Prisão na gestão do GGRC11 – Entenda o caso!
A administradora do fundo imobiliário GGRC11, a CM Capital Markets, emitiu no último domingo (24) um fato relevante através do qual comunicou ao mercado que teve conhecimento por informações públicas que alguns dos sócios da gestora do fundo, a Supernova Capital Ltda, estão envolvidos em investigação que corre em segredo de justiça.
A notícia foi veiculada pela imprensa e deu o que falar no último final de semana, diga-se de passagem, haja vista que três sócios da gestora foram presos temporariamente em decorrência da operação que foi realizada pelo MP-GO (Máfia das Falências), e que foi deflagrada nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Em decorrência desta investigação, foram expedidos mandados de prisão, em sede de medidas cautelares temporárias.
Em relação ao fato acima, a administradora destacou, com base nas informações disponíveis até o momento (uma vez que o processo corre em segredo de justiça), bem como nas diligências até o momento empreendidas, que não identificou nenhuma relação entre a investigação, a gestora e eventualmente os fundos por ela geridos.
É preciso deixar claro que não existe, ainda, nenhum indício de que o fundo GGRC11 teria algum envolvimento no caso.
“Não obstante, a administradora permanecerá realizando as diligências necessárias e novas diligências, e caso necessário, novos fatos poderão ser divulgados”, ressaltou a CM Capital.
A administradora destacou, também, que iniciou processos internos de diligência, ao mesmo tempo em que deixou claro que não pode ter acesso a maiores informações sobre o processo, uma vez que o mesmo corre em segredo de justiça.
Enfatizou, ainda, que permanecerá acompanhando os andamentos e eventualmente poderá divulgar novos fatos relevantes.
Já a gestora, a Supernova Capital, soltou, na manhã do dia 25, um comunicado ao mercado através do qual destacou que, durante o últmo final de semana, apresentou ao administrador do fundo todas as informações necessárias que resultaram no comunicado feito pela CM Capital na véspera.
Segundo a gestora, “os fatos noticiados não dizem respeito a qualquer atividade da Gestora, tampouco a quaisquer dos fundos e/ou ativos geridos por ela. As atividades dos fundos e da gestora permanecem normalmente, em pleno funcionamento, sem qualquer tipo de interrupção na sua rotina operacional, sendo que os sócios não participam da equipe de gestão dos fundos”.
Completou, ainda, enfatizando que as notícias veiculadas se referem a investigação que tem como objeto a aquisição de créditos estressados de empresa em recuperação judicial no estado de Goiás, e que tais operações em nada se relacionam a qualquer atuação da gestora e/ou envolvem quaisquer ativos dos fundos.
“A gestora ratifica seu compromisso com os mais elevados padrões éticos e de compliance, tendo como foco a gestão de fundos imobiliários, não atuando em operações de créditos estressados”, concluiu a Supernova Capital.
Em relação à operação, em si, não se tem absolutamente nada a comentar, muito por conta de ser uma situação, como a própria administradora e a gestora destacaram, que se encontra em segredo de justiça e, por conta disso, não se pode avaliar qualquer culpa ou dolo dos envolvidos (qualquer afirmação nesse sentido nesse momento, de quem quer que seja, seria mera especulação).
O que se sabe, contudo, é que na última semana o fundo apresentou uma queda “atípica” no preço de suas cotas, motivada muito provavelmente pela recomendação de venda de uma renomada casa de análises, mas por motivos que nada têm a ver com a operação acima destacada (o analista deixa claro a motivação de sua recomendação de venda do GGRC11, no relatório em questão).
Em relação a essa situação, sabe-se, também, que existe toda uma conjuntura jurídica ao redor de um fundo imobiliário.
A Supernova, portanto, é uma gestora, ou seja, a empresa que presta serviço de inteligência imobiliária ao fundo, ao passo que a proteção fiduciária é feita pela administradora, ou seja, a CM Capital Markets, que nada tem a ver com o caso.
Em outras palavras, pela legislação, o responsável pelo patrimônio do fundo é o administrador.
O gestor faz a gestão, mas o responsável ainda é o administrador, e o patrimônio do fundo e do administrador não se comunicam.
Dito isso, eventuais crimes praticados pela gestora (o que ainda nem se cogita) não afetariam essa relação, o que pode ser traduzido como mais um ponto de segurança aos cotistas, não só do GGRC11, mas de todo fundo imobiliário.
Contudo, é inegável que, diante dessa situação, existe a possibilidade de que o saldo remanescente em caixa do GGRC11 demore mais para ser alocado, uma vez que sua gestão se encontrará “desfalcada” até que novos acontecimentos frente a operação de desdobrem.
Nesse momento, é importante que os investidores tenham serenidade ao lidar com a situação.
É provável que as cotas caiam, mas é natural que posteriormente as pessoas percebam que o FII é “protegido” juridicamente do que acontece que os operadores pessoa física que atuam na sua gestão.
Basta lembrar do BTG e dos fundos imobiliários sob a sua administração, que quando atravessaram situações parecidas, não tiveram os FIIs afetados no decorrer do tempo, embora no curto prazo tenha se visto certa desconfiança do mercado.
No mais, na ocasião dos atuais acontecimentos que envolvem o fundo imobiliário TBOF11, escrevemos sobre a importância da qualidade da gestão, que é quem, de fato, toma conta do patrimônio dos cotistas.
Não há dúvidas, portanto, que esse episódio, apesar de lamentável, mas ainda sem nenhum tipo de condenação, servirá como teste de fogo para muitos cotistas que mantém o seu foco nos ativos presentes nos fundos e nas suas perspectivas futuras.
Seja crítico e racional, pois assim os seus resultados serão muito mais positivos e sustentáveis no longo prazo.