Veja 4 razões para acreditar que 2025 será melhor para os Fiagros, segundo gestores


O mercado de Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) ainda enfrenta os reflexos de um 2024 turbulento, marcado por juros elevados, inflação persistente e casos de recuperação judicial no setor.

Alguns fundos reduziram rendimentos em virtude das dificuldades de empresas devedoras arcarem com os pagamentos de juros e amortizações.
No entanto, gestores ouvidos pelo FIIs.com.br apontam que o cenário para 2025 traz ventos mais favoráveis – e listam quatro motivos concretos para acreditar na recuperação desses fundos. Veja o que dizem os gestores:
1. Normalização do crédito e “desintoxicação” do setor
O ano de 2024 serviu como um período de ajuste para o mercado. Segundo Márcio Takaya, gestor da Sparta e um dos responsáveis pelo CRAA11, os pedidos de recuperação judicial e os calotes de devedores criaram um filtro natural: “O pior já passou. O mercado agora opera com margens mais remuneradoras e critérios mais rígidos para concessão de crédito”.
Essa “seleção natural” teria deixado os Fiagros mais resilientes, especialmente os focados em ativos high grade (alto grau de qualidade).
“Fundos com portfólios sólidos entram em 2025 mais blindados contra incertezas fiscais e macroeconômicas”, completa Takaya, em referência à expectativa de Selic a 15% no próximo ano.
2. Safra recorde e clima favorável: mais um ponto para os Fiagros
A próxima safra surge como um trunfo para o agro – e, por consequência, para os Fiagros. Vitor Duarte, CIO da Suno Asset e responsável pelo SNAG11, destaca que “choveu na hora certa, sem grandes intempéries, e o plantio já está concluído nas principais regiões”. Isso abre caminho para uma safra 2025 dentro ou acima das expectativas, com reflexos diretos na capacidade de pagamento dos produtores.
Na visão da Maria Tereza Vendramini, gestora do AAZQ11, a gestora espera mais estabilidade, tanto para o agronegócio quanto para o mercado de fiagro.
Isso graças a uma expectativa muito positiva para a safra 2024/2025, com o plantio já concluído nas principais regiões produtoras do Brasil e uma expectativa de menos problemas climáticos. “É esperada uma boa produtividade e alta nos preços das commodities. Isso dá para esperar uma melhora de margem com um efeito dominó em toda cadeia do agronegócio”, comenta.
3. Commodities em alta: o “colchão de segurança” dos fundos
Enquanto a inflação preocupa outros setores, o agro encontra respaldo na valorização de seus produtos. O gestor da Suno enumera: “Preços da carne em alta, café valorizado, soja estável com tendência de ganhos”. Takaya da Sparta acrescenta que “o clima para grãos é dos mais favoráveis dos últimos anos”.
Essa combinação entre produção robusta e preços firmes cria um cenário atípico: mesmo com juros elevados, o setor mantém margens atraentes. “Parte significativa do financiamento do agro é prefixada e já está contratada, o que traz alívio em um cenário de Selic alta”, explica Duarte.
4. Descontos históricos: oportunidade para entrar no mercado
Um dos pontos mais destacados pelos gestores é a desconexão entre o valor patrimonial dos Fiagros e suas cotações na bolsa. Marcos Bertomeu, gestor do OIAG11 (Fator), é enfático: “Há descontos evidentes que abrem janelas de oportunidade para investidores dispostos a caçar valor”.
Essa subavaliação do mercado, segundo ele, reflete mais o “trauma” de 2024 do que os fundamentos reais. “Quem souber selecionar fundos com gestão competente e carteiras diversificadas pode colher retornos ajustados ao risco em 2025”, afirma.
Na mesma linha, a gestão do IAAG11 também comenta o descompasso do preço do fundo na bolsa em relação ao seu patrimonial. Sobre o desconto de 18% na cota do fundo em dezembro/2024, “não há fundamentos sólidos que justifiquem essa desvalorização”, afirma o relatório, destacando a estabilidade nas distribuições e o bom desempenho do portfólio.
O que esperar no curto prazo?
A recuperação dos Fiagros não será linear – a Selic alta continuará pressionando fundos com dívidas indexadas à taxa flutuante, e eventuais problemas climáticos ainda são um risco. Cabe ao investidor fazer sua análise e medir o risco/retorno dos fundos.
A convergência entre safra promissora, demanda global aquecida, descontos nas cotas e seleção natural de crédito sugere que 2025 pode marcar o reinício do ciclo virtuoso para esses fundos.
Como resume Takaya: “O agro aprendeu a operar em cenários adversos. Agora, com vento a favor, os Fiagros têm tudo para reconquistar espaço na carteira do investidor”.