BB destaca impacto dos FIIs no financiamento no mercado imobiliário
FIIs contribuem para consumo de maior quantidade de CRIs, ferramenta usada pelo mercado diante da dificuldade com outras fontes.
Eficiente na atração de investidores, o mercado de FIIs tornou-se um financiador importante do mercado imobiliário no Brasil, com participação crescente na aquisição de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), os títulos de dívida que vinculam o setor ao mercado de capitais.
Essa relevância foi citada em relatório setorial divulgado pelo Banco do Brasil sobre os fundos imobiliários de recebíveis, os chamados FIIs de papel. O documento aponta que o financiamento de projetos imobiliários vai recursos da poupança caiu nos últimos anos, devido a uma combinação que envolve maior quantidade de projetos, aumento dos custos e maior volume de saques do que aplicações na poupança.
“Assim, muitos projetos acabam sendo financiados por meio da estruturação de CRIs, que não teriam apelo para serem adquiridos por investidores pessoa física em razão da complexibilidade, mas são consumidos pelos FIIs”, aponta o texto, assinado pelo analista de investimentos André Oliveira.
O relatório destaca o aumento no estoque de CRIs nos últimos anos, que saltou de R$ 77 bilhões, em 2019, para R$ 208 bilhões neste ano, com mais de 100 emissões realizadas no primeiro semestre. E vale lembrar que o Conselho Monetário Nacional fez alterações na regulamentação do setor que limitaram o uso de CRIs apenas a agentes diretamente envolvidos no setor imobiliário.
Com isso, o mercado de FIIs de papel cresceu, chegando a mais de R$ 58 bilhões sob custódia, o equivalente a 40% da atual formatação do IFIX, com 112 fundos selecionados em maio pela B3.
FIIs de papel: outros destaques do BB
Sem recomendações de investimento, o relatório do BB destaca que os fundos imobiliários de papel que fazem parte do IFIX vêm pagando um dividend yield anualizado médio na faixa de 12,3%, acima da Selic, e eram negociados, em 16 de julho, com um desconto médio de 7%, em uma relação P/VP de 0,93x, o que representa um potencial de ganho de capital.
Um levantamento com os 15 principais fundos do setor, na visão do banco, mostra ainda uma média de 69 ativos por portfólio, em média, entre os quais se destaca o IRDM11, com 163 operações adquiridas, e uma duration média de 3,5 anos, superada pelo CPTS11 e pelo VRTA11, ambos com prazo médio de vencimento superior.
Os FIIs analisados, em sua maioria, optam por títulos atrelados ao IPCA, com taxa média de aquisição de 7,87%. O BB projeta Selic de 10,5% ao fim deste ano e uma queda para 9,5% em 2025, com IPCA de 4% em 2024 e 3,9% no ano seguinte.