Como a deflação afeta os fundos imobiliários? Veja o que dizem os especialistas

Com o IPCA mais baixo, os fundos imobiliários de papel tendem a pagar menos dividendos, mas nem todos vão "sofrer".

Como a deflação afeta os fundos imobiliários? Veja o que dizem os especialistas
fundos imobiliários. foto: Pixabay

Os investidores de fundos imobiliários não precisam ficar preocupados com a queda da inflação do mês de agosto, que alcançou -0,02%. Os fundos de papel, com ativos indexados à inflação, tendem a pagar rendimentos menores com a inflação em patamares negativos. Mas os especialistas consultados pelo FIIs.com.br afirmam que o impacto não deve ser grande.

Apesar da inflação ter ficado abaixo do esperado, o resultado ficou dentro da margem de erro estipulada pelo mercado, afirma Rafael Ohmachi, gestor da RB Capital, responsável pelos fundos RRCI11 e RFOF11

De forma geral, os meses de julho, agosto e setembro são meses em que sazonalmente há um baixo nível de inflação. Por isso, o gestor explica que “apesar da deflação no mês, espera-se que no 4° trimestre o IPCA volte a subir. Desta forma, a gestora avalia que o impacto para FIIs deve ser neutro. 

Alguns fundos imobiliários sofrerão menos com a deflação de agosto

Neste cenário, nem todos fundos de papel, que investem em CRIs sentirão o “IPCA negativo”. Felipe Sousa, analista de FIIs da Eleven, comenta que alguns fundos imobiliários conseguem amortecer os efeitos da deflação. 

“Os fundos que distribuem regime caixa terão maior facilidade em linearizar este resultado e podem eventualmente não sofrer com nenhum impacto negativo, caso possuam reservas para tanto”, destaca o analista. 

Porém, os FIIs que distribuem por regime de competência, deverão sofrer repassando a deflação, o que impactará os rendimentos.

O regime de caixa registra receitas e despesas no momento em que o dinheiro é recebido ou pago pelo FII, enquanto o regime de competência contabiliza as transações na data em que ocorrem, independentemente do fluxo de caixa. 

Sousa ressalta que, na ausência de uma cláusula de proteção que determine explicitamente que apenas a variação positiva do IPCA será considerada para a distribuição de resultados, os rendimentos distribuídos podem cair. No caso, esta cláusula é firmada na constituição do CRI,

Vale levar em consideração que a distribuição dessa inflação ocorre com 2 a 3 meses de defasagem, em regra. Ou seja, a deflação será sentida no “bolso” do investidor de FIIs entre os meses de novembro e dezembro. 

O IPCA deve ser maior até o fim do ano

Por outro lado, o mercado está mais preocupado com o retorno da inflação a patamares positivos nos próximos meses. Ohmachi comenta que a inflação o pode retornar mais forte, principalmente em função da atividade econômica aquecida. 

“Caso se materialize, e é o que se tem visto na curva de juros, é a maior probabilidade do Banco Central vir a aumentar a taxa Selic”, comenta o gestor. Os especialistas do Boletim Focus têm a expectativa que os juros terminem o ano em 11,25%. 

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foto: Gustavo Silva
Gustavo Silva

Jornalista com doutorado pela UFMG e produtor de conteúdo da unidade de mídias da Suno. Também trabalha no Suno Notícias e Funds Explorer, fazendo a cobertura de FIIs, Fiagro e FI-Infra.

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