A quebra de safra vai prejudicar os Fiagros? Veja a opinião de gestoras
Veja a opinião das gestoras do RURA11 e do AAZQ11 sobre uma possível quebra de safra e as consequências para os fiagros.
O cenário de forte calor e chuvas irregulares afetaram as lavouras de soja e milho da região centro-oeste. Segundo dados publicados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção agrícola será menor este ano, num volume total de 299,8 milhões de toneladas, pelo menos 6,3% menor que no ciclo de 2022/23. Com essa possível quebra de safra, como ficam os Fiagros?
Na visão da Itaú Asset e AZ Quest, embora haja pontos de atenção no mercado em virtude da redução na produção, há um certo exagero do mercado. Em seus últimos relatório gerenciais publicados neste mês de fevereiro, os especialistas não acreditam que toda a cadeia do agro será afetada por essas questões.
Além disso, há receios quanto aos pedidos de recuperação judicial por parte de empresas do setor, o que poderia aumentar ainda mais as desconfianças sobre a viabilidade dos fiagros nos próximos meses.
Como a maioria dos fundos do agronegócio investem na dívida do segmento por meio dos certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs), a saúde financeira das empresas tomadoras é essencial para o sucesso do mercado. Uma das consequências desse pessimismo é justamente a redução do preço das cotas dos Fiagros, com uma possível “fuga de investidores”.
Porém, nem uma possível quebra de safra será catastrófica, tampouco os problemas com algumas empresas devedoras devem afetar os fiagros como um todo, acreditam os especialistas do setor.
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Pessimismo exagerado do mercado?
A Itaú Asset, responsável pelo RURA11, disse que após intensa análise dos dados disponíveis e discussões com diversos produtores rurais, “existe um certo pessimismo exagerado”. A gestora acredita que, de fato, haverá quebra de safra nas regiões do Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia (MATOPIBA), mas a magnitude não será tão forte.
“No Rio Grande do Sul teve 2 anos seguidos de quebra de safra, mas agora estão com uma produção 50% maior. Essa volatilidade faz parte do setor”, diz a gestora em relatório gerencial.
Outro ponto que a gestão do RURA11 foi o nível de inadimplência na cadeia do agronegócio, especialmente o suposto aumento de pedidos de recuperação judicial de produtores rurais.
Atualmente, o Brasil possui cerca de 5 milhões de produtores rurais. E a estatística mais recente divulgada, diz a gestora, indica apenas 80 pedidos de recuperação judicial entre janeiro e setembro de 2023, ou seja, só 0,002% do total.
Na mesma linha, a gestora do AAZQ11 disse que ainda não é possível identificar qual a dinâmica predominante. A gestão disse que o resultado mais evidente foi a “diminuição da liquidez no mercado secundário para empresas de “middle market”, redução da velocidade de desembolso das operações do mercado primário, aumento de garantias e maior cautela do setor”.
Para a AZ Quest não há pessimismo. Os gestores concordam que o setor enfrenta adversidades, porém, “diversas companhias e acionistas caminham na direção contrária ao da ruptura”, destaca.
Na crise vem as melhores oportunidades para os fiagros
Com efeito, a gestora do AAZQ11 projeta o surgimento de situações oportunísticas originadas por necessidade de liquidez ou por menor compreensão dos riscos, em meio à turbulência.
Esse é o mesmo pensamento da Itaú Asset. “Fiagros com bons devedores e boas garantias não devem ser afetados, sendo, inclusive, um momento de oportunidade para aqueles com recursos disponíveis e capacidade de análise”, completa.
Na mesma linha, um relatório da Guide aponta que, em um cenário de risco para o segmento, para minimizar os riscos e não perder boas oportunidades, a corretora afirma que neste momento é necessário observar a liquidez dos fundos e sua diversificação.
Fundo com diversificação em regiões, segmentos e culturas e com boa cobertura de garantias serão mais resilientes diante da quebra de safra e possíveis problemas com devedores.