Os proventos são o alvo de grande parte dos investidores. Recorrentes, caindo direto na conta e permitindo desde o reinvestimento até pagar as contas, os proventos atraem ainda hoje milhares para a bolsa. Mas você sabe como eles funcionam?
Para não ser enganado por métricas como Dividend Yield alto e saber como escolher um gerador de renda passiva, a equipe do FIIs.com criou o guia abaixo para você saber como investir em ativos distribuidores de proventos.
O que são proventos?
Toda iniciativa privada tem como objetivo dar lucro. E há algumas coisas que podem ser feitas com esse lucro: a distribuição dele entre os acionistas na forma de proventos é uma delas. Os proventos, portanto, são lucros distribuídos entre os acionistas.
Esses proventos assumem diferentes nomes dependendo de qual for a pessoa jurídica que o distribua. Ações, BDRs e, em outras bolsas, ETFs, costumam distribuir os dividendos, categoria especial de proventos que vêm dos lucros de empresas.
Já os Fundos Imobiliários e os REIT’s americanos, por exemplo, distribuem proventos de outra natureza, originados dos alugueis ou juros que recebem. Cada uma dessas formas de distribuição de proventos possui uma tributação específica e pode se tornar uma forma de renda passiva própria.
Quais os tipos de proventos?
Os proventos são uma categoria guarda-chuva, na qual estão diferentes formas de distribuições de lucros. Cada uma dessas formas chamam-se “tipos de proventos” – e cada tipo de provento tem suas particularidades.
Dividendos
Os dividendos são proventos distribuídos pelas empresas após a apuração dos lucros. Eles não são tributados, e podem ser realizados pelas empresas de acordo com quaisquer periodicidades (mensal, trimestral, anual, etc.).
Você provavelmente já ouviu falar dos dividendos. As listas com melhores pagadoras de dividendos costuma ter empresas já consolidadas, que não precisam reinvestir os lucros para crescer. É algo mais comum em empresas grandes, de setores estáveis da economia.
Juros sobre capital próprio
Os juros sobre capital próprio (JCP) são uma particularidade do mercado de capitais brasileiro – não há equivalência em outros países. Realizados também por empresas privadas, ele se difere dos dividendos pela tributação e quantia distribuída.
O JCP é distribuído antes de se apurar o lucro contábil das operações. Isso ocorria pois essa distribuição foi proposta durante os anos da redemocratização, quando muitas moedas mudavam ao longo do tempo.
Quando as empresas apuravam os lucros, eles eram bem menores pela desvalorização monetária, fazendo com que os investidores perdessem poder de compra. Por isso eles recebem certa isenção – na verdade, eles distribuem antes de pagar os impostos sobre os lucros.
Rendimentos
Rendimentos são aqueles proventos que nascem de aluguéis ou pagamentos de juros. São os valores dados por ativos de renda fixa, como Letras de Crédito e Certificados de Recebíveis, assim como os aluguéis de imóveis.
Esse é o perfil dos proventos distribuídos pelos Fundos Imobiliários. Devido a sua natureza, eles são tributados direto na fonte, chegando líquidos de tributos aos investidores.
Os Fundos Imobiliários também são forçados a distribuir 95% dos proventos apurados a cada seis meses, o que dá ao investidor certa segurança e previsibilidade.
Bonificação
Outra forma de distribuição de proventos de qualquer ativo listado em bolsa é a bonificação. A bonificação acontece toda vez que há multiplicação da quantidade de ativos negociados. Para garantir que todos os investidores tenham o mesmo percentual e poder de compra, esses ativos são diluídos.
Na prática, imagine que você tem 10 cotas do SNCI11, a R$ 100,00 cada. Caso o SNCI11 deseje se tornar mais líquido, ele pode se desdobrar em 10. Fazendo isso, você passa a ter 100 cotas a R$ 10,00 cada.
As bonificações são sempre de acordo com fatores fixos e estáveis para o investidor, representados por dois números separados pelo símbolo “:”. Uma bonificação 1:10 significa que cada uma ação possuída viram 10.
Direito de subscrição
Quando um fundo ou empresa querem aumentar o seu capital, eles podem fazer novas emissões de cotas. Ao fazê-las, eles precisam dar aos seus investidores iniciais um direito de subscrição.
O direito de subscrição é um tipo de provento que pode, inclusive, ser negociado em bolsa. Ele é um direito de comprar um determinado ativo por um valor fixo. Recentemente, o fundo SNAG11 realizou um aumento de capital de R$ 161 milhões.
Nessa emissão, cada investidor que tinha cotas do SNAG11 recebeu um direito de comprar novas cotas a R$ 10,08. Como esse valor pode ser negociado? Se as cotas de SNAG11 estiverem valendo R$ 11,00, o investidor pode vender esse direito por R$ 0,92 (11 – 10,08).
Quem compra, acredita que ela irá valorizar mais ainda, aumentando o “desconto” que ele comprou. Quem vende pode ou não ter o dinheiro para participar da subscrição ou não ter interesse em comprá-lo no futuro.
Recompra de ações
Por fim, uma forma de provento que muitos desconsideram é a recompra de ações. A recompra de ações é um processo que leva à valorização das cotas, fazendo com que o investidor tenha um aumento na conta da corretora.
É uma conta de divisão. Antes, você era dono de 1% da empresa. Agora, passa a ser dono de 2%, porque existem menos ações no mercado – mas o valor da companhia é o mesmo.
Quando as empresas pagam proventos?
