Americanas (AMER3) pode afetar os fundos imobiliários? Entenda
O caso da Americanas repercutiu muito no mercado financeiro hoje (12), sobretudo para os investidores de ações. O que muita gente não sabe é que alguns fundos imobiliários estão de certa forma ligados a essa empresa em contratos de locação.
Na sessão desta quinta-feira (12), as ações da Americanas registraram a mínima de R$ 2,40, representando uma queda de até 80%. No primeiro leilão realizado hoje, a baixa chegava a até 90%, após o anúncio da empresa de que localizou “inconsistências” de R$ 20 bilhões em suas contas. Mas o que isso tem a ver com os fundos imobiliários?
A Americanas é inquilina de imóveis de alguns fundos imobiliários. Parte desses FIIs, inclusive, operaram no negativo na sessão da bolsa de valores hoje.
Veja os FIIs expostos a Americanas e o percentual de receita desses fundos que corresponde a empresa, segundo informações presentes no relatório gerencial de cada fundo.
Fundo imobiliário | Percentual da Receita |
MAXR11 | 34% |
GGRC11 | 19,91% (novembro de 2022) 17,57% (semestral) |
XPLG11 | 8% |
LVBI11 | 7% |
BRCO11 | 6% |
VIUR11 | 1% |
A Americanas pode afetar os fundos imobiliários expostos à empresa?
Segundo o especialista de fundos imobiliários da Suno Research, professor Baroni, “Ainda não é possível saber a profundidade do problema que pode vir contabilmente para as Lojas Americanas, ao ponto de gerar uma insolvência capaz de fazer com que a capacidade de pagamento dela vá a zero”.
O especialista ainda acrescenta que tampouco dá para saber se a Americanas vai entrar em uma recuperação judicial ao ponto de não conseguir mais honrar os seus contratos, inclusive os referentes à locação de imóveis com esses FIIs.
No pior dos cenários, caso a Americanas entre em falência no futuro, o imóvel do fundo ficará vacante, e um novo inquilino pode ser alcançado. Desde que o imóvel seja ocupado por outro inquilino, o FII seguiria normalmente com o recebimento dos aluguéis.
Em outras palavras, se a Americanas falir, o impacto negativo ao fundo imobiliário proprietário do imóvel que a empresa ocupa pode perder a renda do aluguel daquela propriedade temporariamente, até que um novo inquilino feche um novo contrato com o fundo em questão.
O que pode pesar para esses fundos, nesse caso, é que em caso de insolvência da Americanas, os FIIs mais expostos, como MAXR11 e GGRC11, podem ficar sem receber um valor relevante dos seus aluguéis, o que acabaria prejudicando esses fundos enquanto o imóvel permaneça sem locatários.
O que os investidores desses FIIs devem fazer?
Nesse sentido, os investidores de fundos imobiliários não deveriam tomar decisões de investimento nos FIIs expostos a Americanas baseado no fato que foi divulgado ontem pela empresa.
Marcos Correa, outro especialista da Suno, partilha da mesma opinião. Ele aponta que quando se investe em FIIs, o aporte realizado visa o investimento no imóvel em si e não na empresa associada ao contrato de locação.
Ademais, Baroni destaca que os fundos imobiliários não devem ser escolhidos pelo investidor com base apenas no inquilino e no contrato que ele possui, mas também pela qualidade do imóvel em questão, assim como outros fundamentos associados ao FII.
Desse modo, os investidores de fundos imobiliários expostos a Americanas não devem ter grandes preocupações nesse momento, mas acompanhar se o FII em questão continua com os fundamentos que o investidor analisou antes de investir no fundo.