Fiagros: entenda vantagens e riscos do investimento no agronegócio

Mercado de Fiagros apresenta uma série de pontos positivos para o investidor, mas é preciso atenção aos riscos do investimento.

Fiagros: entenda vantagens e riscos do investimento no agronegócio
Fiagros investem em toda a cadeia de produção agroindustrial - Foto: iStock

Em 2023, o segmento do agronegócio no Brasil correspondeu a 23,8% do PIB do país, , conforme estudo da ESALQ/USP, com alta de 15% em sua movimentação financeira ao longo do ano. Investir em Fiagros é se associar a esse segmento, que historicamente se mostrou resiliente a crises dentro da sempre instável economia brasileira. 

A Semana Especial de Fiagros traz, até sexta-feira, uma série de reportagens especiais para quem deseja conhecer mais a fundo esse mercado. Também na sexta, uma live com especialistas no setor vai tirar dúvidas dos investidores. Fique de olho!

Em um cenário de alta demanda global por alimentos e commodities, o agronegócio apresenta um histórico de crescimento robusto e oferece oportunidades de retorno atrativas para os investidores em Fiagros, os (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), que desde 2021 atuam na busca de retorno a partir do financiamento oferecido aos agentes do mercado agropecuário.

Com os investimentos em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), imóveis e outros ativos relacionados à produção, os fundos oferecem ao setor uma alternativa às linhas de financiamento bancário mais tradicionais.

“Embora o setor seja muito influenciado pelos ciclos macroeconômicos, o Brasil vem conseguindo se posicionar como protagonista global no agronegócio por ter vantagens competitivas, como extensa área com potencial agrícola e investimentos em tecnologia para melhorar a produtividade ao longo da cadeia”, destaca Antônio Sanches, analista da Rico.

Ele enfatiza ainda que o agro é um setor que mostra resiliência porque a demanda por seus produtos se mantém mesmo em momentos de crise, como se viu recentemente na pandemia de covid-19 ou na guerra entre Rússia e Ucrânia. “A resiliência da demanda também é uma vantagem a ser considerada.”

Abaixo, listamos mais alguns pontos positivos dos Fiagros para o investidor:

Diversificação

Os Fiagros oferecem aos investidores a oportunidade de diversificar suas carteiras de investimento, com exposição a um setor resiliente e de grande importância para a economia brasileira, o agronegócio. Isso pode ajudar a reduzir o risco geral da carteira, informa Marcos Piellusch, professor da FIA Business School.

Benefícios fiscais

Os dividendos dos Fiagros são isentos do imposto de renda no caso de fundos com mais de 100 cotistas e que cumprem outras condições quanto à concentração de propriedade das cotas, o que aumenta a rentabilidade dos investimentos.

Retorno atrativo

O agronegócio se destaca por seu histórico de crescimento sólido, num cenário ainda mais relevante diante da crescente demanda global por alimentos e commodities agrícolas. Como os itens de investimento são negociados em bolsa e por vezes têm seus preços indexados ao dólar, o valor de tais produtos tende a se valorizar com o passar do tempo, o que gera ótimos resultados aos produtores e também aos investidores.

Facilidade e baixo aporte

Investir em Fiagros oferece a oportunidade de aplicar em ativos das cadeias produtivas agroindustriais sem realizar a compra de um imóvel rural ou de títulos de dívidas, como Letras de Crédito Agrícola (LCAs) e CRAs. Além disso, as cotas de Fiagros são mais baratas, com custos entre R$ 10 e R$ 100, e fundos com boa gestão apostam em vários ativos distintos, o que aumenta a diversificação e reduz o risco.

Fiagros: nem tudo são flores

Mesmo com todas as vantagens citadas acima, o registro é fundamental: como todo investimento de renda variável, os Fiagros não têm garantia de rentabilidade. Os gestores atuam com cuidado para oferecer um bom retorno e mitigar riscos, mas a volatilidade, característica típica da economia, também aparece no agronegócio.