A periodicidade de distribuição de proventos não é algo fixo. Cada empresa tem seu calendário e esquema de distribuições. Empresas como Itaúsa e Bradesco, por exemplo, realizam distribuições de proventos como o JCP quase mensalmente.
Elétricas e empresas de saneamento tendem a distribuir trimestralmente, e uma parcela maior de empresas chega a distribuições anuais e semestrais.
No mercado de capitais brasileiros, só um ativo de renda variável tem frequência constante: os fundos imobiliários.
Por lei, esses ativos devem distribuir a cada seis meses 95% do lucro apurado. Entretanto, o mais comum é que realizem distribuições mensais – o mercado evoluiu de tal maneira que é notícia quando um fundo não distribui mensalmente.
O mais importante é ter em mente que, para ser feita uma distribuição de proventos duas coisas devem acontecer. A primeira é a empresa apurar lucro. A segunda é a empresa não querer reinvestir o capital. Por isso é mais provável uma blue chip distribuir proventos do que uma Small Cap.
Como saber se uma empresa paga proventos
Existem duas formas principais de saber se uma empresa paga proventos: visitando seus sites oficiais de Relação com Investidor – coisa que toda empresa listada em bolsa precisa ter – ou acessando sites especializados.
Os sites de RI são facilmente encontrados com buscas pelo nome da empresa acrescido do termo “RI”. Já os sites especializados são alguns como Status Invest e Suno Analítica, com informações sobre empresas, e o FIIs.com e o FundsExplorer, com informações sobre a distribuição de proventos de FIIs.
Como declarar proventos de FIIs?
Muitas pessoas que começam a investir em fundos imobiliários ficam preocupadas a respeito do Imposto de Renda, pois não sabem como declarar proventos de FII da forma correta.
No entanto, o procedimento é extremamente simples: primeiramente, é preciso fazer o imposto de renda em FIIs.
Assim, na parte “bens e direitos”, o investidor deve selecionar o grupo 7, código 3: “Fundos” e “Fundos de Investimento Imobiliário (FII)”, detalhando a quantidade de cotas no “campo discriminação”.
Em seguida, é a hora de declarar os proventos. Basta ir à seção “Rendimentos Isentos e não tributáveis” e selecionar o item “26. Outros”. Depois, é só digitar o CNPJ do FII em questão e o valor recebido.
Como analisar os proventos?
Há algumas métricas que todo investidor deve manter à vista quando estiver visando receber proventos. Aqui separamos as três principais, pensadas inclusive para Fundos Imobiliários:
- Dividend Yield
- Yield Patrimonial
- Yield on Cost
Dividend Yield
O dividend yield é a métrica mais famosa, e também onde muitos investidores perdem dinheiro. Ela calcula quanto é distribuído pelo valor atual do ativo. Assim, se uma cota que é negociada a R$ 100,00 distribui R$ 1,00, ele tem um DY de 1% a.m.
O cálculo do DY é sempre igual a valor distribuído / valor do ativo. Porém, se um ativo desvaloriza rapidamente, ele pode aparentar um DY mais alto, quando o motivo da desvalorização pode ser uma queda nos resultados – e, consequentemente, dos lucros.
Yield patrimonial
Esta métrica pouco conhecida é calculada dividindo o valor distribuído pelo P/VP do ativo. No final, essa métrica diz ao investidor quão bem uma empresa é capaz de tornar seus ativos – fábricas, imóveis, patentes – em lucros para os acionistas.
Um Yield Patrimonial alto indica boa gestão, enquanto um yield patrimonial baixo, uma gestão defeituosa ou uma empresa de crescimento. Lembre-se sempre que uma empresa pode optar por não distribuir para crescer – e, nesse caso, o valor das ações tende a crescer.
Yield on cost
O Yield on cost é uma métrica boa para o investidor buy and hold – aquele que acredita em comprar e reter o ativo comprado. Seja por acreditar nos ativos, seja por confiar na gestão. O Yield on cost avalia o quanto está sendo pago com base no que foi gasto para comprar o ativo.
Assim, imagine que você pagou R$ 370,00 por 4 cotas do SNFF11, e essas mesmas 4 cotas pagam R$ 4,00 reais por mês. O DY é de 1,08%. Se o valor dessas cotas subir para R$ 400,00 e eles continuarem distribuindo R$ 4,00, porém, o Yield on cost será o mesmo.
Se, entretanto, as cotas caírem para R$ 350, e você comprar novas cotas, o novo preço médio será usado para calcular o Yield on cost. Assim, diminuir o preço médio aumenta o Yield on cost, mesmo que signifique um DY igual ou mais baixo.
É possível viver de proventos?
Sim: viver do recebimento de proventos não só é possível como é uma forma de alcançar a independência financeira. Para viver de proventos a pessoa precisa criar uma carteira de ativos que lhe conceda rendimentos suficientes para cobrir seus custos de vida.
Assim, primeiro é necessário determinar o seu custo de vida. Depois, os ativos que irão compor sua carteira de proventos, podendo ser ativos de renda fixa, ações, BDRs e FIIs. O cálculo do Dividend Yield deve ser feito para saber quanto você precisa investir para receber o equivalente ao seu custo de vida mensal.
Então, é necessário fazer aportes de modo a receber um pouco mais do que seu custo de vida mensal. Esse “a mais” deve ser reinvestido, para garantir o seu poder de compra diante da inflação. Só assim você pode viver indeterminadamente de proventos.
Você ainda tem dúvidas sobre a distribuição de proventos? Comente abaixo para que possamos te ajudar: