CLIN11: gestores de fundo de papel projetam ano positivo com queda da Selic

CLIN11 está há menos de um ano no mercado e vem sendo negociado com deságio; fundo distribuiu dividendos de R$ 1,01 em janeiro.

CLIN11: gestores de fundo de papel projetam ano positivo com queda da Selic
CLIN1 vem sendo negociado com deságio - Foto: Pixabay

Mariano Andrade e Carolina Avancini, analistas da equipe de gestão do FII Clave Índice de Preços (CLIN11), projetam um ano positivo para o fundo em 2024, diante das expectativas de queda da Selic que devem aumentar a procura pelo mercado de fundos imobiliários diante da perda de atratividade dos investimentos em renda fixa. 

“Com a queda já programada da Selic, o mercado como um todo tende a se favorecer.No caso dos mercados de CRI, a gente entende que os fundos atrelados ao IPCA tendem a ter bons resultados porque temos um governo mais expansionista, e a garantia da reposição da inflação, com juro real é um ótimo mecanismo de proteção ao investidor”, explicou Carolina sobre a estratégia do FII CLIN11.

“Alguns fundos de papel ficaram para trás durante o ano de 2023 e é natural que os fundos de tijolo tenham capturado esse impacto inicial da queda da Selic, porque as condições de obtenção de crédito ainda são muito restritivas. A gente acha que os novos cortes de juros e o impulso que isso dá na economia deve beneficiar a estrutura sistêmica de dívida e alavancagem e isso deve se refletir nos resultados dos fundos de papel. Ainda mais quando você vê um fundo com deságio que tem operações já estruturadas em andamento, iniciadas a um custo mais alto”, defendeu Andrade.

CLIN11: saiba mais sobre o fundo

Carolina Avancini e Mariano Andrade participaram de live com Marcos Baroni, analista-chefe de Fundos Imobiliários da Suno Research, e tiveram a oportunidade de falar sobre a estratégia adotada na escolha dos ativos do fundo, que está em operação desde junho de 2023.

Com experiências anteriores no mercado, os dois reiteraram que o foco do CLIN11 é a geração de receita por meio da aquisição de ativos de recebíveis, especialmente CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) atrelados principalmente ao IPCA, índice oficial de inflação do país. Esses papéis compõem hoje 87% do patrimônio líquido do fundo, segundo relatório gerencial divulgado na última terça-feira (16).

O PL está avaliado em R$ 433 milhões, e a alocação está feita em 19 diferentes CRIs, sendo 15 atrelados ao IPCA e quatro ao CDI, espécie de “alocação tática” citada pelo professor Baroni e confirmada pelos gestores. O valor por cota é de R$ 99,63, e o fundo vem sendo negociado com deságio em torno de 3%, na faixa de R$ 95. O fundo ainda detém cotas do FII IDUA11, no valor de cerca de R$ 40 milhões.

Em janeiro, o FII CLIN11 distribuiu R$ 1,01 por cota em dividendos, ante R$ 1,10 em dezembro. mês considerado atípico pela amortização antecipada de um dos CRIs da carteira.

Ao longo de dezembro, o fundo imobiliário da Clave adquiriu duas operações, com participação na estruturação de ambas, também atreladas ao IPCA: os CRIs CJ Shops, que vai financiar uma reforma de loja em shopping, com aluguel no formato built-to-suit (BTS) e baixo risco de crédito, e o MRV FLex, que financiará obras residenciais da construtora.

Leia também: Itaú (ITUB4) de casa nova? Banco compra prédio mais caro do Brasil, diz site

Atenção do investidor para a alavancagem dos fundos

Os dois gestores destacaram que o CLIN11 está atento às opções de mercado, mas sem descuidar dos níveis de alavancagem – hoje zerada, segundo o relatório gerencial, o que não significa que o fundo não possa optar eventualmente por ações como operações compromissadas, por exemplo, em que o FII cede temporariamente o CRI, com obrigação de recompra, em troca da antecipação de recursos junto a uma instituição financeira.

“A gente enxerga que operações compromissadas podem ser uma eventual possibilidade de ponte para um eventual descasamento de fluxo de caixa. É uma questão de analisar cada operação do ponto de vista da geração de valor para o fundo e para o cotista. Toda operação traz riscos, isso é da vida no mercado financeiro”, destacou Andrade.

Ele apontou, ainda, que não vê, por definição, uma operação com foco em CDI como mais vantajosa que IPCA. os investidores devem ficar atentos, mas alertou que os investidores devem ficar atentos, na hora do compra, ao mandato do fundo. 

“O cotista tem que saber calibrar suas alocações com consciência e avaliar se o gestor com mandato mais fluido pode realmente ser bom em gerar valor com esse grau de liberdade para a ponderação da carteira”, completou o gestor.Carolina, por sua vez, lembrou que, no caso do CLIN11, a estratégia é mais estável, até pela característica dos ativos. “O fundo não tem a facilidade de negociar os CRIs com tanta liquidez. Na prática é muito difícil girar uma carteira, é um trabalho que leva tempo e requer muita atenção para gerar bons resultados”, concluiu a analista.

Quer construir uma carteira de Fiis alinhada com os seus objetivos? Clique aqui e fale agora mesmo com um especialista.
foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com mais de 20 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

últimas notícias