Guerra entre Rússia e Ucrânia pode impactar os fundos imobiliários?

Guerra entre Rússia e Ucrânia pode impactar os fundos imobiliários?

Os conflitos envolvendo a guerra entre Rússia e Ucrânia tem movimentado fortemente os mercados nas últimas semanas. Este tem sido o principal acontecimento que trouxe variações nos ativos de renda variável, o que inclui também os que estão associados ao segmento imobiliário, como fundos imobiliários no Brasil.

Nesse momento, é comum que os investidores fiquem com dúvidas a respeito de como esse isso pode continuar influenciando nos mercados, sobretudo no que diz respeito aos fundos imobiliários (FIIs), nos mais variados setores.

Nesse caso, o Professor Baroni buscou esclarecer em uma live quais seriam esses impactos, em uma conversa com Lucas, do canal Lucas FIIs, nesta última quinta-feira (3). Primeiramente, é importante trazer um entendimento de como os fatores da economia Russa estão relacionados ao mercado brasileiro.

Impactos da guerra no mercado brasileiro

O Brasil tem A Rússia como um de seus maiores importadores, responsável por cerca de 2,6% da importação total, conforme dados do ano de 2021. Além disso, grande parte dos fertilizantes químicos e adubos vem do território da Rússia, o que mostra que os problemas de importação podem pressionar ainda mais os índices inflacionários no Brasil.

Com a Ucrânia esse impacto se torna menor, embora os números sobre a importação vinda deste país também podem aumentar essas possíveis preocupações para o futuro. No cenário internacional, o que mais preocupa nesse momento é o aumento do preço do barril de petróleo, já que a Rússia é uma das maiores exportadoras da commodity e seus derivados.

Todos esses fatores, associados a escalada dos conflitos, acaba gerando um cenário de maior inflação no Brasil. Com isso, os principais índices, como IPCA e IGP-M, podem ter ainda mais avanços, conforme se tem novas consequências da guerra.

Os fundos imobiliários serão impactados?

Em um contexto de incertezas sobre a guerra, é difícil saber com certeza quais as consequências exatas que se pode ter mais a frente. Segundo o professor Baroni “Nesse tipo de situação é importante viver um dia de cada vez. De repente eles se reúnem e resolvem cessar-fogo e tudo se ajeita, a vida segue. Ou não, as situações aumentam, começam a falar em riscos nucleares e o estresse chega ao extremo.

Ele ainda acrescenta que “não dá para saber, é um dia de cada vez”. Apesar dessas possibilidades, foi dito por Baroni e Lucas que provavelmente o mercado já estaria precificado, sendo o mais importante nesse momento acompanhar os desdobramentos da situação. Isso é pensado não só por eles, mas por boa parte dos especialistas do mercado.

Quais setores de fundos imobiliários poderiam sofrer mais nesse contexto?

Com os dados de importação entre Rússia e Brasil que já foram contextualizados, é importante se observar os riscos na cadeia de suprimentos que podem surgir, que por consequência, impactariam em seus preços.

Com isso, os fundos imobiliários (FIIs) mais impactados poderiam ser os que estão relacionados ao agronegócio, principalmente os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), que por sua vez, ainda tem baixa liquidez, por serem uma novidade no mercado.

Nesse sentido, o professor Baroni destaca que “Devido à baixa liquidez dos Fiagros, o setor pode ser fortemente prejudicado. Ainda mais porque esses fundos estão nascendo como um produto de crédito e para o produtor. Qualquer mudança nas variáveis pode impactar as perspectivas futuras das safras”.

Outro segmento de fundos imobiliários que podem ser impactado é o logístico. Os países envolvidos no conflito se apresentam no cenário internacional como grandes exportadores de milho, trigo e soja. Qualquer interrupção dessas exportações poderia impactar grandes empresas, como Ambev (ABEV3) e BRF (BRFS3), que são inquilinos de fundos logísticos.

Apesar do professor Baroni não acreditar que isso traria problemas ainda mais sérios como rompimentos de contratos, ele levanta essa possibilidade como um risco, frente aos possíveis problemas envolvendo a exportação e encarecimento desses produtos.

Quais fundos imobiliários poderiam se beneficiar nesse cenário?

O contexto de instabilidade e incertezas não é algo favorável para grande parte dos ativos de renda variável. No entanto, em um possível cenário de pressão sobre os preços, assim como um aumento da inflação, é possível haver a manutenção dos juros em alta no Brasil, que poderiam trazer benefícios aos fundos imobiliários de crédito.

Os fundos imobiliários de crédito tem seus rendimentos reajustados conforme índices de inflação e a própria taxa de juros, como, por exemplo, o IPCA e o CDI. Após uma retomada do Banco Central na política de aumento das taxas de juros em 2021, a expectativa era de isso se desacelerasse em 2022, em um cenário distinto ao de guerra entre Rússia e Ucrânia.

Com esse novo fato ocorrendo, a política monetária do Bacen pode ser alterada frente a uma arrancada da inflação e do aumento de preços de produtos essenciais aos brasileiros. Sendo assim, os ganhos dos fundos de crédito podem se repetir nesse ano, conforme apontou Lucas e Baroni.

Apesar de todo esse contexto de incertezas, o professor Baroni aponta que “O mercado de fundos imobiliários já passou por outras crises e momentos de estresse sem grandes sobressaltos. Na época em que estamos, quando há volume alto de rendimentos e preços descontados, a margem de segurança é maior”.

Sendo assim, os fundos imobiliários se mostram como uma opção segura, mesmo em meio aos conflitos, devido à baixa volatilidade histórica nos preços nos últimos anos em situações de estresse, e pelo fato do mercado já estar muito descontado e precificado em meio a crise.

Quer construir uma carteira de Fiis alinhada com os seus objetivos? Clique aqui e fale agora mesmo com um especialista.
foto: João Vitor Jacintho
João Vitor Jacintho

Redator profissional, com atuação no mercado editorial na produção de notícias e conteúdos sobre o mercado de ações, criptomoedas, fundos imobiliários e economia popular. Graduando em Engenharia Química pela Unesp, também já trabalhei como consultor financeiro.

últimas notícias