Fiagros seguros: como montar uma carteira rentável e reduzir riscos?

Mercado de Fiagros é atraente, mas investidor deve tomar cuidados e analisar opções de forma criteriosa antes de adquirir ativos.

Fiagros seguros: como montar uma carteira rentável e reduzir riscos?
Fiagros são opção para diversificar investimentos - Foto: iStock

A diversificação é uma característica fundamental do mercado de Fiagros, como vimos ao longo de toda esta semana especial de reportagens aqui no FIIs.com.br. Por isso, o investidor interessado em começar a alocar recursos no setor deve ficar atento a boas oportunidades para adquirir não somente um ativo, mas montar uma carteira a fim de mitigar os riscos e explorar várias teses de investimento.

Mas, num cenário de potencial crise como o atual, marcado por recentes relatos de inadimplência e até por recuperações judiciais de empresas do setor, vem a dúvida: como escolher os Fiagros mais seguros e, ao mesmo tempo, garantir uma boa rentabilidade para seus investimentos?

A resposta, segundo especialistas de mercado, é a combinação de uma série de fatores, como o desempenho histórico do fundo, a qualificação dos gestores e uma análise detalhada dos portfólios, a fim de entender a exposição a riscos dos Fiagros.

Essa análise é essencial para entender a exposição do fundo a diferentes segmentos do agronegócio. Investidores devem considerar a diversificação dos ativos, a qualidade dos empreendimentos agrícolas e a relevância dos projetos para o mercado.

Segundo Lenon Barbosa, analista da Suno Asset, outros pontos importantes são “olhar para a liquidez do Fiagro, a volatilidade da cota, relatos de inadimplência, a concentração dos investimentos e a recorrência da distribuição de dividendos”, e não apenas um pagamento que pode se mostrar ocasional.

“Geralmente, o próprio relatório gerencial vai descrever qual a qualidade dos ativos alvo da estratégia de gestão dos Fiagros. É interessante entender como é a composição dessa carteira, se tem mais ativos de baixo ou alto risco, se eles têm garantias robustas em caso de calote e se a exposição a emissores e ramos de atividade é diversificada”, alerta Antônio Sanches, analista da Rico.

Caso o investidor prefira ativos de maior rendimento em troca de maior risco de crédito, ele deverá pesar com cuidado essa alocação em sua carteira de investimentos. Neste contexto, o investidor pode procurar saber qual é o Índice de Sharpe daquele fundo. O Sharpe é um indicador que avalia a relação entre o retorno de um investimento e o seu risco, considerando a volatilidade.

“Na fórmula, ele basicamente inclui o quanto um ativo paga de retorno acima da renda fixa dividido pelo seu risco, que inclui a volatilidade da cota. Então, o Sharpe mostra exatamente a melhor remuneração que você pode ter, correndo o menor risco”, explica Amanda Coura, Managing Director da Suno Asset.

Após utilizar os pontos anteriores como filtros para sua seleção, o investidor pode analisar o preço do ativo e seus indicadores de valor para considerar se aquele é um bom investimento com potencial de retorno satisfatório. Quando o P/VP está abaixo 1, significa que o valor de mercado, ou seja, a cotação atual, vale menos do que o patrimônio líquido. Isso pode ser uma boa oportunidade para o investidor em termos de ganho de capital.

Fiagros: critérios que o investidor precisa verificar

Além das questões específicas relacionadas aos títulos de crédito do agronegócio, um dos principais ativos negociados pelos Fiagros, o investidor deve se atentar a critérios que valem para outros investimentos em renda variável, como fundos imobiliários (FIIs) e ações.

Assim, é importante o investidor analisar com cuidado o cenário macroeconômico e como ele impacta os investimentos presentes na carteira de um ativo de seu interesse. Entender se o cenário macroeconômico é favorável para o setor é uma boa forma de reduzir os riscos do investimento.

Entre outros critérios podem ser destacados:

Qualidade dos empreendimentos agrícolas

Para os Fiagros que investem em empreendimentos agrícolas, é importante avaliar a qualidade, a concentração do investimento e a viabilidade desses projetos. Isso inclui analisar a localização, o tipo de cultivo, as práticas agrícolas adotadas, a infraestrutura disponível e outros fatores que possam influenciar a produtividade e a lucratividade dos empreendimentos.

