FIIs são boa oportunidade de diversificação, diz Tiago Reis, fundador da Suno
FIIs ainda precisam aperfeiçoar governança, mas servem para atender lógica de quem escolhe ativos com cuidado.
Os fundos imobiliários (FIIs) são um importante fator de diversificação para o investidor, desde que estejam dentro do seu perfil e de acordo com sua busca, na opinião de Tiago Reis, fundador do grupo Suno, e de Victor Montezuma, CFO da Suno.
A conversa entre os dois encerrou o FIIs Experience, promovido pela Suno na Arena B3, em São Paulo, com a mediação do analista-chefe de fundos imobiliários da Suno Research. Os convidados comentaram sobre seus diferentes perfis, que os levam a opções distintas de alocação.
Tiago destacou que sua filosofia de investimentos se baseia no modelo de Yale, universidade norte-americana que recebe doações sem compromisso em oferecer retorno ao doador, mas têm obrigações quanto ao uso do recurso, como pagar os professores, manter as instalações e oferecer um número determinado de bolsas de estudo.
Assim como outras instituições, Yale aplica seus recursos em opções de renda variável, com diversificação de produtos e também geográfica. “Esses fundos só crescem, até 15% ao ano,mas isso exige um investimento a dedo”, detalhou o sócio da Suno.
Segundo ele, os fundos imobiliários podem contribuir para essa lógica dentro de uma carteira. “Os FIIs têm uma volatilidade menor que a do Ibovespa, retorno histórico acima das ações e ainda fazem um bom pagamento de dividendos porque são obrigados a fazer uma boa alocação”, disse Tiago Reis.
Ele acha que a obrigação de retornar 95% do lucro leva os gestores de FIIs a ter mais cuidado na aplicação dos recursos. “Quem retém mais dividendos na verdade está retendo o capital do investidor”, detalhou, citando ainda que o mercado hoje tem FIIs e Fiagros muito bons, “alguns deles negociados com desconto”.
FIIs atendem a perfil específico, diz Montezuma
Victor Montezuma, que passou pela equipe de analistas da Suno antes de assumir o comando das finanças da empresa, contou que não investe em FIIs porque, ao refletir sobre o tema, como “apaixonado em investimentos”, percebeu que seu perfil é mais voltado a outro tipo de aplicação.
“Estou num momento em que a rentabilidade é mais importante do que uma eventual renda passiva, e essa rentabilidade que eu busco é algo que os FIIs não vão me entregar”, explicou o especialista, citando um objetivo de rentabilidade na faixa de 26% ao ano.
Segundo ele, os fundos imobiliários têm o chamado desvio padrão muito menor do que o mercado de ações. Isso significa que os melhores e piores resultados estão menos distantes entre si e da média da rentabilidade do setor como um todo..
Ele destacou, contudo, que é justamente pelo perfil de cada investidor que o mercado de FIIs deve ser levado em conta, usando um exemplo pessoal. “Minha mãe me pediu uma carteira com outro objetivo, de renda passiva, de previsibilidade, então indiquei o Baroni para que montasse essa carteira junto com ela para atender a esse perfil”, explicou o CFO da Suno.
Questionado por Baroni sobre como o investidor deve reagir diante de tantas ofertas de investimentos, Montezuma recomendou cuidado e, novamente, respeito ao perfil. “O mercado sempre vai oferecer coisas novas, algo que está na moda, a ação da semana, o fundo imobiliário do mês, e a pessoa acaba investindo em coisas que ela não conhece. Não saber o limite da sua competência pode complicar, e o importante é o investidor estar tranquilo.”
Tiago Reis recomenda atenção à governança
Baroni questionou o fundador da Suno sobre padrões de governança dos FIIs, e Tiago Reis explicou que o mercado vem numa tendência positiva, ainda que precise de evolução. “O mercado de capitais como um todo ainda precisa melhorar nesse sentido, na formação dos analistas, na qualidade, mas quem não se adequar vai acabar se complicando”, afirmou.
Victor Montezuma completou que o crescimento do mercado, próximo de atingir 2,7 milhões de investidores, faz com que os stakeholders tenham que se adaptar. “Quem não melhorar vai perder espaço, e o avanço do mercado vai fazer com que as gestoras se mexam nesse sentido.”
Tiago Reis completou que, na comparação com as empresas listadas na bolsa, os FIIs apresentam algumas vantagens aos investidores. “A empresa quer fazer crescer o seu lucro por ação, enquanto o gestor precisa do crescimento do fundo imobiliário para crescer, apresentar o melhor resultado, que geralmente está ligado à melhor governança”, concluiu o fundador da Suno no evento de encerramento do FIIs Experience.