Fundos imobiliários: investidor deve buscar diversificação e bom portfólio, diz sócio de gestora
Fundos imobiliários podem ser boa opção mesmo em momento de juros altos, mas investidor deve ter cuidado com a escolha.
O investimento em fundos imobiliários deve ser feito com cuidado e depois de uma análise minuciosa dos portfólios, mas pode ser vantajoso mesmo num momento de juros altos, Essa é a visão de Danny Gampel, sócio e head de crédito da Cy Capital, gestora de recursos que tem como sócia majoritária Cyrela, empresa com longa atuação do mercado imobiliário.
“O investidor deve sempre se posicionar com um composto, dependendo do perfil, entre renda fixa e renda variável. E, dentro do mercado de FIIs, olhar com bastante parcimônia e entender com atenção os relatórios gerenciais, que hoje são bem completos, para entender onde está investindo”, diz Gampel.
No mercado de fundos de tijolo, a prioridade é observar as características do portfólio, para verificar os ativos, a localização, os índices de vacância e eventuais registros de inadimplência. “Existem oportunidades interessantes no mercado, bem descontadas, mas é preciso olhar o portfólio com atenção”, explica o gestor.
Ele lembra, ainda, que o atual cenário macroeconômico tende a afetar mais os fundos de tijolo, já que os juros altos ampliam o custo de eventuais aquisições. “O cenário macroeconômico está um pouco conturbado, com muitas incertezas, e nesse momento as transações acabam ficando mais travadas”, aponta Gampel.
Essas incertezas, segundo o sócio da Cy Capital, que nesse segmento atual com o CYLD11, de galpões logísticos, vêm de um cenário em que o Copom se mostra pressionado a manter a Selic elevada, em 10,5% ao ano, por uma série de fatores. “Você tem os dados de emprego e a inflação de serviços que vêm pressionando os índices, a situação fiscal e também os juros nos Estados Unidos, esses fatores fazem o Banco Central ficar mais em alerta e não baixar os juros”, afirma o especialista.
Ele não crê, porém, que a Selic volte a subir este ano, e vê um cenário melhor do que há um ano, quando a taxa básica de juros estava acima de 13%. “Vale ressaltar que a gente saiu de uma Selic de 13,75%, então podemos dizer, mesmo sem perspectiva de que os juros voltem a cair, que o pior já passou.”
Fundos imobiliários de papel: boas condições se a carteira for boa
No caso dos fundos imobiliários de papel, como o CYCR11 e o CYHF11, sob gestão da Cy Capital, o cenário de juros altos tende a ser vantajoso porque seus principais ativos, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), podem ter remuneração atrelada ao CDI, taxa de flutua paralelamente à Selic e, por isso, tende a se manter elevada, ou ao IPCA, inflação oficial do país, também pressionada.
Cotação CYCR11
“As cotas estão relativamente estáveis, mas os rendimentos estão muito altos. Os fundos de papel investem em títulos de renda fixa, em CRIs, e os dividendos desses fundos tendem a estar em níveis maiores”, explica o gestor.
Gampel, no entanto, reitera a importância de observar os relatórios gerenciais para conhecer a fundo as dívidas adquiridas pelos gestores dos FIIs. “Dá para enxergar se os CRIs têm garantia real, qual é incorporadora, onde é a obra que está sendo financiada, onde é o ativo que está em garantia”, diz o sócio da Cy Capital.
Assim, ele sugere que o investidor observe atentamente e escolha ativos que combinem com seu perfil. “Se ele quiser investir em fundos imobiliários, deve olhar muito o que tem dentro desse fundo. Mas há, sim, boas oportunidades de investimento, assim como os gestores de fundos estão com boas oportunidades para alocação”, conclui Danny Gampel.