Indexadores utilizados

Os indexadores que influenciam a rentabilidade do fundo também devem ser cuidadosamente analisados. Alguns Fiagros podem estar majoritariamente vinculados a índices de preços agrícolas, como o IPCA ou o IGP-M, enquanto outros podem utilizar taxas de juros de referência, como a taxa Selic ou o CDI. Compreender como esses indexadores podem afetar a rentabilidade do fundo no médio e longo prazo é essencial para avaliar seu potencial de retorno.

Mecanismos de obtenção de rentabilidade

Analisar como o fundo obtém sua rentabilidade é crucial. Alguns Fiagros podem buscar retorno através da variação do preço dos papeis que compõem sua carteira, ou seja, investir em títulos com valor de mercado abaixo do valor patrimonial, em busca de ganho de capital, enquanto outros podem gerar lucros a partir dos resultados dos empreendimentos agrícolas nos quais investem. Também é importante considerar se o fundo utiliza taxas de juros prefixadas ou pós-fixadas em seus investimentos, já que isso pode influenciar sua performance e os retornos oferecidos aos investidores conforme a trajetória das taxas de juros.

Volatilidade das distribuições de resultados

Distribuições irregulares de resultados, ou seja, a variação dos valores pagos como dividendos dos Fiagros ao longo do tempo, podem influenciar a previsibilidade dos retornos para os investidores, especialmente para aqueles interessados em uma carteira focada especialmente em renda passiva. Avaliar a estabilidade e a consistência das distribuições de resultados pode oferecer insights sobre a qualidade e a gestão do fundo.

Transparência e governança

Investidores devem verificar a transparência das informações fornecidas pelo fundo e sua governança corporativa. Fundos que fornecem informações claras e transparentes aos cotistas podem inspirar maior confiança.

Entre as dezenas de Fiagros listados na B3, é possível encontrar várias opções que se encaixam em todos os requisitos. No entanto, é importante que o investidor possa monitorar regularmente as condições do ativo, em busca de eventuais flutuações.

“Os investidores devem estar atentos às mudanças nas condições econômicas, regulatórias e de mercado que possam afetar seus investimentos. Isso não quer dizer que o investidor deverá vender os ativos quando o preço cai, mas ficar atento às mudanças de cenário que possam afetar os resultados dos ativos”, afirma Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.

Fiagros sem calote: as estratégias do SNAG11

A gestão do SNAG11, Fiagro gerido pela Suno Asset, adota medidas cautelosas para manter sua inadimplência zerada ao longo dos quase três anos de atuação do fundo. Antes de adquirir um Certificado de Recebível Agrícola (CRA), a equipe analisa diversos cenários, como possíveis reduções na produção devido a eventos climáticos, projeções de faturamento do produtor e do preço do produto, bem como riscos sanitários que possam afetar a produção.

O relatório gerencial de março do SNAG11 revelou um patrimônio líquido de R$ 503,99 milhões, com um lucro de aproximadamente R$ 7,1 milhões no mês e sem registros de inadimplência. A maior parte do patrimônio está alocada em uma operação pulverizada na Boa Safra (SOJA3), onde as CRAs têm como lastro cédulas emitidas por produtores rurais, clientes da empresa.

Para garantir a segurança dessas operações, o SNAG11 monitora de perto o score de crédito dos produtores, por meio do Serasa Experian, e o desenvolvimento da safra de cada produtor, com a ferramenta A de Agro.

“A gente dá transparência a nossos investidores com os relatórios mensais. É assim que as gestoras devem agir com os investidores, para mostrar a solidez de seus parceiro”, explica Gustavo Branco, analista de crédito estruturado da Suno.

“As gestoras que tiverem profissionais que entendam do agronegócio e de seus riscos vão performar melhor, e o investidor tem que saber encontrar essas gestoras para obter melhores resultados em suas alocações”, conclui Lenon Barbosa.

Esta reportagem encerra a Semana Especial de Fiagros aqui no FIIs.com.br. Nesta sexta-feira (26), às 17h30, Gustavo Branco e Lenon Barbosa, analistas da Suno, participam de live especial para tirar todas as dúvidas dos investidores sobre o mercado.

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foto: Vinícius Alves
Vinícius Alves
Jornalista

Jornalista formado na Faculdade Cásper Líbero. Com passagens pela Agência Estado e Editora Globo.

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