Fiagros, LCAs ou CRAs: qual o melhor investimento no mercado agro?

Os Fiagros que aplicam em CRI, CRA e LCA se tornam uma opção prática, pois o investidor delega a gestão dos ativos a profissionais especializados. Entenda mais.

Fiagros, LCAs ou CRAs: qual o melhor investimento no mercado agro?
SNAG11 atinge topo histórico de performance.Foto:Pexels.

O mercado de Fiagros (Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) cresceu fortemente em 2023: atingiu R$ 21,3 bilhões em patrimônio líquido ao final do ano, de acordo com relatório divulgado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que representa um aumento de 262% em relação ao valor em dezembro de 2022.

Esse patrimônio está alocado em uma carteira diversificada de ativos, formada principalmente por dois títulos de renda fixa, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). São títulos que representam uma promessa de pagamento futuro em dinheiro e se mostram uma boa opção para investidores que buscam investimentos de longo prazo, ainda que com características distintas:

Investir diretamente em CRAs ou LCAs pode ser interessante devido à isenção fiscal que esses papéis oferecem. Os rendimentos obtidos com esses títulos são isentos de Imposto de Renda para pessoa física. No entanto, a gestão de vários recebíveis, especialmente para investidores individuais, pode ser complexa e exigir um acompanhamento detalhado de cada ativo. 

Nesse contexto, os Fiagros aparecem como uma opção mais prática, pois o investidor delega aos fundos escolhidos, com seus profissionais especializados, a gestão dos ativos, a partir de um processo de seleção, acompanhamento e diversificação dos títulos.

Fiagros: quais são as vantagens de aplicar indiretamente em CRAs ou LCAs?

Luiz Tavico, head de investimentos da Guide, aponta que a alternativa do Fiagro, que investe em vários CRAs traz uma facilidade, pois existe uma equipe de gestão que vai ficar acompanhando e selecionando os certificados que serão investidos. 

Um time de gestão que entenda do setor agro é fundamental para garantir uma busca constante por ativos de qualidade e uma gestão eficiente da carteira, informa Amanda Coura, analista da Suno Asset, cujo portfólio traz o Fiagro SNAG11. Isso inclui análises robustas de crédito e informações completas e profundas sobre as teses de investimento.

“Fora isso, o time de gestão desenha as operações aqui do zero, avaliando todos os riscos que estão sendo colocados dentro da carteira do fundo, de olho na estabilidade de rendimentos”, explica Amanda.

Portanto, uma das vantagens de investir em Fiagros, em comparação com LCAs e CRAs, é a possibilidade dos pequenos investidores se exporem ao agronegócio de forma diversificada e com custos menores.

A diversificação é uma estratégia eficaz para mitigar riscos. Além disso, os fundos listados em bolsa oferecem uma alternativa interessante para quem não deseja manter o dinheiro investido por um longo período. Em casos de liquidez no mercado, é possível vender suas cotas e receber o valor em apenas dois dias. Essa flexibilidade torna os fundos uma opção atraente para investidores que valorizam a liquidez e a diversificação em seus investimentos.

Além disso, o próprio fundo pode ser o devedor e estruturar o ativo dentro da gestora, podendo levar a prêmios interessantes ao investidor. Porém, os analistas dizem que o investidor precisa avaliar se a gestora tem um corpo robusto de especialistas e uma diversificação condizente na carteira, com o percentual baixo em cada ativo.  

Investidor precisa analisar risco/retorno da carteira, diz analista

De acordo com Amanda Coura, os Fiagros são expostos ao risco de crédito. Para investir nesses fundos, é essencial que o investidor compreenda o perfil de risco das operações, considerando critérios como diversificação, garantias oferecidas e perfil dos devedores.

O retorno esperado do fundo deve estar alinhado com o perfil de risco da carteira, podendo ser classificado como high yield (alto rendimento / alto risco) ou high grade (menos arriscado). Um retorno consistente tende a trazer menor volatilidade para a posição.

Como exemplo, ela afirma que a Suno Asset busca trazer todo detalhamento da carteira, citando as operações e estratégias de diversificação envolvidas. A Suno começou a incluir nos relatórios do SNAG11 o perfil de risco da carteira, com análises elaboradas pela Serasa Experian sobre os lastros desses títulos. A gestora defende que essa prática deveria ser adotada por outros fundos para aumentar a transparência na indústria.

A estratégia da gestora com o SNAG11 foi buscar parceiros sólidos, robustos e que tenham excelente governança, exatamente para poder navegar nesse cenário, explica Gustavo Branco, também analista da Suno Asset.

Essa é mais uma vantagem de aplicar por meio de Fiagros, ao invés de assumir todo o risco em um CRA. Recentemente, o mercado de Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) entrou em alerta devido a casos de inadimplência envolvendo alguns Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs). Embora seja uma pequena parcela do mercado, exige atenção do investidor. Neste cenário, o SNAG11 optou por não ter créditos de alto risco, devido à estratégia do fundo de ser menos arriscado em comparação com outros Fiagros.

Atualmente, o SNAG11 aparece com a melhor relação entre risco e retorno dos 10 maiores Fiagros da história em patrimônio, considerando as métricas do Índice de Sharpe calculadas pela Economática. Desde quando foi listado em agosto de 2022, o Fiagro SNAG11 nunca teve um momento de inadimplência.

Leia mais: SNAG11 registra lucro de mais de R$ 5 milhões e dividend yield de 13,24%

Mercado de Fiagros cresce em 2023

Em dezembro de 2023, os Fiagros tinham R$ 20,5 bilhões investidos, com a maior parte (55%) em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA), totalizando cerca de R$ 11,3 bilhões. Os outros ativos mais investidos dos Fiagros são Bens Imóveis (16%) e Direitos Creditórios (15%).

O mercado, no entanto, ainda apresenta um enorme potencial de crescimento. Dados divulgados pela B3 referentes a dezembro de 2023 sobre os investidores pessoa física mostram que Fiagros, CRAs e LCAs, juntos, contam com 2,36 milhões de investidores cadastrados, salto de 45% em relação ao fim de 2022,

O valor sob custódia desses usuários cresceu 38%, para R$ 568,1 milhões, ante R$ 411 milhões no ano anterior. Desse total, no entanto 63% dos investidores alocam seu dinheiro apenas em LCAs, enquanto os que optam só por Fiagros são 15%. Apenas pouco mais de 2%, ou cerca de 50 mil investidores, diversificam seus investimentos entre as três modalidades.

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foto: Vinícius Alves
Vinícius Alves
Jornalista

Jornalista formado na Faculdade Cásper Líbero. Com passagens pela Agência Estado e Editora Globo.

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