Fundos imobiliários e Selic a 11,25%: quem sai ganhando?

Fundos imobiliários de tijolo tendem a obter melhor desempenho, mas analistas apontam importância de manter a diversificação da carteira.

Fundos imobiliários e Selic a 11,25%: quem sai ganhando?
Fundos imobiliários: qual o impacto da Selic? - Foto: Freepik

O Banco Central anunciou no fim da tarde desta quarta-feira (31) o corte em meio ponto da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, para o índice de 11,25%. Para os investidores em fundos imobiliários, a dúvida é sobre quais setores do mercado serão mais favorecidos pelo cenário de juros em queda.

A tendência, porém, é que o mercado de FIIs como um todo saia favorecido e atraia ainda mais o interesse das pessoas  – no ano passado, o setor alcançou seu recorde, com 2,5 milhões de investidores, e neste mês o MXRF11 tornou-se o primeiro fundo imobiliário a ultrapassar a marca de 1 milhão de cotistas. . 

“A queda da Selic afeta diretamente a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, levando mais gente a optar pelas opções em renda variável, como as ações e os fundos imobiliários, que hoje estão muito mais bem aparelhados, com indicadores operacionais melhores que antes, reduzindo vacância e com rendimentos crescentes em muitos ativos”, aponta Pedro Dafico, analista de FIIs da Suno Research.

Dentro desse cenário, Dafico aponta que a tendência principal é que os segmentos de tijolo, ou seja, shoppings, fundo de renda urbana com foco em imóveis de varejo e galpões logísticos, sejam mais favorecidos, por sua ligação direta com a economia real.

“O afrouxamento da política monetária em geral tende a provocar o aquecimento da economia, e isso resulta em novos empreendimentos, em crescimento das vendas, melhor resultado no e-commerce, que tende a ampliar o uso dos galpões logísticos”,explica Dafico.

“Historicamente, os FIIs de tijolo apresentam um desempenho superior em cenários de redução das taxas de juros em comparação com os fundos de CRIs. Esperamos que esse padrão se mantenha, especialmente considerando que os fundos de tijolo vêm apresentando boas novidades e novas operações”, avalia Leonardo Garcia, analista de FIIs do Trix, aplicativo de investimentos da gestora TRX.

Fundos imobiliários e Selic: não esqueça a diversificação 

Embora a tendência seja de foco maior nos FIIs de tijolo, especialistas deixam claro que diversificação de investimentos é muito importante. O professor Marcos Baroni, analista-chefe de FIIs da Suno Research, aponta que fundos de papel desempenham um papel de estabilidade dentro de uma carteira, devido à menor volatilidade no valor patrimonial.

“Ter uma parcela aplicada em fundos de papel ajuda a deixar a volatilidade da carteira um pouco menor, ao menos em teoria, em momentos de estabilidade”, destaca.

O analista lembra, ainda, que uma movimentação constante na carteira exige um conhecimento mais profundo do mercado e maior dedicação de tempo pelo investidor.

“Você pode até obter uma rentabilidade acima da média, mas é preciso ter uma sensibilidade maior de timing para entender melhor a resposta que o mercado está dando a cada tipo de ativo. Então o investidor precisa aprimorar mais sua estratégia de alocação e se dedicar”, explica Baroni.

O professor aponta, ainda, que investidores com carteiras mais robustas e alocação em outras classes de ativos podem se beneficiar de um foco maior no setor de tijolos, mas com cuidado. “O investidor que tem uma carteira com ETFs, fundos multimercados, ações, uma parte em renda fixa, ele pode até pensar em ficar exposto só a fundos de tijolo em busca de uma oportunidade melhor, dentro de uma alocação direcionada. Mas quem fizer isso vai correr mais riscos, porque estará alocando a parcela de capital voltada aos fundos imobiliários num tipo só segmento”, conclui Baroni.

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foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com mais de 20 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

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