FIIs na Faria Lima: como onda de assaltos na região afeta investidores?
Em 2023, a Faria Lima registra uma média de três ocorrências de roubo por dia, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Os FIIs na Faria Lima, reconhecidos por seus ativos significativos no segmento de lajes corporativas, enfrentam desafios decorrentes do aumento alarmante de roubos e furtos neste ano. A Avenida Brigadeiro Faria Lima, localizada na zona sul de São Paulo, registrou uma média de três ocorrências de roubo por dia, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
Este cenário levanta questões sobre o possível impacto dessa insegurança nos valores de locação, considerando que a região tem uma das mais altas demandas e baixa vacância no Brasil.
Segundo Gustavo Favaron, CEO do GRI Club, embora a situação possa eventualmente afetar o valor dos imóveis, no curto prazo é improvável que haja mudanças significativas nos escritórios triplo A. Ele ressalta que as tendências de ocupação e movimentos no mercado imobiliário geralmente ocorrem em longos períodos.
“Obviamente que se o volume de roubos, assaltos e violência continuam aumentando na região, no médio e longo prazo isso pode ter impacto”, ressalta Favaron. No entanto, o especialista afirma que os índices de violência não são discrepantes a ponto de levar as empresas a uma mudança significativa, visto as outras regiões.
Já Carlos Junior, analista-chefe de Fundos Imobiliários da Simpla Club, alerta que um aumento contínuo nos índices de assaltos pode impactar negativamente a busca e interesse por escritórios. “A segurança é um fator crucial na escolha de imóveis, e a experiência do colaborador desempenha um papel significativo nesse processo.”
Junior compara a situação com o Rio de Janeiro, onde o medo de assaltos contribui para a vacância em algumas regiões, levando as empresas a adotarem o trabalho híbrido ou home-office.
Outro ponto destacado é que o aumento de violência na Faria Lima pode trazer uma mídia negativa para o local, o que afasta pessoas a frequentarem desde o pequeno negócio até as grandes empresas.
No caso do atual centro financeiro de São Paulo, Carlos Guimar, especialista em segurança pública e privada e chief product officer da SafeCompany, diz que predomina a ação de criminosos que se beneficiam da ausência do poder público para cometerem pequenos delitos, sem ação coordenada pelo crime organizado. “Os últimos movimentos que aconteceram dentro do país, questões da pandemia e socioeconômica refletem neste cenário também.”
FIIs na Faria Lima: insegurança é falta de políticas públicas, diz especialista
O fator que contribui para o aumento da insegurança é a falta de políticas públicas, além das “cortinas de fumaça” que são lançadas para esconder as nulidades governamentais, diz Guimar.
Para Guimar, medidas eficazes para mitigar e controlar a onda de crimes passam por desburocratizar a segurança pública, atraindo especialistas com mentalidade focada em inteligência e agilidade. “Este modelo de “ver e agir” visa fortalecer a resposta rápida diante dos delitos”, diz ele.
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O especialista ainda destaca a importância de uma presença ostensiva da polícia para inibir parte do problema. A colaboração entre as autoridades e a comunidade também é fundamental para criar um ambiente seguro e coibir a criminalidade.
“O ordenamento público permanente demonstra a força de uma sociedade organizada. Outro ponto interessante é a ação social de acolhimento e em paralelo a sociedade tem que cobrar políticas duradouras, aquelas de Estado e não de governo, que são esporádicas”, conclui Guimar.
Em 2023, roubos triplicaram na Faria Lima
Até julho deste ano, segundo dados da SSP, foram registrados, em média, 3 roubos por dia na Faria Lima. Foram 618 ocorrências no total, praticamente o triplo ante os 208 registrados em 2022.
Além dos roubos de celular, os assaltantes também têm cometido crimes visando itens de valor.
Em 2023, em uma ocorrência na região flagrada por uma câmera de segurança, um assaltante rouba o relógio de um cliente de um bar -o Boteco Rainha – que estava em uma mesa na calçada.
O estabelecimento fica justamente nas proximidades da Faria Lima, ocupada por uma série de bancos, corretoras e companhias do mercado financeiro.
O que pesquisar antes de escolher um FIIs?
Ao ponderar sobre investimentos em Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), especialistas concordam que a segurança pública não deve ser o único fator considerado. Outros elementos, como localização estratégica, qualidade do empreendimento, perfil dos locatários e a expertise da empresa gestora, assumem papéis fundamentais.
Segundo Favaron, essa abordagem integral, focada em múltiplos fatores, visa maximizar o potencial de retorno do investimento.
Carlos Junior reforça a relevância da localização como fator crucial em qualquer análise de fundos imobiliários, especialmente no segmento de lajes corporativas. Ele ressalta que existem diferenças significativas de desempenho entre regiões estaduais e mesmo dentro da própria cidade. A escolha estratégica da localização pode impactar diretamente na atratividade e valorização do investimento.
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Em São Paulo, as maiores vacâncias estão concentradas em regiões que perderam atratividade ao longo da pandemia, incluindo Chácara Santo Antônio, Chucri Zaidan, Marginal Pinheiros e Santo Amaro.
No entanto, os FIIs na Faria Lima, e de outras regiões premium consolidadas, como Itaim Bibi, JK, Paulista e Vila Olímpia, apresentam ativos com as menores taxas de vacância e os maiores preços de locação. Essas regiões continuam sendo vistas como oportunidades promissoras para investidores.
