“Fiagros são grandes financiadores do agronegócio”, explica diretor da Suno
O Fiagros tem margens atrativas e está num setor resiliente, mas precisa avançar em governança, segundo diretor da Suno Asset.
O segmento do agronegócio relacionado aos Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagros) apresenta boas margens, porém, ainda está em processo de desenvolvimento e avanços em termos de governança, afirmou Octaciano Neto, diretor de Agronegócio da Suno.
Durante uma live para o canal do professor Baroni, o especialista esclareceu dúvidas sobre o setor e mencionou que as recuperações judiciais envolvendo alguns players são proporcionalmente pequenas em relação ao tamanho total do mercado.
“Considero que a régua de governança no agronegócio está se desenvolvendo, sendo mais baixa se comparados à indústria imobiliária e à indústria de infraestrutura. Por outro lado, estamos lidando com um setor que teve um dos maiores crescimentos do Brasil. É um setor mais globalizado e resiliente em relação à economia nacional”, afirma Neto.
Um time de gestão que entenda do setor agro é fundamental para garantir uma busca constante por ativos de qualidade e uma gestão eficiente da carteira. Isso inclui análises robustas de crédito e informações completas e profundas sobre as teses de investimento.
Por exemplo: segundo Octaciano, um dos pilares da Suno Asset, na gestão de seu Fiagro, o SNAG11, é a transparência. Nos relatórios gerenciais, a Asset busca trazer todo detalhamento da carteira, citando as operações e estratégias de diversificação envolvidas.
Fiagros: RJs de alguns produtores afeta os investidores?
Em relação aos casos recentes de recuperação judicial, Neto afirma que o número é pequeno quando comparado ao número de produtores rurais e outros agentes que participam do agronegócio.
“Quando comparamos os dados de recuperação judicial da Serasa, observamos cerca de 120 a 130 casos, enquanto o Brasil conta com aproximadamente 5 milhões de produtores, Portanto, as recuperações judiciais são uma pequena parcela em relação ao número total de produtores e empresas rurais no país”, diz Neto
Ele cita que o SNAG11 não foi impactado por essa onda de pedidos e segue inadimplência zero. A gestão destacou no documento que a inadimplência na carteira do SNAG11 segue zerada, a despeito da crise que vem atingindo parte do setor de agronegócio, com pedidos de recuperação judicial e atraso em pagamentos de Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRAs) que atingiram outros Fiagros.
“É possível identificar que os Fiagros que enfrentam atualmente um aumento significativo nos pedidos de recuperação judicial ou inadimplência entre seus devedores cometeram o equívoco de optar por financiamentos de curto prazo, escolha que os colocou em uma posição desfavorável devido à intensa competição existente com os grandes bancos e o Plano Safra, que dominam o mercado de crédito agrícola de curto prazo há décadas”, apontou a gestão do SNAG11.
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Fundos buscam oportunidades no crédito a longo prazo
Segundo Octaciano Neto, quando o investidor fez o projeto de lei dos Fiagros foi buscado exatamente inspiração nos fundos imobiliários, buscando replicar o modelo de sucesso.
Atualmente, grande parcela dos Fiagros estão focados no mercado de crédito. “A demanda de crédito rural é de um trilhão de reais. As fazendas estão dadas, pode uma pessoa querer comprar do outro, não é uma dor tão grande”, diz Neto.
Ele explica que o crédito bancário foi perdendo importância ao longo dos anos e, hoje, existe uma enorme dor que é o financiamento para o agronegócio, sobretudo o financiamento de longo prazo, onde os Fiagros buscam suprir essa lacuna que existe.
“Com a redução do papel do BNDES nos últimos anos, o BNDES já chegou a ter 20% do crédito Brasil, o mercado de capitais está se transformando num grande financiador de longo prazo das empresas brasileiras”, cita Neto, que cita os Fiagros como importante canalizador desses recursos.
