Recessão econômica: o que pode acontecer com os fundos imobiliários?
O ano de 2022 foi um período de bastante volatilidade no mercado de fundos imobiliários. Com ano eleitoral, juros e inflação em patamares elevados, além de fatores externos desfavoráveis para a macroeconomia, muitos FIIs registraram fortes quedas em suas cotações.
Mas e com uma eventual recessão econômica, isso poderia afetar o desempenho dos FIIs? Veja o que diz o especialista em fundos imobiliários da Suno Research, Professor Baroni, a respeito desse assunto.
O que pode acontecer com os fundos imobiliários em uma recessão econômica?
Baroni destaca que com uma economia mais fraca, como em caso de uma recessão econômica, o cenário se torna menos propício para a ascensão dos fundos imobiliários.
Já considerando uma economia mais forte, os FIIs tendem a se beneficiar, mesmo que esses impactos não sejam observados no curto prazo, mas em um período maior de análise.
Para embasar essa observação, o especialista traz o seguinte gráfico, elaborado pela Suno Research, a partir dos dados da Economatica e do IBGE.
Conforme o gráfico, com um crescimento do PIB mais desacelerado, como entre os anos de 2012 e 2015, por exemplo, o IFIX tende a se manter lateralizado, com baixa valorização ou até mesmo registrar períodos de queda.
Por outro lado, quando se tem uma aceleração do crescimento do PIB, o IFIX tende a registrar maiores altas.
Por que isso acontece?
Um dos índices de referência a serem observados na performance dos fundos imobiliários é a Selic, a taxa básica de juros do Brasil.
Baroni cria duas situações hipotéticas distintas para o Brasil, analisando esses diferentes cenários sob o ponto de vista dos fundos imobiliários.
Em um contexto em que se tem um risco fiscal mais controlado, com a situação das contas públicas mais “saudável” e um cenário macroeconômico mais favorável que torne possível a aceleração do crescimento do PIB, há estímulos para novas contratações, geração de empregos e eventual queda dos juros.
Com a economia em um melhor cenário, a confiança dos empresários aumenta e as empresas contratam mais e buscam se expandir. Simultaneamente, as pessoas tendem a consumir mais, gerando mais demanda por produtos e serviços.
Para que essas empresas se expandam, há uma maior demanda por “espaço”, ou seja, imóveis precisam ser utilizados.
Justamente nesse cenário que os fundos imobiliários tendem a se favorecer, adquirindo novos inquilinos, criando novos projetos, reduzindo sua vacância e gerando maiores receitas que, consequentemente, trariam melhores retornos aos seus investidores, na forma de rendimentos.
Baroni cita um segundo cenário para o Brasil, em meio a um país com certa dificuldade fiscal e com menor possibilidade de diminuição nas taxas de juros, por meio da Selic.
Assim, haveria um contexto em que os empresários e trabalhadores que geram riqueza e desenvolvimento ao país não conseguem alavancar sua renda, atrapalhando a geração de empregos e, consequentemente, a economia do Brasil.
Com isso, há a possibilidade do crescimento do PIB desacelerar e o país poderia passar até mesmo por uma eventual recessão econômica.
Assim, as empresas adotam uma postura mais “defensiva”, se arriscando menos em novos investimentos e expansão do negócio, enquanto a demanda por produtos e serviços também cai. Essa soma de fatores faz com que a procura por imóveis também diminua, o que acaba prejudicando a capacidade de geração de receita dos FIIs.
Assim, os fundos imobiliários são, segundo Baroni, parte dos financiadores desse crescimento das empresas, fazendo com o desempenho dos FIIs esteja diretamente ligado à situação econômica do Brasil.