Transparência amplia confiança em FIIs de papel, dizem gestores na FIIs Experience
Segmento que representa 40% do IFIX tem o desafio de ganhar confiança, dizem analistas na FIIs Experience.
Os fundos imobiliários (FIIS) de papel vivem um cenário decisivo na busca por consolidar um cenário de maior confiança ao investidor. Embora domine cerca de 40% do principal índice do mercado de FIIs, IFIX, o segmento ainda apresenta um grau de volatilidade que atrapalha os ativos de serem vistos como um porto seguro pelos investidores. Esse tema foi discutido amplamente dentro do FIIs Experience, evento realizado pela Suno nesta terça-feira (21,) na Arena B3, em São Paulo..
Os chamados fundos de recebíveis tiveram na instabilidade da economia um dos fatores que atuam negativamente em sua evolução. Mesmo assim, o número de investidores tem crescido. E o fenômeno foi abordado por Yannick Bergamo, Portfolio Manager da Iridium, e pelo sócio e gestor da Kinea Flavio Cagno.
O debate foi mediado por Rodrigo Possenti, head de Fundos Imobiliários do banco Fator, que destacou as mudanças na política econômica brasileira nos últimos anos. “Temos muitas histórias boas e algumas ruins. O mercado maturando vê essas coisas acontecendo e vamos aprendendo com eles”.
Cagno destacou o grande número de cotistas que agregaram ao mercado de fundos de papel e afirmou que para mantê-los é preciso investir especialmente em transparência. “A quebra de confiança acaba tornando o negócio menos atrativo. A pessoa física deve estar preparada (para problemas), mas falta comunicação eficiente (por parte dos gestores). Tentamos atacar neste sentido, trazendo transparência”, explica. “A dor do investidor é não conhecer o que é mais importante, mais grave”.
Bergamo endossou a análise, mas lembrou que os fundos de papel passam por muitas ocorrências e que é preciso um filtro para informar o que realmente é relevante para o investidor. “Se a gente relatasse tudo o que acontece, os relatórios teriam mais de 100 páginas”.
FIIs Experience: críticas desafiam gestores
Os gestores que atuam com os FIIs de recebíveis imobiliários precisam encarar uma bateria adicional de críticas e questionamentos em relação a outras modalidades. Cagno comenta que sua equipe tem se desdobrado para gerir essas críticas. “Recebemos diversos questionamentos. Fazemos uma autocrítica do que é pertinente e do que é bravata. Esse é nosso modus operandi”.
Ele afirma que essa análise fez com que eles mudassem alguns métodos de trabalho. “Nossos relatórios, por exemplo, eram mais áridos. Mas após alguns pedidos eles melhoraram”.
Bergamo afirma que resolveu mudar um pouco da postura tradicionalmente low profile do time e passaram a se expor mais. “Fazemos live de resultados todo mês. Temos outra live anual, mostrando como está a carteira. É uma maneira de mostrar transparência ao cotista”, explica..
Influenciadores em ação
Um obstáculo que os gestores de fundos de papel têm enfrentado atualmente é lidar com uma espécie de “fogo cruzado” de informações, provocado pela proliferação de influenciadores digitais na área de investimentos. Muitos deles fazem análises de conjuntura e dão orientações para investidores em vários nichos, incluindo os de fundos imobiliários. Alguns, no entanto, acabam gerando ruído e confundindo os investidores.
“A gente passou a ser surpreendido por coisas sem pé nem cabeça de gente que nos parecia mais antenada, preparada”, apontou Yannick Bergamo. “Recebemos críticas infundadas inclusive sobre a idoneidade das pessoas, o que é muito grave”.
Essa enxurrada de informações fez com que Cagno precisasse analisar com um cuidado ainda maior as críticas recebidas. “Filtramos o que nos parece ser, de fato, uma dor coletiva. Ainda não é um processo perfeito, a indústria é jovem, a gente imagina que esse negócio vai crescer muito”, afirmou o gestor, durante participação no FIIs Experience.