Fiagros sem crise: conheça 5 fundos sem calote na carteira

Quer investir em Fiagro mas ficou com receio de notícias negativas sobre o setor? Então confira Fiagros com bom desempenho, liquidez e que mantiveram a inadimplência zerada

Fiagros sem crise: conheça 5 fundos sem calote na carteira
SNAG11: Fiagro anuncia dividendos de 13,24% ao ano. Foto: iStock

Depois de dobrar de tamanho ao longo de 2023, o mercado de Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) começou a ser alvo de sinais de alerta do mercado nos últimos meses por causa da inadimplência de alguns agentes do agronegócio que, afetados por safras menores que o esperado, não cumpriram com o pagamento esperado de seus Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).

Com isso, alguns dos fundos em operação no mercado tiveram impacto em sua arrecadação e na consequente distribuição de dividendos aos cotistas. Além disso, na condição de credores, esses Fiagros precisaram renegociar algumas dívidas, concedendo waivers (carências) aos devedores e descontos em juros devidos.

Analistas, no entanto, apontam que trata-se de um evento localizado, que afetou especialmente empresas que já vinham longe das melhores condições de crédito, numa fatia pequena do mercado: levantamento do jornal Valor Econômico aponta que o valor dos CRAs em atraso chega a cerca de R$ 220 milhões – conta que considera o valor total das operações, e não as parcelas inadimplentes. 

Esse valor é de cerca de 2% do mercado de Fiagros, que apresentava um estoque ao fim de março de cerca de R$ 10,8 bilhões sob custódia, com 506,4 mil investidores, de acordo com dados da B3.

Leia também: Investidores dobram em um ano e gestão garante segurança de Fiagros durante temor de crise

Sem calote: conheça Fiagros sem inadimplência até agora

Para o investidor, a escolha de um bom Fiagro deve levar em conta, segundo especialistas, a diversificação da carteira e o risco adotado pelas gestoras na hora de adquirir os títulos de dívida. “A boa gestão de um Fiagro precisa, ao fazer uma análise de créditos, entender os riscos do agronegócio e entender que o produtor não vai ter a mesma produção em todas as safras”, avisa Lenon Barbosa, analista de agronegócio da Suno.

O Fiagro SNAG11, sob gestão da Suno Asset, é um dos fundos do setor que permanece com inadimplência zerada. Com patrimônio líquido de R$ 503,9 milhões, equivalente a R$ 10,07 por cota, o fundo atua com alocações pulverizadas junto à Boa Safra (SOJA3) e também detém a propriedade de imóveis alugados a produtores rurais.

Com dividendos de R$ 0,105 por cota distribuídos nos últimos meses, o SNAG11 tem um dividend yield anualizado de 13,2% e, com mais de 87 mil cotistas, tem se mantido como um dos mais negociados na B3 ao longo dos últimos meses.

Abaixo, selecionamos outros Fiagros com bom desempenho, liquidez e que mantiveram a inadimplência zerada, segundo os últimos relatórios divulgados.

FiagroPL (milhão)VPCDividendos (R$)Cotistas
SNAG11503,910,070,10587000
KNCA112230103,461,1463028
RURA111603,810,020,10370241
RZAG11649,79,550,10587411
FGAA114329,580,148702
AAZQ11230,69,60,1228689
OIAG11889,750,10513233

Fiagros: entenda como investir 

O funcionamento de um Fiagro é semelhante ao de um fundo imobiliário (FII), só que voltado especificamente para o financiamento do agronegócio. O fundo tem seu patrimônio dividido em cotas e alocado em diferentes ativos, que podem ser reais, como terras e silos de armazenagem, ou operações de crédito, como os CRAs.

Desde janeiro, quando houve um aperto da regulamentação do mercado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), os CRAs só podem ser emitidos por empresas diretamente envolvidas na produção agrícola. Nessa lista entram produtores, fabricantes e revendedores de sementes e insumos, entre outros agentes. Os títulos, com remuneração atrelada ao IPCA ou ao CDI, são lastreados diretamente à produção, e pagos com o dinheiro arrecadado com a venda da colheita obtida.

Algumas dessas CRAs são pulverizadas e contam com lastro em cédulas do produtor rural, que são os títulos de dívida emitidos por pessoas físicas. Nesse caso, a venda da safra gera o pagamento ao vendedor de sementes, por exemplo, e este por sua vez repassa o valor ao credor do CRA.

Essa operação, segundo analistas, reduz o risco de inadimplência desde que seja bem feita, com o dinheiro entregue a empresas e produtores de confiança e monitoramento frequente das condições de crédito e também das operações no campo.

Dos pagamentos das operações saem os dividendos dos Fiagros, apurados mensalmente e distribuídos aos cotistas – assim como nos FIIs, com isenção de imposto de renda. O investidor em Fiagro só é tributado no ganho de capital obtido na venda das cotas, em 20% do lucro, valor que deve ser apurado e pago mensalmente, como também acontece com os fundos imobiliários.

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Atenção: a primeira versão deste texto tinha uma informação incorreta, com a inclusão do Fiagro VGIA11 na tabela; na verdade, o fundo enfrenta inadimplência de um de seus devedores, o grupo Languiru. O texto foi corrigido em 18/04/2022, às 18h30.

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foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com mais de 20 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

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