Os fundos de papel vão pagar menos com a deflação, o que fazer?
O movimento de inflação no Brasil ainda está bastante elevado, mas existem estimativas que os próximos meses haja uma deflação que corrigirá o valor do IPCA. Diante disso, como ficam os fundos de papel? Eles pagarão menos dividendos? Confira aqui a análise de Amanda Coura, que é Head de produtos estruturados da Suno Asset.
De fato, a inflação brasileira está em um patamar bastante elevado. A inflação subiu nos últimos meses de forma bastante acelerada. Em 2021, o índice de preços bateu o patamar de 10% ao ano, lembrando que a meta do Banco Central era de 4,25%. Ou seja, muito acima da meta.
Nos meses de maio e junho de 2022, o IPCA chegou a 0,47% e 0,67%, respectivamente, com alta acumulada de 11,89%, patamar superior ao fechamento de 2021.
Amanda Coura lembra que os movimentos da inflação impactam diretamente na distribuição dos fundos que tem esse rendimento nominal, ou seja, que pagam IPCA mais uma taxa específica.
A deflação começa em breve: e agora?
Porém, o Banco Central vem subindo a taxa de juros para tentar controlar essa alta de preços. Hoje, a taxa selic está em 13,25%, mas a inflação continua acima do esperado, mas começando a se arrefecer, mesmo sem diminuir na velocidade esperada pelo BC.
Atualmente, algumas medidas drásticas estão sendo feitas para tentar reduzir o preços, inclusive, com as medidas do governo para reduzir o preço dos combustíveis para forçar a queda da inflação.
Com tais medidas, o mercado prevê que entre junho e agosto a inflação sofra uma correção, diminuindo o preço dos produtos. Esse movimento é chamado de deflação. A estimativa é que o IPCA feche o ano em 7,7%, podendo chegar em 2023 com um valor entre 4,5% e 5,2%.
Diante disso, Coura acredita que nos próximos dois meses, o IPCA no mês venha negativo, dentro desse processo de correção da inflação (deflação), para fechar o ano mais próximo da meta do BC. Isso significa que os fundos de papel pagarão menos dividendos nos próximos meses, pelo menos nos períodos de deflação.
Os fundos de papel pagarão menos dividendos
Antes de tudo, Amanda Coura ressalta que todos os fundos de papel que distribuem rendimento nominal fizeram distribuição generosas nos últimos meses, pois a inflação estava alta e o fundo repassa tudo isso para o investidor.
Por isso, o investidor ficou um pouco “mal acostumado” com os fundos de papel que começaram a pagar muito. Por isso, Coura acredita que os fundos de papel tenham uma rentabilidade menor nos próximos meses, diminuindo o patamar de distribuição por causa da correção da inflação.
O investidor tem que se preocupar? Sim, mas antes de tudo, é preciso analisar os ativos com calma. Coura afirma que os fundos de papel já repassaram para o investidor a alta inflacionária do ano passado e deste ano.
Além disso, muitos ativos dos fundos de papel estão com essa rentabilidade represada (ou acruada) para serem distribuídos. Ou seja, mesmo com inflação em queda, muitos fundos têm “gordura” para distribuir ao investidor, amortecendo o efeito da deflação dos próximos meses.
Portanto, o investidor não pode se desesperar. A maioria dos fundos indexados ao IPCA podem pagar relativamente menos nos próximos meses, mas com a retomada da inflação esses fundos poderão retomar com um patamar próximo ao atual.
Coura ressalta que o investidor não deveria vender suas cotas no desespero. É preciso continuar com a cota do seu fundo de papel. São meses específicos de deflação. Após a correção do IPCA, os fundos de papel deverão pagar um patamar próximo ao atual. Confira abaixo a live com Amanda Coura: