Fundos de papel têm cenário positivo para 2024, avalia Baroni
Fundos de papel devem retomar protagonismo à medida de juros futuros começarem a cair e reduzirem atratividade da renda fixa.
Os fundos de papel são uma categoria que terminou 2023 em segundo plano no mercado de fundos imobiliários, com um aquecimento do mercado de fundos de tijolo por causa da redução da inflação e do reaquecimento da atividade econômica, com crescimento do PIB maior que o esperado e uma série de emissões, especialmente entre fundos de logística e de shopping centers.
O cenário ao longo de 2024, no entanto, é promissor, na visão de Marcos Baroni, head de Fundos Imobiliários da Suno. Durante live em seu canal, ele afirmou que o mercado já viu uma recuperação dos FIIs de papel a partir da segunda quinzena de novembro.
“Termos uma consolidação em vista que já foi percebida nos últimos 30, 45 dias do fim de 2023. Para essa melhora se confirmar, é preciso de uma conjunção de fatores, como a Selic caindo para a casa de um dígito, os juros futuros também caindo para um dígito. À medida que essas premissas começarem a ocorrer, os fundos de papel devem voltar a obter o protagonismo”, avaliou.
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Fundos de papel: impacto com a queda da Selic
Baroni lembra que os fundos de papel viveram um momento de auge entre 2020 e 2021, quando, depois do impacto inicial da pandemia de covid-19, o setor puxou a recuperação do mercado num momento em que a Selic despencou para manter a atividade econômica.
Com a taxa básica de juros em queda, os investimentos em renda fixa perdem a atratividade e os FIIs se mostram uma ótima opção de renda variável, com relativa segurança e possibilidade de investimentos em baixos valores.
A reversão do processo se deu a partir do segundo semestre de 2021, com o aperto monetário e a alta da Selic, adotados pelo Banco Central para segurar a inflação. Mas, a partir do segundo semestre de 2023, com a redução do IPCA, que chegou a registrar deflação (inflação negativa), muitos fundos perderam atratividade e caíram de valor no mercado.
Motivos para acreditar na recuperação
Essa queda se deu por uma série de motivos em casos distintos. Alguns FIIs despencaram por alta na inadimplência, puxada pelos juros excessivamente altos, o que reduziu e em alguns casos até suspendeu a distribuição de dividendos.
Outros fundos viram a queda de suas cotações na B3 porque passaram a distribuir dividendos menores – especialmente aqueles com grande parte do patrimônio investido em CRIs atrelados ao IPCA, que ofereceram rendimentos menores.
“Muitos fundos de papel foram sustentados pelos dividendos distribuídos, mas ainda assim tiveram alguma queda na cotação. É possível que, em termos de ganho de capital, muitos investidores estejam com seu custo médio acima do valor de mercado atual. Ao mesmo tempo, a gente vê que alguns desses FIIs que estavam defasados já começam a se aproximar do valor patrimonial”, afirma Baroni.