FIIs de logística: entenda como reforma tributária pode impulsionar setor
FIIs e demais operadores de galpões podem ter benefício indireto, mas podem ter que ampliar investimento para atender setor farmacéutico.
O mercado de FIIs de logística pode ganhar tração com um aspecto que está sendo votado na regulamentação da reforma tributária, que está em tramitação no Senado: a possibilidade de redução de impostos para o setor farmacêutico e a simplificação do sistema tributário podem aumentar a competitividade do país no mercado global, ampliar a produção industrial do setor e, consequentemente, a demanda por espaços logísticos.
“Há uma expectativa de que a reforma tributária possa transformar significativamente a competitividade do Brasil no cenário global farmacêutico”, diz Ricardo Canteras, diretor comercial da Temp Log, empresa especializada em logística para o setor farmacêutico.
Segundo ele, a simplificação do sistema deve reduzir a complexidade e os custos administrativos, permitindo às empresas operar com maior eficiência e previsibilidade, enquanto a unificação de tributos tem potencial de eliminar a cumulatividade de impostos e reduzir o custo final do produto.
“A redução da carga tributária sobre insumos poderá resultar em preços mais competitivos e, consequentemente, em maior acesso aos medicamentos. A reforma também pode favorecer a expansão de empresas que hoje enfrentam barreiras para crescer devido ao sistema tributário oneroso e complexo”, define o executivo.
Vantagens para a pesquisa e estímulo a investimentos
Canteras lembra que ainda não há definições sobre a tributação, já que o texto da regulamentação está em tramitação no Senado, mas destaca que eventuais cortes em impostos podem reduzir custos e estimular a pesquisa. “A redistribuição de recursos pode aumentar a competitividade das empresas no mercado e, eventualmente, resultar em preços mais acessíveis para os consumidores.”
A combinação entre a simplificação tributária e a redução da carga fiscal, segundo o especialistas, também tornam o ambiente de negócios mais atrativo para investidores estrangeiros.
“O Brasil sempre foi um mercado interessante, mas as barreiras tributárias frequentemente afastam investimentos. Com a reforma, espera-se uma redução no custo de entrada para novos players e maior segurança jurídica, elementos fundamentais para a atração de capital estrangeiro”, aponta Canteras.
FIIs de logística: mercado precisa entender novas demandas
O mercado de galpões logísticos tende a se beneficiar com esse aumento da competitividade no setor farmacêutico, com a ampliação da demanda, aponta Ricardo Canteras, da Temp Log. Mas ele aponta que o setor precisa estar preparado para entender as necessidades dos clientes.
“O estoque atual de galpões não é uniforme em todo o país e, em algumas regiões, pode não ser suficiente para atender a um possível aumento de demanda”, diz o executivo, citando que Sudeste e Sul já possuem uma infraestrutura mais desenvolvida, ao contrário do Norte e do Nordeste. “Áreas que historicamente recebem menos investimento podem enfrentar desafios maiores. O aumento da demanda pode exigir a construção de novos galpões ou a adaptação dos existentes para atender aos padrões do mercado farmacêutico”, destaca Canteras.
O especialista alerta, inclusive, que nem todos os espaços existentes, mesmo nas regiões de maior oferta, poderão ser aproveitados sem reformas significativas da parte dos fundos imobiliários e dos proprietários. Isso porque o setor farmacêutico tem exigências muito específicas, como controle de temperatura e tecnologias de automação.
“A maioria dos galpões foi construída para atender a demandas logísticas gerais e não para os requisitos específicos da cadeia fria ou para o armazenamento de medicamentos”, diz o especialista.
Assim, FIIs de logística e outros proprietários podem ter que investir alto, por meio de reformas ou construções BTS (built to suit, ou sob medida das necessidades do locatário). “Pode sim haver necessidade de reformas significativas para garantir que as operações logísticas sejam realizadas com a qualidade e segurança necessárias”, conclui Ricardo Canteras, da Temp Log.
