Fundos de fundos (FOFs): afinal, como funcionam? Vale a pena investir?
Com a ascensão da indústria dos fundos imobiliários no Brasil, nasceram os fundos de fundos, também chamados de FOFs. Esses fundos nada mais são do que investidores de cotas de outros fundos, propondo uma suposta diversificação para gerar ganhos acima do mercado aos seus próprios cotistas.
Ao longo da última década, o veículo de investimento em fundos imobiliários ganhou atenção no país, sobretudo aos investidores iniciantes, que buscam os FOFs como diversificação do portfólio automática ao investir em vários FIIs desta forma.
Os FOFs, porém, possuem vantagens e desvantagens se comparados aos demais produtos do mercado, e todo e qualquer investidor deve estar atento.
Vantagens dos FOFs
A principal vantagem diz respeito justamente à diversificação, onde há acesso a uma série de fundos ao comprar apenas uma cota. Para os investidores iniciantes, que aportam pequenos valores, investir em vários fundos de forma apartada pode ser impeditivo.
A diversificação é essencial para a redução dos riscos ao investir, não colocando todos os ovos na mesma cesta.
Além disso, há um fator ligado à simplicidade ao investir em FOFs. A decisão de investimento é delegada a um gestor, que irá atuar majoritariamente de forma ativa para a composição do fundo
Desvantagens
Ao delegar as decisões de investimento a um profissional, que deverá ser remunerado por isso. Os custos de administração desse fundo, se muito altas, podem acabar reduzindo consideravelmente a rentabilidade do fundo.
Também há um aspecto relacionado à falta de liberdade ao investir em FOFs, já que não há como escolher os ativos que irão compor a carteira.
Vale a pena investir em FOFs?
Para o Professor Marcos Baroni, especialista e analista-chefe de fundos imobiliários da Suno Research, apesar de os fundos de fundos estarem pressionados desde 2020, são uma boa ferramenta de investimento, mas para investidores que já possuem certa experiência no mercado.
“Alguns dos FOFs acabaram querendo criar muito valor aos cotistas, mas se expuseram demais a riscos”, citou Baroni em participação no podcast Mundo Invest.
“O FOF, em geral, vive um eterno paradoxo: quando o mercado está ruim, as cotas caem e levam o valor patrimonial. Ou seja, no melhor momento para investir, ele não tem caixa para isso”, comenta. “Já quando o mercado está em alta, há caixa, espaço para arbitragem, e é o melhor momento para emissão de cotas, mas o gestor compra caro.”
Para ele, os gestores que perceberem que não vale a pena girar a carteira demasiadamente, com o objetivo de gerar retornos acima do mercado, mas sim manter uma carteira base, fazendo o “arroz e feijão” bem feito, e investir de forma oportunística, terá sucesso.
Para ele, o papel dos FOFs pode vir a ser como os hedge funds. Nos momentos de queda, os fundos precisam ser resilientes para não acompanharem a tendência, se defendendo com CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), por exemplo. Na alta, devem acelerar os ganhos.
Por isso, na visão de Maroni, o investimento tático e estratégico pode ser mais bem recebido pelos investidores que já possuem uma bagagem no mercado – embora as vantagens dos FOFs conversem com as necessidades habituais dos investidores iniciantes.