Selic a 14,25% ao ano: cenário é positivo para FIIs de papel, dizem analistas

Selic foi novamente elevada em um ponto percentual e tem maior índice desde 2016; analistas explicam impacto do cenário macroeconômico.

Selic a 14,25% ao ano: cenário é positivo para FIIs de papel, dizem analistas
Selic alta beneficia FIIs de papel - Foto: iStock

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cumpriu nesta quarta-feira (19) as expectativas do mercado e elevou a Selic em um ponto percentual, para 14,25% ao ano. É o maior valor nominal para a taxa básica de juros da economia brasileira desde julho de 2016.

Ao contrário da tendência padrão em situações como esta, no entanto, o mercado de FIIs não teve uma reação adversa à elevação da Selic. Ao contrário: o IFIX manteve a tendência das semanas anteriores e fechou em sua 13ª alta consecutiva, em 3.255,59, e já acumula 4,30% de alta no mês de março, acima da valorização registrada em fevereiro, de 3,34%.

Especialistas do setor apontam dois motivos para que o índice de FIIs venha em trajetória positiva desde meados de fevereiro, mesmo que a alta da Selic anunciada nesta quarta já estivesse prevista desde a reunião de janeiro do Copom:

  1. Preços de mercado excessivamente descontados em relação ao valor patrimonial, consequência de cinco meses consecutivos de queda do IFIX;
  2. Menor pessimismo dos agentes quanto ao cenário macroeconômico, tanto nacional como global, que já permite projetar o início de um novo ciclo de queda dos juros a partir de 2026.

“O mercado precificou o movimento ao longo dos últimos meses, e todas as elevações já estão incorporadas”, afirma Victor Sartori, analista da Levante Inside Corp. “A recente valorização está ancorada não apenas no atual nível da Selic, mas na perspectiva de um novo ciclo de queda dos juros no horizonte”, completa Eliane Teixeira, economista da Cy Capital.

Selic a 14,25% ao ano: que FIIs saem ganhando?

Para especialistas, os fundos imobiliários que atuam diretamente com ativos financeiros tendem a ser mais beneficiados pelo atual cenário, com Selic elevada e inflação ainda acima da margem de tolerância para a meta anual, de 4,5% ao ano. Nesse quesito se enquadram três setores, principalmente:

Neste último caso enquadra-se o MANA11, fundo com gestão da Manatí Capital que tem hoje mais de 90% de seu patrimônio líquido alocado em CRIs e cotas de FIIs. “O atual nível de taxas de juros permite com que a gestão consiga realizar investimentos a taxas prefixadas muito atrativas, sem contar as oportunidades observadas no mercado secundário que oferecem retornos muito interessantes”, diz a empresa no último relatório gerencial do FII.

O JSAF11, FOF da Safra Asset, aumentou em fevereiro sua exposição a CRIs, tanto diretamente, com novas aquisições, como indiretamente, com a compra de cotas de outros FIIs do setor. “O objetivo dessa estratégia consiste em aproximar a geração de resultado recorrente ao patamar de dividendos atualmente distribuídos”, diz a gestora. O fundo fechou fevereiro com 82% de seu patrimônio alocado em FIIs e 9% em CRIs.

Por que esses segmentos levam vantagem?

Maria Fernanda Violatti, analista CNPI e especialista no mercado de FIIs, explica que os fundos com foco principal em títulos indexados ao CDI e ao IPCA devem ter maior geração de receita no atual cenário. Isso pode ter consequência a ampliação dos proventos, que devem ser de no mínimo 95% dos lucros semestrais, segundo a legislação;

“Muitos desses fundos ainda têm descontos ou estão com preços próximos aos seus valores patrimoniais, e continuam gerando bons rendimentos mensais, podendo inclusive trazer esses dividendos mais robustos dado o cenário macroeconômico”. diz a economista.

Já quanto aos FOFs e FIIs multiestratégia, Maria Fernanda explica que essas categorias estão muito atreladas aos movimentos do IFIX. “No momento que o mercado sofre, eles também são dos que mais perdem, mas, quando o mercado se recupera, estão entre os que mais ganham porque tendem a capturar essa valorização. São opções bem atrativas na minha visão”, sinaliza a especialista.

Eliane Teixeira, da Cy Capital, que tem em seu portfólio o CYCR11, FII de recebíveis, endossa a avaliação. “O comportamento contracíclico em momentos de alta da inflação e da Selic fazem com que esses fundos se tornem uma alternativa interessante para quem busca proteção contra cenários econômicos mais desafiadores”, conclui a economista.

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foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com mais de 20 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

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