Fundos Imobiliários: após disparada, ainda tem espaço para novas valorizações?
O ano de 2022 será marcado com um dos mais complexos em termos de crise global e incertezas geopolíticas. Se o problema maior há 2 anos atrás era a pandemia, hoje, a inflação e a estagnação econômica incomodam muito mais. Mesmo assim, o mercado de fundos imobiliários vem de uma arrancada surpreendente, iniciada em agosto deste ano. Há espaço para mais valorização?
Para responder essa pergunta, quem nos ajudou foi Angelo Ferraretto, que é Head de Research Imobiliário da Integral Investimentos. O especialista acredita que em meio a tanta turbulência, chama a atenção no Brasil, pelo lado positivo, o mercado de Fundos Imobiliários.
O fundos imobiliários e a arrancada de 2022
Prova disso é que o Ifix, o principal índice de FIIs negociado na B3, tem sido cada vez mais procurado por investidores de diferentes portes, que estão de olho na rentabilidade e na menor volatilidade desse mercado. Hoje, o número de investidores de fundos imobiliários ultrapassou a casa de 1,8 milhões.
Os números do Ifix, que completou dez anos, ajudam a entender essa crescente demanda: o valor de mercado já é de US$ 22 bilhões e a rentabilidade chegou a 6,63% este ano até setembro. Em 12 meses, a alta foi de 10,13%.
Evidente que, como acontece em todos os mercados, há também períodos de baixa, mas as médias são animadoras. É importante recordar que esses fundos também têm o atrativo de pagar rendimentos que, além disso, é isento de impostos de renda.
Antes de pensar nas possibilidades de novas arrancadas nos preços dos FIIs, Ferraretto lembra que a “variação positiva do Ifix nos últimos meses está relacionada ao fechamento da curva futura de juros, que impactou de maneira positiva os FIIs de tijolo, explica.
Além disso, a redução da inflação também contribuiu com o ímpeto altista no mercado de FII, com o mercado precificando uma queda na curva futura de juros.
Essa situação gerou impacto, principalmente, nos FIIs de tijolo, que estavam com preços excessivamente descontados devido a suas baixas taxas de capitalização comparadas a FIIs “de papel”, lembra o especialista.
Como consequência, os FIIs de tijolo foram os grandes responsáveis pelo rali recente do Ifix, valorizando acima da média do índice, principalmente nos segmentos corporativo e de shoppings, ambos muito impactados pela pandemia e com maior desconto patrimonial.
E no caso do fundos de papel, quando os juros estão em alta o mercado continua atraente. “Esses fundos costumam ter desempenho inverso aos de tijolo em relação à taxa de juros, uma vez que títulos de dívida imobiliária, principal alvo dos fundos de CRI, são indexados ao IPCA, o que acaba elevando o rendimento desses ativos em momentos de alta de inflação”, ressalta Ferraretto.
Vem novas altas por aí?
Perguntado sobre a possibilidade de novos ralis de alta, o Head da Integral Investimentos disse que é muito difícil fazer uma previsão até dezembro, principalmente em se tratando de ano de eleição.
No entanto, o especialista acredita que a tendência é de contínua recuperação dos FIIs de tijolo e uma manutenção dos FIIs de papel, que devem continuar como ótimos provedores de dividendos. “Os FIIs de tijolo possuem mais upside que os FIIs de papel, o que deve fazer o Ifix continuar em processo de alta”, crava Ferraretto.
Portanto, as perspectivas do especialista são positivas, principalmente para 2023. “Sem exagerar no otimismo, deve-se reconhecer que os Fundos Imobiliários têm se posicionado positivamente e mostram ser uma aplicação atraente e com perspectivas positivas, mesmo com todas as intempéries que impactam o mercado global”, finaliza Ferraretto.