Por exemplo: neste ano, uma redução da safra da soja em relação às projeções iniciais, causada por eventos climáticos em consequência do fenômeno El Niño causaram inadimplência em alguns Fiagros, diante de dificuldades enfrentadas por produtores. Algumas empresas do setor chegaram a entrar com pedido de recuperação judicial.

Essa inadimplência, por sua vez, reduz os ganhos dos fundos e pode impactar na distribuição de dividendos, o que geralmente baixa o valor de mercado do Fiagro.

Gustavo Branco, analista de crédito estruturado da Suno Asset, que tem o SNAG11 em seu portfólio, explica que esse cenário é relativamente pequeno dentro do agronegócio como um todo. “Muitas dessas empresas já vinham com problemas e com qualidade de crédito inferior”, destaca. O SNAG11 segue com sua carteira 100% adimplente.

De toda forma, o investidor interessado no mercado de Fiagros deve estar atento. Idalicio Silva, gestor do fundo AAZQ11, da AZ Quest, explica que os principais riscos do setor são associados justamente a choques oriundos de condições climáticas e preços de commodities. “O principal caminho para a mitigação de riscos é atuar em etapas da cadeia que atenuem esses choques”, aponta.

Marcus Piellusch, da FIA Business School, destaca que os Fiagros estão expostos a riscos de crédito, como inadimplência dos devedores ou falência de empresas emissoras de títulos, e por isso analisar a qualidade do crédito desses agentes é fundamental.

“A qualidade do crédito dos tomadores de empréstimos é um fator importante a ser considerado para avaliar o risco de crédito associado aos Fiagros”, afirma o professor.

Lenon Barbosa, analista de agronegócio da Suno, destaca que a gestão do SNAG11 monitora com cuidado o score de crédito de seus devedores, em parceria com o Serasa Experian, e ainda acompanha o andamento das produções, por meio da ferramenta AdeAgro. “São cuidados que tomamos para garantir a qualidade da nossa carteira e manter a geração de valor para os cotistas”, aponta.

Em 2024, no que o investidor precisa estar atento?

Riscos inerentes a qualquer modalidade do mercado financeiro também são importantes considerações ao investir em Fiagros. A volatilidade dos juros e as flutuações cambiais podem afetar o valor dos ativos.

Altas taxas de juros mantidas pelo Banco Central, por exemplo, podem impactar indiretamente o desempenho dos Fiagros, influenciando o preço de mercado dos títulos de renda fixa que compõem suas carteiras e dificultando a quitação dos pagamentos pelos emissores.

O ano de 2024 começou com projeção de queda nas taxas de juros internas e externas, mas o risco de que essas taxas se mantenham em um patamar mais alto por mais tempo, tanto no exterior quanto no Brasil, onde o risco fiscal também impacta na velocidade de redução da Selic, hoje em 10,75% ao ano.

Idalicio Silva, da AZ Quest, avalia que uma queda da Selic em menor velocidade faz com que os Fiagros que investem predominantemente em crédito serão oportunidades promissoras para os investidores.

“Já para os investidores com mais paciência e sem dependência do pagamento de rendimento mensal, os Fiagros de terras podem ter ótima oportunidade de entrada”, diz o gestor do AAZQ11.

Em relatório, a Guide Investimentos aponta que o cenário de risco de quebra de safra faz com que fundos muito concentrados em alguma região ou cultura ofereçam maior risco. A casa recomenda que as melhores opções são fundos maiores e mais diversificados, tanto em termos geográficos como em termos de indexadores e produtos agrícolas envolvidos.

Mudanças nas regulamentações governamentais, como políticas agrícolas, ambientais, fiscais e de comércio internacional, também podem afetar o ambiente de investimento.

No começo do ano, por exemplo, uma decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) restringiu as emissões de CRAs somente a empresas ligadas diretamente ao agronegócio, o que tende a reduzir a oferta nos próximos meses e vai obrigar os Fiagros a selecionar melhor seus ativos para entregar um bom rendimento ao cotista.

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foto: Vinícius Alves
Vinícius Alves
Jornalista

Jornalista formado na Faculdade Cásper Líbero. Com passagens pela Agência Estado e Editora Globo.

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