Por que o Fiagro tem tudo para se tornar o maior financiador do agronegócio brasileiro?

Os Fiagros têm crescido de forma relevante, mas ainda devem avançar ainda mais com seu importante papel de financiador do agro brasileiro.

Por que o Fiagro tem tudo para se tornar o maior financiador do agronegócio brasileiro?
Por que o Fiagro tem tudo para se tornar o principal financiador do agronegócio brasileiro? Foto: divulgação/FII Experience

Apesar de ser um veículo de investimento relativamente novo no mercado, os Fiagros têm registrado um crescimento relevante, alcançando em pouco tempo a marca de quase 400 mil investidores. Mas tudo indica que esse mercado deve crescer ainda mais, em razão do seu importante papel como financiador do agronegócio brasileiro.

No FII Experience, evento que acontece hoje (21) na sede da B3, em São Paulo, Octaciano Neto, diretor de agronegócio da Suno, disse que o Fiagro podem se tornar a principal fonte de financiamento para um dos setores que corresponde a quase 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

“Para mim o Fiagro se tornará, em poucos anos, a principal fonte do agronegócio brasileiro, tanto pela liquidez, quanto por resolver um gap de mercado, que o sistema bancário e o Plano Safra não dão conta”.

Esse “gap” a que Octaciano se refere é a necessidade do produtor rural de conseguir recursos para realizar operações de longo prazo.

Os bancos utilizam “dinheiro de curto prazo”, gerados por depósitos a vista ou via LCA e emprestam também em um prazo mais curto para esses produtores. “Como o banco é muito alavancado, ele não consegue fazer um prazo muito esticado”, diz o especialista da Suno.

Atendendo essa demanda, os Fiagros podem fazer operações de longo prazo porque o investidor não saca o dinheiro do fundo.

“Quando o investidor realiza a venda de cotas, outra pessoa estará comprando aquele papel, mas o valor não é sacado do patrimônio do fundo, permitindo o gestor realizar uma estratégia por um período maior de tempo”, diz Octaciano.

Por que o mercado de Fiagros cresce tanto no Brasil?

Considerando seu curto tempo de existência, os Fiagros vêm registrando um crescimento considerável nos últimos anos. Mas para entender esse movimento, é importante observar o desenvolvimento de novas formas de financiamento do agronegócio no Brasil de uns anos para cá.

O agronegócio brasileiro tinha pouca relevância até a década de 1970 e até essa época, o Brasil tinha uma maior importação de alimentos. A revolução do setor no país aconteceu a partir desse período, quando foi aos poucos deixando de ser um importador líquido de alimentos e passou a ser exportador.

Atualmente, o Brasil tem uma produção de alimentos para aproximadamente 10% da população mundial. Mas, além dos alimentos, o país também é um grande produtor de energia, celulose, fibra e de muitos outros produtos e commodities, se tornando um dos maiores “players” do mundo no agronegócio.

Segundo o diretor de agronegócio da Suno, antigamente, todo o financiamento do agronegócio brasileiro vinha de subsídio público, ou seja, era obtido a partir de recursos do governo. Posteriormente, esse financiamento passou a vir através do Plano Safra, cuja participação atual é de aproximadamente 40% da demanda total de crédito nesse setor.

Para que o restante dessa demanda fosse atendida, os produtores rurais tiveram que buscar novas alternativas no mercado. Foi nesse contexto que surgiram os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), embora eles não tenham ganhado uma grande tração.

Octaciano diz que esse problema foi resolvido com os Fiagros, principalmente em razão de sua liquidez, já que suas cotas podem ser negociadas no mercado secundário, possibilitando recursos para os produtores rurais.

“O investidor passa a ter um Fiagro sobretudo pela liquidez da cota e com a possibilidade de colocar dinheiro via mercado secundário sabendo que pode ser um mercado ‘forte’. Não tinha muito isso no CRAs e LCAs, mas agora passa a ter no Fiagros uma forma importante dessa liquidez e por isso eles têm crescido”, conclui.

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foto: João Vitor Jacintho
João Vitor Jacintho

Redator profissional, com atuação no mercado editorial na produção de notícias e conteúdos sobre o mercado de ações, criptomoedas, fundos imobiliários e economia popular. Graduando em Engenharia Química pela Unesp, também já trabalhei como consultor financeiro.

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