FIIs ainda têm “grande caminho para crescer”, diz gestor do BTG
Mercado de FIIs é promissor e investidor deve buscar informações para realizar uma alocação com confiança na gestão.
O mercado de FIIs ainda tem um grande espaço de crescimento, mesmo com o crescimento de 25% no número de investidores ao longo de 2023, na visão de Fernando Crestana, gestor da área de fundos imobiliários do BTF Pactual.
“Essa base crescente é reflexo de um amadurecimento do mercado, sem dúvida, mas ainda há um grande espaço para crescer”, afirmou Crestana, que atua no mercado há 20 anos e participou do quadro Gestor em Foco durante o FIIs Experience, promovido pela Suno Investimentos.
Entrevistado pelo professor Marcos Baroni, analista-chefe de FIIs da Suno Research, Crestana destacou que os FIIs são uma importante porta de entrada para o mercado de capitais, graças à possibilidade de aportes pequenos, na faixa abaixo de R$ 10, “às vezes é menos que o preço de um pão de queijo”, brincou.
“Ao mesmo tempo, você tem empresas e investidores milionários, ou seja, o mercado de FIIs é muito demicrático. Ao mesmo tempo, isso é desafiador para nós, porque não há um único perfil, são diversos públicos diferentes, e de alguma forma os fundos precisam estar próximos de todos”, destacou Crestana..
O gestor do BTG Pactual, casa que tem em seu portfólio fundos como o BTLG11, de galpões logísticos, lembrou que o mercado imobiliário é algo próximo do brasileiro, muito antes da existência dos fundos imobiliários, lançados oficialmente em 1993. “Todo mundo tem um parente que aluga uma casa, alguém que conhece um pouco ou se sente pronto para dar palpites, e tudo isso torna o mercado ainda mais complexo.”
FIIs precisam dar segurança ao cotista
Fernando Crestana afirmou acreditar que um dos desafios das gestoras de FIIs é atender a uma série de dúvidas dos potenciais investidores, das quais a primeira, muitas vezes, é escolher em qual FII investir num mercado tão pulverizado, com mais de 500 fundos listados na bolsa.
Ele aponta três fatores que devem motivar uma escolha inicial:
- Gestão: “Escolher uma empresa que você conhece, da qual tenha referências”;
- Segmento: “Se possível um setor que você já tenha alguma familiaridade, algum conhecimento”;
- Tamanho do fundo: “Acredito que fundos maiores já têm uma história de sucesso para apresentar e mostrar que os riscos estão mitigados”, completou o especialista.
Crestana foi provocado por Baroni sobre como lidar com clientes que não têm facilidade de entender os documentos emitidos pelas gestoras. “Não é um desafio muito complexo para quem não é um conhecedor?”
“De fato os prospectos muitas vezes não são claros nem para a gente, que dirá um investidor iniciante. Ele deve questionar seu assessor e pedir informações claras sobre os riscos e as possibilidades de retorno”, respondeu o gestor do BTG. E completou: “Não é óbvio, mas: você não compra o fundo, e sim a gestão.”
Cuidado com as informações
Falando aos investidores presentes no FIIs Experience, Crestana deu algumas informações sobre como o BTLG11 alcançou um patrimônio superior a R$ 5 bilhões num intervalo de 4 anos.
“O cotista que hoje investe no BTLG11 fica tranquilo porque confia que a gestão vai continuar fazendo o que fez até aqui, com uma alocação segura e rentável”, explicou, lembrando que o fundo acaba de realizar uma captação superior a R$ 1 bilhão. “E se tiver dúvidas, o investidor deve procurar a gestão por meio dos canais de relações com investidores”, declarou.
Ele recomendou, ainda, cuidado com informações exageradas nas redes sociais, como reações de influenciadores a quedas pontuais na distribuição de dividendos dos FIIs.
“A gestão tem sempre o dilema entre investir rápido e investir bem. É uma pressão imensa, dentro do banco, junto aos sócios, e claro, do cotista, que está vendo o fundo com dinheiro em caixa e questionando por que o investimento não é concluido”, contou Fernando Crestana sobre o dia a dia na gestão dos FIIs.