Fundos imobiliários: por que o IFIX chegou na máxima mesmo com a Selic em alta?

IFIX, principal índice de fundos imobiliários, superou seu recorde histórico duas vezes consecutivas nos últimos dois pregões.

Fundos imobiliários: por que o IFIX chegou na máxima mesmo com a Selic em alta?
Entenda bom desempenho do IFIX - Foto: Freepik

O IFIX bateu seu recorde histórico duas vezes consecutivas nos últimos dois pregões e ultrapassou a marca simbólica de 3.500 pontos. Mas o que está levando o principal índice do mercado de fundos imobiliários a esse momento positivo, mesmo diante de um cenário macroeconômico desfavorável, com a Selic no nível mais alto desde 2006?

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Rafael Perez, economista da Suno Research, explica que uma conjunção de fatores locais e globais explica os resultados positivos do índice de FIIs nos últimos dias. Aqui no Brasil, o dado mais relevante dos últimos dias foi a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), com alta de 0,4% no segundo trimestre em relação ao primeiro, cujo avanço tinha sido de 1,3%. 

“Já era esperado que a economia perdesse força devido à política monetária extremamente restritiva, com a Selic muito elevada”, explica o economista . Segundo ele, a alta ocorrida se refere principalmente ao setor de serviços, que vem mantendo força com a melhora das condições qualitativas do mercado de trabalho, com salários mais altos. Por outro lado, as indústrias de construção civil e de transformação, que dependem mais de crédito, foram impactadas negativamente.

Com esses dados, diz Perez, as curvas de juros futuros começaram a cair nos EUA e também no Brasil, sinalizando uma percepção do mercado de que a Selic já está a caminho de um ciclo de queda. Apenas a partir do ano que vem, no entanto, já que o cenário fiscal ainda desperta preocupações e a inflação segue acima da meta, de 3% ao ano, e do teto da meta, de 4,5%.

“Não há nenhuma chance de queda da Selic na próxima reunião, mas o recuo dos juros futuros já impactou positivamente o IFIX, porque o mercado projeta com antecedência seus movimentos e começa a buscar alternativas mais rentáveis”, apontou o analista.

Fundos imobiliários: mercado de trabalho dos EUA também causa impacto

Lá fora, o principal motivo é a desaceleração do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O payroll, principal estatística de empregos na terra de Donald Trump, apontou a criação de apenas 22 mil vagas em agosto, além de revisar para baixo os números de junho e julho. 

Os números reforçaram no mercado as percepções de que os juros nos EUA, hoje no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano, começarão a cair na próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o Banco Central norte-americano), na semana que vem. A tendência é que a redução seja leve, de 0,25 ponto percentual, já que as pressões inflacionárias voltaram a crescer com a aplicação do “tarifaço” de Trump, em vigor desde o começo de agosto.

“Os números estão acima da meta de 2% ao ano e ainda não se tem uma certeza a respeito do reflexo das tarifas sobre os preços. Se não fosse por isso, talvez fosse possível uma redução ainda maior”, aponta Perez.

Para esta semana, outros números que podem mexer com o mercado de fundos imobiliários são os dados de inflação. Aqui no Brasil, o IPCA de agosto será divulgado nesta quarta-feira (10) pelo IBGE, e as projeções apontam para um resultado de deflação (inflação negativa), como sinalizado pela prévia do IPCA-15.

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foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado em Jornalismo pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com 25 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

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