FII de logística corre risco de calote da Casas Bahia (BHIA3)? Entenda o caso
FII HSLG11 tem 37,9% de suas receitas vindas de contratos com varejista, que apresentou plano de recuperação extrajudicial.
O Grupo Casas Bahia (BHIA3) deixou o mercado agitado na semana passada ao apresentar um plano de recuperação extrajudicial, com a intenção de mudar seu perfil de endividamento e melhorar sua estrutura de capital. O FII HSI Logística (HSLG11), por sua vez, apressou-se em dizer que não teme o risco de inadimplência nas operações que tem acordadas com o grupo varejista.
“A gestão do fundo comunica que tais medidas não afetam a relação entre as partes, incluindo o espaço atualmente ocupado pelo locatário e os respectivos valores pagos ao Fundo”, escreveu a gestão em comunicado ao mercado.
Um dos principais FIIs de logística do mercado, com patrimônio líquido de R$ 1.306.981.868, o equivalente a R$ 103,24 por cota, o HSLG11 detém a propriedade integral de cinco galpões, com área bruta locável (ABL) total de 456.800 metros quadrados, 100% de ocupação física e sem registros de inadimplência nos últimos 12 meses.
A Casas Bahia é a principal locatária em dois desses espaços, em São José dos Pinhais (PR) e Contagem (MG), ambos na região metropolitana das respectivas capitais, Curitiba e Belo Horizonte. No caso de São José dos Pinhais, o contrato de aluguel é na modalidade atípica, ou seja: em geral, de longa duração e com previsão de multas até o fim da data original do acordo. Em Contagem, o aluguel é na modalidade típica. O FII HSLG11 não detalhou no relatório os vencimentos dos contratos.
A varejista é responsável pela maior receita isolada entre os inquilinos do FII HSLG11, com 37,9%. No relatório gerencial de março, a renda reportada pelo FII com alugueis ficou em R$ 10,817 milhões, o que significa que a Casas Bahia desembolsa mensalmente cerca de R$ 4,1 milhões ao fundo imobiliário HSLG11.
FII HSLG11 e Casas Bahia: entenda o plano
Empresas que apresentam planos de recuperação judicial ou extrajudicial o fazem geralmente para quitar e remodelar dívidas já vencidas, ou em busca de uma reestruturação que reduza juros e amplie prazos de pagamento, justamente para garantir a adimplência nas operações de capital de giro.
É o caso dos galpões logísticos do HSLG11 ocupados pela Casas Bahia: em tese, a empresa deveria comunicar ao mercado qualquer mudança de estratégia que a levasse, por exemplo, a reduzir operações e desocupar total ou parcialmente os imóveis.
Como isso até agora não aconteceu, a presunção do mercado é de que o plano sirva, também, para garantir a pontualidade nos pagamentos devidos ao fundo, entre outros credores.
O HSLG11 distribuiu nos últimos meses dividendos de R$ 0,74 por cota, que representam um dividend yield anualizado na casa de 9%. O FII fechou o pregão desta segunda-feira (6) negociado a R$ 91,49 por cota, bem descontado na comparação com seu valor patrimonial, numa relação P/VP de 88,6%.