FIIs de escritórios: 11 opções abaixo do preço em momento positivo para o setor
FIIs de escritórios têm desconto médio superior a 30%; consultoria registra queda de vacância e alta no preço médio.


Boas notícia para os FIIs do segmento de lajes corporativas (escritórios): os preços médios pedidos por metro quadrados de escritórios comerciais em São Paulo, o maior mercado imobiliário do país, atingiram R$ 115,95 no primeiro trimestre, de acordo com dados da Binswanger Brazil.

Trata-se de valor recorde desde o início da série histórica da consultoria, especializada em dados do mercado imobiliário. O levantamento referente ao período entre janeiro e março de 2025 aponta, ainda, que a taxa de vacância continua a cair, refletindo a elevada absorção líquida — diferença entre novas contratações e devoluções de áreas.
No primeiro trimestre, a vacância ficou em 17,8%, ante 19,4% no quarto trimestre, quando o preço médio pedido por metro quadrado na capital paulista era de R$ 114,74, conforme a pesquisa da Binswanger. A absorção líquida, diferença entre novos contratos e devoluções, foi de 84,6 mil metros quadrados, abaixo do número de 86,6 mil metros quadrados registrados no intervalo de outubro a dezembro de 2024, mas superior a 80 mil metros quadrados pelo terceiro trimestre consecutivo.
Segundo a empresa, o aumento na demanda por espaços corporativos resulta da soma entre a aceleração da atividade econômica com a mudança de políticas de trabalho remoto. Algumas empresas retomaram o trabalho 100% presencial, enquanto outras aumentaram o número de dias exigidos em que o funcionário vá ao escritório.
De janeiro a março, as novas contratações de escritórios comerciais na chamada Zona Descentralizada da capital paulista chegaram a 54,6 mil metros quadrados, respondendo pela maior parte da absorção líquida. O destaque ficou por conta da região da Chucri Zaidan, que absorveu 27,9 mil metros quadrados, seguida pela Chácara Santo Antônio, com 16,1 mil metros quadrados.
FIIs de escritórios: veja 11 opções abaixo do VP
Mesmo com a recuperação do mercado, o segmento de FIIs de lajes corporativas segue como o mais descontado entre os chamados fundos de tijolo. Ao fim de março, segundo dados da Economatica, o P/VP médio do setor era de 0,65x, ante 0,61x um mês antes.
A relação P/VP é um cálculo que faz a relação entre o valor de mercado, que flutua o tempo todo enquanto o pregão está aberto, e o valor patrimonial, mais consolidado, atualizado mensalmente. Quando o P/VP fica abaixo de 1, é porque o valor de mercado está abaixo do valor patrimonial por cota (VPC) e, por isso, o ativo por ser considerado “barato”, já que apresenta um potencial de valorização, à medida em que se reaproximar do preço real.
Vale destacar ainda que o VPC leva em conta o patrimônio líquido, que inclui, além do valor dos imóveis investidos, uma eventual alavancagem (endividamento). Isso permite ao investidor obter uma abordagem mais completa da real situação do FII.
Veja abaixo dez FIIs de lajes corporativas com preço de mercado abaixo do valor patrimonial. As datas de referência são o fechamento da última quinta-feira (17), antes dos feriados, e o patrimônio líquido informado por gestoras e administradoras referente ao dia 31 de março.
Ticker | Valor | VP | P/VP |
BROF11 | R$ 48,31 | R$ 109,49 | 0,441x |
BRCR11 | R$ 40,39 | R$ 86,82 | 0,465x |
VINO11 | R$ 5,13 | R$ 10,29 | 0,499x |
AIEC11 | R$ 45,52 | R$ 77,75 | 0,585x |
JSRE11 | R$ 61,26 | R$ 101,91 | 0,601x |
RBRP11 | R$ 46,10 | R$ 75,14 | 0,614x |
RCRB11 | R$ 127,70 | R$ 200,90 | 0,636x |
GTWR11 | R$ 68,80 | R$ 99,69 | 0,690x |
TOPP11 | R$ 70,88 | R$ 98,28 | 0721x |
HGRE11 | R$ 112,99 | R$ 154,21 | 0,733x |
PVBI11 | R$ 77,86 | R$ 104,85 | 0,743x |
Vale a pena investir em fundos imobiliários de lajes corporativas?
Analistas de mercado ressaltam sempre que o preço baixo não pode ser o único indicador a ser levado em conta antes de fazer um investimento em qualquer segmento do mercado de FIIs. É preciso levar em conta outros fatores, como localização dos imóveis, vacância dos empreendimentos e atuação do time de gestão.
No caso dos FIIs de escritórios, é importante ter em mente que a rentabilidade do setor está diretamente atrelada à atividade econômica, que pode ser impactada pelo cenário de juros elevados. Outro fator que pesa é o cenário de juros elevados, com a Selic em 14,25% ao ano e com possibilidade de chegar a 15%.
Leonardo Garcia, analista do Trix, acredita que o cenário ainda é bastante restritivo e destaca que os fundos seguem com dificuldade em entregar dividendos mais atrativos, o que explica a dificuldade de valorização dos ativos. “Os fundos de escritórios, historicamente, apresentam um resultado por cota mais baixo do que outras classes, dada a natureza do ativo e expectativa de ganho de capital na venda do imóvel”, explica.
O especialista aponta que as gestoras devem priorizar a previsibilidade dos dividendos para tornar os FIIs de escritórios como uma opção mais atraente para os investidores. “Isso fortalece a credibilidade da classe como geradora de renda e permite buscar oportunidades para reciclar os portfólios”, conclui.