Especialistas debatem a relação das securitizadoras e os Fundos de CRI

Especialistas debatem a relação das securitizadoras e os Fundos de CRI

Com o recente aumento na taxa básica de juros na semana passada (17), os fundos de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) estão sendo considerados por especialistas como “a bola da vez”. Com diversos ativos indexados aos índices de inflação, a expectativa é de valorização de suas cotas e um possível aumento nos dividendos.

Porém, ainda há muito o que se discutir sobre como funcionam os fundos de CRI e quais elementos o investidor precisa “estar de olho” para não “fazer feio” na hora de investir.

Pensando nisso, o fiis.com.br ouviu dois especialistas e responsáveis pela RB Sec, a plataforma de securitização da RB Capital.

Assim, Flávia Palácios e Felipe Ribeiro responderam às dúvidas da nossa audiência e debateram a seguinte questão: qual o papel das securitizadoras nos fundos de CRI?

As funções das securitizadoras 

Para começar, Flávia Palácios explicou o que é uma securitizadora. De forma muito objetiva, “a securitizadora é a companhia emissora do CRI. No mercado, muita gente acha que os emissores são as companhias devedoras dos CRI, mas quem emite na verdade são as securitizadoras”, reforçou Palácios. 

Complementando, a especialista da RB Sec afirmou que, na prática, “a securitizadora adquire créditos que vão lastrear a operação de CRI”. Ou seja, a securitizadora emite o CRI e vincula o lastro ou as garantias ao CRI.

Ainda em relação ao papel desempenhado pelas securitizadoras na emissão dos papéis, tanto Flávia Palácios quanto Felipe Ribeiro reforçaram a importância dessas empresas no acompanhamento dos CRIs.

Ou seja, na função de emissora, a securitizadora acompanha “a vida do papel” nas seguintes funções: 

E tudo isso é feito ao longo de 10 a 15 anos de duração do papel. 

Mas como uma securitizadora acompanha as operações de CRIs? 

Foi exatamente o que respondeu Felipe Ribeiro. “Uma coisa se encadeia na outra. O momento inicial tem a ver com as estruturas, em relação a construir o que vai ser acompanhado na sequência. Esse momento do acompanhamento é muito importante”. 

Felipe Ribeiro ressaltou que o CRI é um ativo de crédito. Ou seja, a importância do acompanhamento é essencial. 

“Estamos falando de 100, 200, 300 CRIs que são emitidos numa securitizadora e tem muitos que estão ativos. Por isso, é necessário uma equipe capaz e consciente do que é feito no dia-a-dia e na estruturação do CRI”, afirmou Ribeiro. 

Para isso, Ribeiro destacou a importância da securitizadora possuir um sistema para monitorar e acompanhar todas essas demandas, dando suporte à equipe de gestão.

Em complemento, Ribeiro destacou que, se uma securitizadora possui centenas de CRIs, “acompanhar tudo isso não é simples. É necessário o mapeamento de todas as operações para que o trabalho seja bem executado”. 

Diversificação e as securitizadoras

conversa sobre securitizadoras

Debate sobre CRIs, securitizadoras e FIIs no nosso canal do Youtube.

Uma demanda importante em relação aos fundos de CRI se refere à importância na diversificação. Qual deveria ser o nível ideal de diversificação na hora de escolher um fundo que investe em CRIs?

Flávia Palácios respondeu essa questão com cautela. “Em relação aos fundos de CRI, a priori, a diversificação faz muito sentido. Uma das maiores vantagens de comprar a cota de um FII de CRI é justamente a diversificação. Porém, diversificar com quem? Quais são os segmentos e quais são as securitizadoras?”, indagou a especialista.

Em seu raciocínio, ela deixou bem claro que faz total sentido diversificar. Porém, “não há regra que quanto mais diversificar é necessariamente melhor”. 

Palácios então ponderou que o “mais importante é escolher os objetos desta diversificação sem assumir puramente que ‘quantidade é tudo’”. 

Ainda em relação à diversificação, Ribeiro comentou que os fundos de CRI são os ativos com maior nível de diversificação do mercado. “Ele pode ter 50 ativos, só de ter essa quantidade já é uma diversificação de riscos de crédito”, afirmou Ribeiro. 

Portanto, o investidor precisa identificar de fato o grau desta diversificação. Ou seja, o fundo escolhido precisa ser diversificado em relação à quantidade de CRIs, às securitizadoras, aos diferentes indexadores e etc. 

Porém, Ribeiro afirmou que mesmo diversificando as securitizadoras, é necessário não concentrar os riscos. 

Conversa sobre FIIs canal do Youtube

Esse bate-papo entre Flávia Palácios e Felipe Ribeiro foi moderado por Daniel Caldeira, no canal do Fiis.com.br no Youtube, na última segunda-feira (22). 

Confira abaixo, na íntegra:

Toda a semana trazemos convidados para debater os assuntos mais pertinentes ao universo dos fundos imobiliários. 

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foto: Gustavo Silva
Gustavo Silva

Jornalista com doutorado pela UFMG e produtor de conteúdo da unidade de mídias da Suno. Também trabalha no Suno Notícias e Funds Explorer, fazendo a cobertura de FIIs, Fiagro e FI-Infra.

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