Fundos imobiliários de energia crescem com isenção tributária e dividendos mensais
Fundos imobiliários com foco em geração de energia, como o SNEL11, vêm ganhando espaço no radar de investidores:


No universo dos investimentos em infraestrutura energética, uma nova fronteira vem ganhando espaço no radar de investidores: os fundos imobiliários com foco em geração de energia, como o SNEL11.

A combinação de alta eficiência tributária com distribuição mensal de dividendos tem tornado esses veículos cada vez mais atrativos — especialmente quando comparados às tradicionais companhias listadas do setor elétrico.
Dados do primeiro trimestre de 2025 mostram um contraste marcante entre a carga tributária enfrentada por empresas como Engie, Eneva, Auren e Eletrobras. A Auren, por exemplo, registrou uma alíquota efetiva de impressionantes 79%, seguida por Eneva (35%) e Engie (25%). Mesmo a Eletrobras, recentemente privatizada, destinou 43% da geração ao pagamento de tributos.
No extremo oposto do espectro, fundos estruturados dentro do arcabouço dos FIIs apresentaram alíquota efetiva zero, uma assimetria que se explica pelo desenho legal dos fundos imobiliários no Brasil. Ao atender certos critérios, como ter cotas negociadas em B3 e um número mínimo de cotistas, esses veículos desfrutam de isenção de imposto de renda sobre os dividendos distribuídos a pessoas físicas.
A legislação, criada originalmente para impulsionar o setor imobiliário, acabou se mostrando particularmente eficaz quando aplicada a ativos de geração de energia com contratos de longo prazo.
Fundos imobiliários de energia: outras vantagens
A eficiência tributária é apenas parte do apelo. Os fundos também têm atraído investidores pelo fluxo previsível de caixa. Ao contrário das ações de empresas do setor elétrico, que muitas vezes pagam dividendos apenas duas vezes ao ano, os FIIs distribuem dividendos mensais. Isso cria uma ponte entre o mundo do varejo e os ativos de infraestrutura, tradicionalmente restritos a grandes investidores institucionais.
“É um modelo que atende tanto a necessidade de previsibilidade quanto a busca por proteção contra a inflação, já que muitos desses contratos de geração são indexados a IPCA ou IGP-M”, explica um gestor do setor. Ele destaca ainda que, em um contexto de juros altos, a atratividade relativa dos fundos de energia se intensifica.
O SNEL11 se posiciona entre os fundos que têm capturado essa tendência. O fundo imobiliário com gestão da Suno Asset investe em usinas solares e segue a lógica de retorno estável e recorrente. O fundo já acumula patrimônio de R$ 311 milhões.
Na semana passada, distribuiu dividendos de R$ 0,10 por cota, mesmo valor pago desde o início do ano. O dividend yield ficou em 14,74%, praticamente igual à atual Selic, só que sem tributação sobre os proventos. Embora não seja o único, o SNEL11 é um exemplo de como a estrutura jurídica pode tornar mais eficientes ativos que, operacionalmente, são similares aos das companhias abertas.
Para muitos analistas, a migração de capital para fundos de energia ainda está no início. “O investidor começa a perceber que, em vez de comprar ações de uma empresa geradora com elevada carga tributária, pode acessar ativos similares com isenção, governança simplificada e distribuição mensal. É uma mudança estrutural de paradigma”, afirma um especialista do setor.
À medida que o debate sobre reforma tributária avança e a pauta ESG ganha relevância, fundos imobiliários com perfil de infraestrutura limpa e alta eficiência fiscal devem continuar conquistando espaço. Para o investidor de longo prazo, esse pode ser o início de uma nova era no mercado de energia.