Com retorno acima de 20% no ano, SNEL11 pode lucrar com aumento da conta da energia
Fundo imobiliário que investe no desenvolvimento e gestão de usinas fotovoltaicas, SNEL11 vem se destacando no mercado de FIIs.
O SNEL11, fundo imobiliário da Suno Asset que explora a geração de energia renovável por meio da construção e locação de usinas fotovoltaicas, que geram energia a partir da luz do sol, registrou o principal retorno do ano entre os FIIs que fazem parte do IFIX, com 21,24%, segundo levantamento da Quantum Finance, publicado inicialmente pelo site Seu Dinheiro.
O período foi considerado entre 2 de janeiro e 5 de setembro, e levou em conta a valorização das cotas e o pagamento de dividendos. No caso do SNEL11, os valores foram adaptados para levar em conta o desdobramento das cotas, na proporção de 1:15, realizado no fim de junho.
Os dividendos no SNEL11 foram de R$ 0,10 nos três meses após o desdobramento – o de setembro será pago na semana que vem, no dia 25. E, embora não haja projeção de aumento no guidance da gestora para os proventos, o fundo pode ter um aumento de receitas nos próximos meses por causa da mudança na bandeira tarifária de energia.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que desde o início do mês de setembro está valendo a bandeira tarifária vermelha de patamar 2, com aumento de R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos pelos usuários.
Essa mudança é atribuída à previsão de escassez de chuvas, que compromete a geração de energia no Brasil, que tem como principais matriz as usinas hidrelétricas, e pode causar impacto direto na conta de luz dos cidadãos, mas ao mesmo tempo proporcionar um retorno mais significativo para o SNEL11.
Fundo imobiliário de usinas? Entenda o caso
O FII SNEL11 é considerado um fundo imobiliário de desenvolvimento, que investe na construção e na locação de Usinas Fotovoltaicas (UFVs), que geram eletricidade a partir da luz solar.
As receitas do fundo não vêm, no entanto, da venda da energia gerada, mas da locação dos empreendimentos para grupos que se beneficiam dos créditos de energia, permitindo-lhes obter descontos de aproximadamente 15% a 25% em suas contas de luz.
Em julho, com a redução das chuvas, a Aneel havia mudado a bandeira tarifária para a amarela, com impacto menor na conta. Ao mesmo tempo, a agência reguladora já projetava um aumento de 5,6% nas tarifas, superando o IPCA, que não deve passar de 4,5% nas projeções mais pessimistas.
Guido Andrade, analista da Suno Asset, gestora do SNEL11, explica que, quando as tarifas de energia aumentam, o custo para alugar essas usinas também se eleva, resultando em um retorno mais significativo para o fundo. “A resposta curta é que tarifas maiores possibilitam maior valor do aluguel das usinas”, afirma o especialista.
De forma simplificada, o grupo que aluga a usina utiliza a energia que ela gera. Se esse grupo paga R$ 1.000 por mês à distribuidora, ao consumir a energia gerada pela usina, ele compensa esse valor, não desembolsando nada para a distribuidora. Em vez disso, paga um aluguel pela usina, digamos R$ 700. Assim, ele gasta R$ 700 em vez de R$ 1.000.
Agora, se a tarifa de energia aumentar e a conta subir para R$ 2.000, é razoável que o aluguel da usina também seja reajustado na mesma proporção, resultando em R$ 1.400, por exemplo.
Quais os riscos do investimento no SNEL11?
Em relação aos riscos de rescisões contratuais, Guido Andrade afirma que no fundo imobiliário SNEL11 existem dois grandes tipos de contrato, sendo que nenhum deles possui risco direto de rescisão/redução devido a aumento na tarifa de energia.
Além do aumento da conta de energia, outras situações econômicas podem influenciar o negócio, como taxas de juros, inflação e nível do consumo de energia.
Outros riscos são atrasos nas obras e na ligação das usinas ao Sistema Elétrico Nacional. No caso do SNEL11, todas as usinas construídas com o valor captado na primeira emissão de cotas já estão concluídas e conectadas ao sistema, com contratos em vigor e geração de receita.
As obras das usinas que estão sendo construídas com a verba captada na segunda emissão estão em andamento, e a gestão faz o acompanhamento diário das construções, além de manter contato com a Aneel para acelerar o processo de ligação das usinas.
Cotação snel11
Hoje, o fundo imobiliário SNEL11 tem um valor patrimonial por cota de R$ 7,20 e vem negociando com forte ágio: fechou nesta terça-feira cotado a R$ 9,16, uma relação P/VP de 1,27x.