Fiagro que investe em terras ou em papel: quais as diferenças?

Fiagro que investe em terras ou em papel: quais as diferenças?

O Fiagro – fundos de investimento na cadeira do agronegócio – investe no setor agrícola. Mas você sabe as diferenças entre os fundos que investem diretamente em terras e os fiagros de papel? Para responder essa questão, Flávio Aragão da 051 Capital conversou com a Beatriz Boyadjian, do Suno Notícias.

Na visão do especialista da 051 Capital, enquanto os fundos que investem em títulos da dívida do agronegócio, os Fiagros de terras buscam a valorização dos imóveis.

Os fundos de papel financiam empresas do agronegócio através dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA)

Esses recursos são utilizados pelos produtores e/ou empresas agrícolas, que pagam os fundos com juros e correção monetária. É muito semelhante aos fundos imobiliários de papéis, os famosos fundos de CRI.

Neste caso, os Fiagro de papel, explica Flávio Aragão, estão mais expostos ao cenário macroeconômico, ao efetuarem operações de crédito. Porém, “se os juros sobem muito, há riscos de aumento de inadimplência”, comenta o especialista. 

Ao mesmo tempo, esses fundos também se beneficiam quando os juros entram em queda. 

Esse tipo de crédito fica indexado a CDI somado a uma porcentagem fixa. “Quando a curva de juros fecha, uma dívida que corresponde a 135% do CDI se transforma em um ganho de 170% ou 175% do CDI”, comenta Flávio Aragão.

Fiagro de terra: lucros com arrendamento e valorização do imóvel rural

No mercado, a maioria dos fundos do tipo Fiagro são de papel, como o XPCA11, VGIA11 e AAZQ11. Esses fundos pagam rendimentos recorrentes isentos de impostos, com um prêmio acima do CDI. O AAZQ11 e XPCA11 anunciaram aos seus cotistas os próximos rendimentos de março, com dividend yield de 1,31% e 1,30%, respectivamente. 

No geral, os fundos de papéis, como esses citados, protegem o capital do investidor tanto da inflação quanto da alta do juros, pagando rendimentos mensais.  

A Suno Asset faz a gestão do SNAG11, um Fiagro híbrido, focado tanto em terras quanto em CRA. Neste caso, 80% do capital do fundo está investido em um CRA, enquanto os restante está em duas propriedades arrendadas. No caso do SNAG11, essas propriedades são galpões para armazenamento de grãos.

Além desses fundos, existe o Fiagro de terras, que na visão da Agro Capital, tem um enorme potencial de ganho. Esses não possuem ligação direta com o mercado tradicional, seja os juros ou a bolsa de valores. 

Fiagro de terras: de onde vem os ganhos?

“A terra tem uma dinâmica mais próxima ao dólar, variação da soja e demanda por terra. Mesmo se os juros subirem, os fundos de terras não são tão impactados”, comenta Aragão.

Além disso, o Fiagro de terra, como o FZDA11, possui uma propriedade e arrenda para um grande grupo do setor. No longo prazo,  o fundo cogita vender a propriedade, de “olho” no ganho de capital. “O ganho com a valorização de terras agrícolas pode ultrapassar a marca de IPCA + 20%”, destaca o especialista. 

A 051 Agro acredita que o Fiagro tende a ser um dos maiores ativos do mercado, uma vez que o agronegócio é 30% do PIB brasileiro. “Imagine isso sendo negociado pelo mercado de capitais”, comenta Aragão. 

Por fim, seja através do Fiagro que investe em dívida ou diretamente em terras, o potencial do setor é gigantesco, acredita Aragão. O especialista imagina que em 5 anos o setor pode chegar a R$ 100 bilhões no mercado, tamanha força do agronegócio na economia. 

Tags
Quer construir uma carteira de Fiis alinhada com os seus objetivos? Clique aqui e fale agora mesmo com um especialista.
foto: Gustavo Silva
Gustavo Silva

Jornalista com doutorado pela UFMG e produtor de conteúdo da unidade de mídias da Suno. Também trabalha no Suno Notícias e Funds Explorer, fazendo a cobertura de FIIs, Fiagro e FI-Infra.

últimas notícias