energia e seu impacto geral. Exemplos dos fatores ambientais incluem:
- Mudanças climáticas e emissões de carbono;
- Poluição do ar e da água;
- Biodiversidade;
- Desmatamento;
- Eficiência energética;
- Gestão de resíduos;
- Escassez de água.
Social
Os fatores sociais envolvem como uma organização considera e trata as pessoas, seja funcionários, comunidades locais e clientes. Exemplos dos fatores sociais incluem:
- Satisfação do cliente;
- Proteção de dados e privacidade;
- Gênero e diversidade;
- Engajamento dos funcionários;
- Relações com a comunidade;
- Direitos humanos;
- Normas trabalhistas.
Governança
A governança examina como as empresas se autorregulam, com foco em controles internos sistemáticos e práticas para manter a conformidade. A governança se concentra na transparência, nas melhores práticas do setor, na gestão organizacional e nos planos de crescimento relacionados. Exemplos dos fatores de governança incluem:
- Composição do conselho;
- Estrutura do comitê de auditoria;
- Suborno e corrupção;
- Remuneração de executivos;
- Lobbying;
- Contribuições políticas;
- Esquemas de denúncia.
Qual a relação entre ESG e fundos imobiliários?
Houve um tempo em que os fundos imobiliários eram modelos do capitalismo. No entanto, a tendência está se movendo na direção oposta. A aplicação dos padrões ESG ao setor imobiliário mostra que essa classe de ativos também é relevante para a aplicação dessas diretrizes.
Há uma crescente consciência de que os fundos imobiliários podem ter um impacto social significativo, seja através da reabilitação de espaços públicos, habitação popular, habitação social e centros de assistência, ou por investimentos ambientalmente amigáveis em novas construções, como edifícios.
Além disso, do ponto de vista ambiental, os FIIs se mantêm intimamente relacionados. Por exemplo, o setor imobiliário é um grande consumidor de energia. Assim, a construção de edifícios mais sustentáveis por novos materiais ecológicos, aquecimento ou ventilação tecnológica inteligente, não só ajuda o ambiente, como também aumenta o retorno do respectivo investimento imobiliário, melhorando o desempenho do investimento.
Isso demonstra que o ESG veio para ficar e cada vez mais moldará e influenciará as avaliações de propriedades e investimentos imobiliários, à medida que os investidores procuram alocar em FIIs sob essa bandeira.
Quais as vantagens e desvantagens do ESG?
As vantagens das práticas ESG incluem:
- O ESG pode atrair consumidores e investidores para um maior crescimento, tendo em vista que estão a procura de opções mais sustentáveis para produtos ou serviços oferecidos por empresas com foco em ESG;
- As organizações com foco em ESG normalmente superam o mercado de ações. As organizações com foco em ESG normalmente assumem riscos mais calculados, minimizando o risco do investidor;
- Quando as práticas ESG são integradas à estrutura organizacional, as empresas podem reduzir custos, como despesas operacionais, ao longo do tempo.
Dentre as desvantagens, podemos citar:
- As organizações que tentam se concentrar no ESG de forma inconsistente, ou seja, apenas para fins de comunicação, como estratégia de marca ou desconectar-se da estratégia de negócios não possuem sucesso.
- Para os investidores focados em estratégias de investimento lideradas por ESG, pode ser mais difícil para os gestores criar um portfólio equilibrado que seja consistente com sua estratégia de longo prazo;
- A maioria dos fatores ESG não está diretamente ligada aos dados financeiros e, portanto, exige esforço adicional para fornecer resultados de desempenho tangíveis, resultando em relatórios menos detalhados do desempenho em cada ponto dos critérios ESG.
Quais são os índices ESG?
Índices ESG são essenciais para desenvolver estratégias de investimento de mercado que integrem suas características e avaliem a eficácia de seu impacto. Nos relatórios anuais de cada empresa é possível conferir tais informações, no entanto, há outras formas de buscar por esses dados com mais facilidade. São eles:
Estratégia Investimento Verde
A Estratégia de Investimento Verde para o Desenvolvimento Regional permite que agências públicas ao nível local ou federal, bem como agências privadas interessadas, adaptem voluntariamente novos projetos de infraestrutura de desenvolvimento regional de acordo com critérios ESG.
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)
Com uma carteira teórica elaborada segundo critérios ESG, o ISE B3 utiliza os procedimentos e regras contidos no Manual de Definições e Procedimentos do Índice B3. Como resultado, o índice avalia as empresas listadas em bolsa sob a ótica da sustentabilidade corporativa, posicionando as organizações por ranking.
Índice de Carbono Eficiente — ICO2
O Índice de Carbono Eficiente — ICO2 é composto por empresas participantes do IBrX-50, composto pelos 50 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro, que aceitaram participar de abordagem transparente em relação às suas emissões de gases de efeito estufa.
Na composição do índice são considerados o grau de eficiência das emissões de gases de efeito estufa e o total de ações em circulação. Além disso, o Índice de Carbono Eficiente — ICO2 atua como um indicador de desempenho das empresas preocupadas com as questões climáticas.
O investimento em ESG cresceu exponencialmente à medida que mais investidores e emissores usam dados e ferramentas ESG e climáticos para apoiar suas decisões de investimento.
A prática do investimento ESG começou na década de 1960 como investimento socialmente responsável, hoje possui considerações éticas e alinhamento com valores de muitos investidores, que desejam incorporar fatores ESG em seu processo de investimento juntamente com a análise financeira tradicional.