Fiagros impulsionam fortalecimento do agronegócio como player estratégico global


Uma nova geografia econômica tem se desenhando no cenário global do agronegócio e as perspectivas são animadoras para o Brasil, num momento em que o setor passa por uma transformação estrutural, com a profissionalização da originação de crédito e a expansão da oferta via mercado de capitais. A participação dos Fiagros vem sendo nesse processo.

Os desdobramentos do conflito envolvendo Israel e Irã elevam o grau de incerteza sobre rotas comerciais no Canal de Suez e no Estreito de Ormuz. Num cenário que combina risco logístico, disrupção de oferta e busca por segurança alimentar, o agronegócio brasileiro desponta como beneficiário líquido — particularmente seus cinturões produtivos no Centro-Oeste e na região do Matopiba, o cinturão do agronegócio que compreende regiões de quatro Estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
O impacto direto tem sido observado nos preços internacionais das commodities agrícolas nos últimos dias. O atual cenário do câmbio, com o dólar na faixa entre R$ 5,50 e R$ 6, torna o o agro brasileiro altamente competitivo em termos de custo marginal de produção.
O spread cambial tem reforçado a rentabilidade dos exportadores nacionais, o que melhora as métricas de emissores do setor e atrai fluxo tanto de dívida quanto de equity para os elos mais estruturados da cadeia. E é nesse novo ciclo que os Fiagros de crédito devem ampliar seu protagonismo.
Fiagros: benefícios tributários devem atrair capital institucional
Com benefícios tributários relevantes e governança mais próxima do investidor final, os Fiagros passam a disputar espaço com instrumentos tradicionais, como as Letras de Crédito Agrícola (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).
Além disso, a crescente percepção de que o agro é “um ativo de segurança nacional” deve continuar atraindo capital institucional para estruturas com liquidez em bolsa e capacidade de originação própria.
“Há uma migração clara de capital defensivo para ativos reais. O investidor começa a entender que o agro brasileiro, especialmente no modelo estruturado, entrega não só retorno, mas proteção patrimonial contra os choques globais”, afirma Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, gestora de dois dos Fiagros negociados na B3, o SNAG11, focado em crédito, e o SNFZ11, que investe na valorização patrimonial de imóveis.
SNAG11: desempenho superior em um ciclo adverso
O SNAG11 vem se destacando como uma referência de estabilidade e retorno. Desde seu IPO em 2022, o fundo acumula retorno total de cerca de 40% e mantendo distribuição estável por cota, mesmo diante de um cenário de vários problemas de crédito dentro do agronegócio.
Com um P/VP de 0,94x e liquidez média superior a R$ 1 milhão por dia, o SNAG11 entrega crédito de qualidade, com a montagem de uma carteira high grade até hoje sem nenhum registro de inadimplência. E está acessível não só para os investidores institucionais, mas também no varejo, com cotas negociadas na faixa de R$ 10.
SNFZ11: terra como ativo estratégico em tempos de inflação estrutural
O SNFZ11 é focado na aquisição de terras agrícolas com potencial de valorização a partir de uma série de fatores, como o desenvolvimento da infraestrutura interna, projeção de melhorias estruturais na região do imóvel e inflação estrutural. Com isso, a terra produtiva se consolida não só como reserva de valor, mas como investimento seguro para geração de valor.
Com uma carteira formada por uma fazenda na cidade de Gaúcha do Norte (MT) e por ativos de crédito que resultam no próprio desenvolvimento do imóvel, o SNFZ11 ampliou sua base de cotistas e começou a ser utilizado como moeda de permuta para produtores interessados em ganhar liquidez e diversificar patrimônio. Esse mecanismo — de troca de terras por cotas listadas — sinaliza a sofisticação crescente do agronegócio dentro do mercado de capitais e o papel estratégico dos fundos listados como hubs de consolidação do setor.
“Estamos construindo uma plataforma onde o produtor troca terra por cotas, e o investidor final acessa o agro com governança e isenção. Isso é uma revolução silenciosa”, explica Duarte, da Suno Asset.
No centro da reconfiguração da economia global, o agronegócio brasileiro se mostra não apenas um fornecedor de commodities, mas um ativo financeiro de longo prazo. Em tempos de fragmentação geopolítica e insegurança energética, crédito estruturado e terras produtivas viram ativos estratégicos, e Fiagros como o SNAG11 e o SNFZ11 demonstram que é possível combinar retorno com liquidez e transparência na gestão com uma tese vencedora no longo prazo.