Câmara aprova taxação de FII e Fiagro com menos de 100 cotistas; Qual o impacto?

Gestores temem insegurança jurídica e menos espaço para construção de produtos no setor do agronegócio

Câmara aprova taxação de FII e Fiagro com menos de 100 cotistas; Qual o impacto?

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (25) o Projeto de Lei que prevê a taxação das offshores e dos fundos exclusivos. Entre os tópicos votados, os fundos imobiliários e fundos do tipo Fiagro com menos de 100 cotistas terão seus rendimentos tributados. Atualmente, o mínimo exigido é de 50 cotistas.

O governo queria que a taxação chegasse aos fundos com até 500 investidores. O relator do projeto, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), chegou a baixar esse número para 300.

Pressionado pela bancada do agronegócio na Câmara, o deputado cogitou permanecer com a “regra antiga” de tributação dos rendimentos dos fiagros. O argumento dos ruralistas é que a nova regra inviabiliza o produto, com apenas 2 anos no mercado.

Já o Ministério da Fazenda argumenta que um número baixo de cotistas permite que famílias formem um fundo apenas para escapar do pagamento de impostos.

O que dizem os gestores

O gestor do Fiagro AAZQ11, Idalício Silva, comentou que a mudança na regra, que seria para 500, poderia limitar a construção de produtos dedicados ao setor do agronegócio”.

Porém, Silva acredita que o ajuste feito pelo Congresso no número de cotistas consegue, ao mesmo tempo, “acomodar o pleito do governo e permitir que o mercado de Fiagros consiga manter seu ritmo de crescimento”.

Para Arturo Profili, sócio fundador e gestor da Capitânia Investimentos, mantida a taxação de menos de 100 cotistas, o projeto de Lei foi suave e não traumático. “Vejo como positivo, pois incentiva os agentes a transformarem esses FIIs e Fiagros que têm baixa liquidez ou número de cotistas mais restritos em produtos de mercado de capitais.”

Como exemplo, Profili destaca que a medida terá efeito nulo nos Fundos presentes na Capitânia – CPTR11 e CPAC11.” O efeito aqui é zero, pois grande parte dos nossos produtos são veículos de mercado de capitais, com propósito de pegar porte. Se os legisladores determinassem que a mudança abrangeria 10 mil cotistas, nós teríamos um impacto, pois muitos produtos demoram anos para atingir esse número”, explica o gestor.

Já Octaciano Neto, diretor de Agro do Grupo Suno, disse que a mudança na tributação dos fundos poderia afetar a segurança jurídica do setor. “O fiagro tem apenas 2 anos na bolsa de valores. O investidor precisa ter segurança nessa estrutura”, comenta.

Para o especialista, de fato, problema da taxação do Fiagro não é em relação aos fundos em si. O ponto é a mensagem errada do poder público para o investidor, de mudar uma regra muito rápida.

Deputado afirma que o “impacto será nulo” para o Fiagro e FIIs

No fim das contas, a solução final foi a taxação do Fiagro e Fundos Imobiliários com até 100 cotistas. O deputado disse que o impacto para os fundos do agronegócio será nulo. “No Fiagro, de 70 fundos, a gente tem só quatro que ficariam desenquadrados”.

O parlamentar também afirmou que o governo, a Frente Parlamentar Agropecuária e o setor imobiliário acataram a proposta, “sendo um ganho para todos”.

Segundo levantamento da Quantum, são apenas três fiagros que teriam seus rendimentos taxados a partir da lei das offshores:

Em relação aos fundos imobiliários, dos 446 listados, pelo menos 57 FIIs serão “enquadrados”. Esse número representa 12,78% do total. De acordo com levantamento do Status Invest, esses são os FIIs listados que possuem menos de 100 investidores:

Fundo imobiliárioPatrimônio LíquidoNúmero de cotistas
BVAR11665.683.811,3869
VJFD11665.079.245,4897
PATB11657.509.552,4556
PCAS11443.293.856,4050
JASC11291.284.111,8473
FPNG11288.028.367,2068
STRX11264.632.412,1357
VERE11211.624.587,7353
TJKB11201.946.069,6574
FISC11195.644.934,3264
VPSI11172.920.532,8253
RBRI11163.134.964,4187
JCDA11159.797.553,9250
AQLL11142.768.023,8458
JCDB11142.414.826,1557
HUSI11129.447.241,6786
BLMO11126.735.126,0589
PNDL11118.301.209,6757
BTSG11106.744.336,6464
VTPL11106.726.272,4953
TSNC11100.176.153,4166
BRIX1199.832.906,1254
HILG1195.234.604,4150
BTWR1190.600.861,8066
HDEL1175.601.654,0758
CFII1174.897.857,9657
MINT1167.378.860,9186
LKDV1166.658.181,8969
SOLR1160.996.149,2052
CFHI1160.990.466,3254
MMPD1157.974.030,5855
ZIFI1157.155.266,6668
YUFI1150.063.668,9256
PMFO1149.535.538,3092
ARXD1148.564.346,4769
HCST1148.454.164,3677
ROOF1145.237.723,3783
EXES1143.941.490,1753
PNRC1141.685.243,4460
RBTS1140.453.329,8461
SPDE1140.207.286,1178
SIGR1138.976.570,9453
VVRI1137.903.168,9899
TCPF1135.035.660,9951
RCFF1130.609.693,7883
LLAO1128.233.080,3977
MGIM1124.337.124,0875
ASRF1123.981.681,1455
JPPC1122.184.310,3489
VDSV1119.611.218,5577
RBRM1114.823.845,1354
OPTM1111.172.349,9363
IDGR1110.803.361,1251
SFND118.323.763,1554
REIT117.454.470,6470
PNLN111.458.083,2451
VSEC11182.284,3964

Ao todo, foram 323 votos a favor e 119 votos contrários. Agora o projeto vai para o Senado.

Colaborou Vinicius Alves

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foto: Gustavo Silva
Gustavo Silva

Jornalista com doutorado pela UFMG e produtor de conteúdo da unidade de mídias da Suno. Também trabalha no Suno Notícias e Funds Explorer, fazendo a cobertura de FIIs, Fiagro e FI-Infra.

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