FII SNEL11 convoca AGE para votar mudança de razão social e regulamento
FII precisa de quórum qualificado, ou seja, de representantes de 25% das cotas, para aprovar enquadramento de "desenvolvimento sustentável".
O fundo imobiliário SNEL11, que tem gestão da Suno Asset e atua no setor de energias renováveis, convocou Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para pedir o aval dos cotistas para mudanças na razão social e no regulamento do FII, a fim de ampliar o escopo das operações e facilitar a aquisição de ativos financeiros vinculados à própria gestora ou à Singulare, administradora, em que possa haver conflito de interesses.
A votação será realizada de forma remota, e ficará aberta até as 23h59 do dia 5 de novembro. O resultado será apurado por maioria simples de votos, mas, como a votação envolve discussão sobre possível conflito de interesses, é preciso quórum qualificado de 25% para que o resultado da AGE do SNEL11 seja validado.
Nesse tipo de votação em fundos imobiliários, cada cota equivale a um voto, ou seja, se o investidor detém 10 mil cotas, a participação dele conta 10 mil votos. Com o SNEL11 hoje dividido em 18.898.185 cotas, espalhadas entre pouco mais de 16 mil cotistas, isso significa que os votos devem representar pelo menos 4.724.547 cotas para confirmar a validade da Assembleia.
Uma das mudanças propostas é na razão social do FII SNEL11, para Suno Energias Limpas Fundo de Investimento Imobiliário IS, com o acréscimo da sigla que significa “investimento sustentável”, além de vetar a aquisição de debêntures e CRIs que estejam relacionados a “geração de energia de matriz de combustível fóssil”, o que iria contra a ideia de sustentabilidade do fundo.
FII SNEL11: mais flexibilidade para a gestão
As demais cláusulas da AGE dizem respeito a mudanças no regulamento que facilitam a aquisição de ativos financeiros, como CRIs, debêntures e cotas de outros FIIs, que possam despertar conflitos de interesse por terem ligação com a Suno Asset ou a Singulare.
“Queremos formar um fundo de desenvolvimento sustentável e ter aprovação dos cotistas para poder realizar operações com eventual conflito de interesse para operações com administradora e gestora, para ter mais flexibilidade na gestão”, explicou o analista José Eduardo Daronco, da equipe da Suno Asset.
O SNEL11 se enquadra como um fundo imobiliário de desenvolvimento por investir na construção, e posterior gestão, de usinas fotovoltaicas, que geram energia a partir da luz solar e são integradas ao Sistema Elétrico Nacional.
Já o reconhecimento como fundo de desenvolvimento sustentável, por sua vez, pode servir como um selo de validação a mais para players do mercado que buscam esse tipo de investimento, com inclusão em carteiras e índices específicos e, possivelmente, maior liquidez – que já vem aumentando desde setembro, com a inclusão no IFIX.
Já a discussão sobre conflito de interesses diz respeito à possibilidade de adquirir ativos relacionados à gestora ou à administradora, como CRIs que tenham vinculação com a Singulare de alguma forma ou cotas de FIIs da Suno Asset ou que tenham a mesma administradora.
Embora tenha como foco principal o desenvolvimento de usinas, o FII SNEL11 tem cerca de metade de seu patrimônio líquido atual alocado em CRIs. O objetivo da estratégia da gestão é manter a rentabilidade e a distribuição recorrente de dividendos mesmo que haja oscilação no preço da energia ou redução dos contratos de aluguel das usinas.