Selic vai subir? Veja os FIIs que ganham mais com juros altos
Selic está parada em 10,5% desde maio e dados recentes de inflação e mercado de trabalho podem levar Copom a retomar altas.
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, está parada em 10,5% ao ano desde a reunião de maio do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), quando houve o último corte, de 0,25 ponto percentual, interrompendo o ciclo de quedas de meio ponto que vinha desde julho de 2023.
Alguns números recentes de inflação e mercado de trabalho, no entanto, fazem com que alguns analistas cogitem a possibilidade de alta na Selic, embora essa tendência ainda não seja consenso e o Focus de segunda-feira (26) tenha vindo, pela décima semana consecutiva, com a projeção de taxa mantida em 10,5% até o fim do ano, enquanto a projeção do Focus para o IPCA de 2024 subiu nas últimas seis semanas, chegando a 4,25%.
“O Banco Central deve manter uma postura cautelosa, possivelmente elevando a Selic para controlar a inflação e atrair capital estrangeiro, visando proteger a moeda nacional. Para as empresas, é um momento crucial para considerar a aquisição de crédito, aproveitando as condições atuais de taxas de juros antes de um possível aumento”, aponta Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, acredita que o BC deve se questionar, diante dos dados de atividade econômica, se o aperto monetário está em um patamar suficiente para controlar a inflação. Ele acredita, no entanto, que os cortes de juros nos EUA devem ajudar o Copom na perseguição da meta sem necessidade de aumento da Selic no curto prazo.
Rafael Ohmachi, da RB Capital Asset Management, afirma que existe margem para que a Selic possa subir, mas aponta que o IPCA-15 de agosto, divulgado nesta terça-feira (27) em 0,19%, deve reduzir as pressões inflacionárias, aliada à queda do dólar. “Tudo isso e a indicação do FED de início de corte de juros em setembro, são fatores que permitem uma possível estabilidade da taxa de juros no patamar atual”, aponta o analista.
Selic a 10,5%: FIIs que saem ganhando
Uma eventual alta na Selic seria benéfica para os FIIs de papel, especialmente aqueles que têm a maior parte de seu portfólio em títulos com remuneração atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), taxa que oscila paralelamente aos juros básicos da economia brasileira.
Assim, se a Selic sobe, o CDI tende a subir e, consequentemente, as receitas desses fundos também aumentam, assim como, possivelmente, a distribuição de dividendos. A equipe do FIIs.com.br levantou alguns fundos imobiliários que apresentam forte exposição a títulos remunerados pelo CDI:
Já os fundos de tijolo podem ser prejudicados, especialmente no curto prazo, na visão de Rafael Ohmachi, da RB Capital, em função do maior custo de oportunidade que uma alta eventual da Selic deve proporcionar aos investidores, mas acha que o resultado pode ser diferente num momento posterior.
“Se uma alta de juros agora em setembro permitir um maior fechamento na ponta longa da curva de juros, isso deveria reduzir a taxa de desconto em uma avaliação de ativo. Nesse sentido, o valor do imóvel deveria aumentar em função desse fechamento das taxas longas”, explica o gestor.
A próxima reunião do Copom, com possível decisão sobre alta da Selic, será realizada em 17 e 18 de setembro, mesmo dia em que o Fed divulga nova decisão sobre os juros nos EUA.