Selic em alta? “Mar de oportunidades” para FIIs, avisa o professor Baroni
Selic elevada para 12,25% pressiona cotações, mas pode significar bons resultados no médio e longo prazo, diz especialista da Suno.


O IFIX fechou nesta quarta-feira (11) em mais um recorde negativo para o ano, aos 2.947,01 pontos, queda de 0,61% em relação à véspera e valor mais baixo registrado desde 12 de maio de 2023, pouco antes do anúncio da Selic em 12,25%, feito pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central.

Mas o andamento do índice durante o pregão serviu como mais um sinal para o professor Marcos Baroni, head de FIIs da Suno, de que o mercado talvez esteja atento para o que ele enxerga como um novo “mar de oportunidades” para quem deseja investir em fundos imobiliários, devido à queda generalizada das cotações.
Em live realizada logo após o anúncio do Copom, Baroni citou que o ponto mais baixo do IFIX durante o dia foi por volta das 16h15, em 2.935,20 pontos. Se o índice tivesse parado por ali, a queda do pregão teria sido ainda maior, de 1,01%, mas o mercado mostrou uma leve recuperação, com uma subida de 0,40% entre a mínima do dia e o fechamento.
O especialista da Suno lembrou de ter usado a mesma expressão, “mar de oportunidades”, no cenário anterior de elevação dos juros na economia brasileira, em 2021, quando a inflação subiu para perto de dois dígitos ao ano, no impacto da retomada da atividade econômica pós-pandemia de covid-19, e o Copom teve de recorrer ao aperto monetário que chegou ao auge em julho de 2022, com a taxa básica de juros em 13,75%, patamar no qual permaneceu durante um ano.
Selic alta, FIIs em queda: hora de escolher bem
Em geral, o mercado de FIIs reage negativamente a momentos de alta na Selic, derrubando o IFIX e pressionando as cotações dos fundos, o que assusta os investidores que não estão acostumados com o mercado de renda variável. Mas esse cenário pode se mostrar atraente para quem estiver disposto a construir uma carteira consistente de renda passiva, no médio e longo prazo, isenta de tributação, com menos foco no preço das cotas e mais ênfase na renda gerada pelos dividendos pagos pelos fundos imobiliários.
“Muitos FIIs estão novamente com o preço parecido com o daquele período, com a diferença que o mercado hoje está mais consolidado, com menor alavancagem”, destacou Baroni.
Ele apontou, ainda, que o investidor não pode se prender ao timing, ou seja, tentar acertar o ponto exato em que as cotações chegarão ao mínimo para tentar maximizar sua rentabilidade. “Isso é como olhar numa bola de cristal, e não vou ficar pensando em quando será o mínimo do IFIX e quando o mercado vai virar”, diz o especialista.
“O que eu posso dizer é que hoje temos oportunidades incríveis em diversas frentes, em fundos de papel, de renda urbana, logísticos, de shopping e até de lajes corporativas, se você estiver disposto a risco e olhar com atenção ao fundo”, afirmou Baroni, destacando dois dados:
- o P/VP médio dos fundos que compõem o IFIX está em 0,74x, ou seja, os FIIs estão com desconto aproximado de 25% em relação a seu valor patrimonial;
- o dividend yield médio desses fundos está em 11,66%, abaixo da Selic, mas com a diferença de que os FIIs são isentos de tributação, ao contrário dos investimentos de renda fixa.
Baroni reitera, porém, que antes de qualquer alocação o investidor deve olhar com atenção não apenas para os dados passados, mas também para outros fatores, como a qualidade do portfólio e as possibilidades de manutenção e crescimento dos atuais patamares de dividendos, a fim de poder selecionar as melhores opções do mercado.
“Numa hora como esta, os FIIs caem de forma disfuncional, o mercado derruba tudo sem se prender aos fundamentos. Mas é preciso olhar com atenção para fazer as melhores escolhas”, conclui Baroni, lembrando que a Selic pode chegar a 14,25% nas próximas duas reuniões do Copom, pelo menos de acordo com a sinalização feita no comunicado da decisão desta quarta.