TRXF11, VRTA11 e FIIs multiestratégia estão entre destaques do Bom Dia FIIs (27/5)
TRXF11 entra em nova fase de oferta de cotas e VRTA11 divulga resultados detalhados do mês de abril; confira os destaques do mercado.


Os fundos imobiliários TRXF11 e VRTA11 e uma análise do mercado de FIIs multiestratégia, também chamados de hedge funds, estão entre os destaques desta terça-feira (27), dia seguinte a um resultado negativo do IFIX na abertura da última semana de maio.

O índice de FIIs fechou em 3.436,16 pontos, queda de 0,12% em relação à máxima histórica obtida na sexta-feira (23). O IFIX abriu o dia em alta, mas passou rapidamente para o patamar negativo, na contramão do Ibovespa, que fechou em altas, e nas taxas de juros futuros, que tiveram leve queda no fim do dia.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou com taxa de 14,710%, de 14,744% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027, taxa de 13,95%, de 13,98%. A do DI para janeiro de 2029 recuou de 13,60% para 13,56%. O dia foi considerado de pouca liquidez, devido ao feriado do Memorial Day, que manteve os mercados norte-americanos fechados.
Especialistas, no entanto, mantêm expectativa positiva para o mercado de FIIs nos próximos dias, diante da movimentação de investidores em busca dos dividendos que serão anunciados na sexta-feira (30), último dia útil do mês e também Data Com para cerca de duas centenas de fundos imobiliários. A movimentação costuma impactar positivamente o mercado e elevar o IFIX, que segue com mais de 10% de alta acumulada desde o início do ano.
Confira as principais notícias do mercado de fundos imobiliários:
Fundos imobiliários de energia avançam, com dividendos mensais e isenção tributária
Os fundos imobiliários com foco em geração de energia, como o SNEL11, vêm ganhando espaço no radar de investidores interessados em infraestrutura energética. A combinação de alta eficiência tributária com distribuição mensal de dividendos tem tornado esses veículos cada vez mais atrativos — especialmente quando comparados a tradicionais companhias listadas do setor elétrico.
Dados do primeiro trimestre de 2025 mostram um contraste marcante entre a carga tributária enfrentada por empresas como Engie, Eneva, Auren e Eletrobras. A Auren, por exemplo, registrou uma alíquota efetiva de impressionantes 79%, seguida por Eneva (35%) e Engie (25%). Mesmo a Eletrobras, privatizada em 2022, destinou 43% da geração ao pagamento de tributos.
No oposto do espectro, ativos estruturados dentro do arcabouço dos fundos imobiliários apresentaram alíquota efetiva zero, uma assimetria que se explica pelo desenho legal do segmento no Brasil. Ao atender certos critérios, como ter cotas negociadas em Bolsa e um número mínimo de 100 cotistas, esses veículos desfrutam de isenção de imposto de renda sobre os dividendos distribuídos a pessoas físicas.
O SNEL11 está bem posicionado nesse cenário, com sua tese de investimentos criada pela Suno Asset que prevê o foco na gestão de usinas fotovoltaicas e na entrega de retorno estável e recorrente. Na semana passada, o FII distribuiu dividendos de R$ 0,10 por cota, referentes ao mês de maio, com um dividend yield anualizado de 14,74%.
VRTA11 tem retorno de 114% do CDI e resultado de R$ 18,46 milhões
O fundo imobiliário VRTA11 registrou em abril com resultado de R$ 18,46 milhões e manteve a distribuição de R$ 0,85 por cota no mês, o que representa um dividend yield de 1,02% — ou 114% do CDI bruto — com base na cotação de fechamento de mês, de R$ 82,96.
Com esse valor de mercado, o fundo registrou um P/VP de 0,94x, apontando para um desconto em relação ao valor patrimonial da carteira. Mesmo com um cenário de juros mais altos afetando o mercado de FIIs como um todo, a Fator, gestora do VRTA11, afirma que a carteira segue saudável e majoritariamente adimplente.
Em abril, o fundo vendeu aproximadamente R$ 1,2 milhão em cotas de FIIs (RBRY11 e SNME11) e realizou novos aportes em crédito estruturado. Entre os investimentos, destaca-se a aquisição de uma nova tranche do CRI Patrimônio, remunerado a IPCA + 9,55% ao ano.
O VRTA11 encerrou o mês com R$ 33,7 milhões em caixa, equivalente a 2,4% do patrimônio líquido, e mantém uma reserva de resultados de R$ 0,93 por cota — valor que assegura a continuidade das distribuições nos próximos meses.
FIIs multiestratégia ganham espaço entre interessados em diversificação
Os FIIs multiestratégia, conhecidos como “hedge funds”, vêm conquistando espaço no portfólio de investidores mais atentos à diversificação e à gestão ativa. Eles têm mandato mais flexível que os tradicionais fundos de fundos (FoFs), o que permite aos gestores alocar capital em uma ampla gama de ativos — de FIIs e CRIs a ações do setor e operações estruturadas.
Para Leonardo Veríssimo, analista de fundos imobiliários da Eleven Financial, os multiestratégia representam uma nova geração de veículos de investimento. “Eles são, na prática, uma evolução dos FoFs. Têm mais liberdade para compor a carteira, o que traz mais responsabilidade ao gestor e menos espaço para justificar baixo desempenho”, afirma.
A categoria, diferentemente dos FoFs que concentram posições majoritárias em cotas de outros FIIs, podem montar carteiras diversificadas por natureza. Isso permite a combinação entre fluxo de caixa previsível — via ativos de crédito — e oportunidades de valorização patrimonial em ativos menos líquidos.
A estratégia é considerada ideal para quem deseja delegar a gestão de forma ativa, confiando na capacidade dos gestores de identificar assimetrias e antecipar movimentos do mercado. Ainda assim, Veríssimo faz um alerta: “Apesar da proposta de diversificação, muitos fundos estão excessivamente expostos a CRIs, o que pode torná-los, na prática, fundos de recebíveis com um mandato mais amplo. Por isso, é fundamental olhar a carteira com lupa antes de investir”.
TRXF11 abre etapa de sobras e montante adicional em 11ª oferta
O fundo imobiliário TRXF11 iniciou nesta segunda-feira (26) a fase de subscrição de sobras e montante adicional, em sua 11ª oferta de emissão de cotas, que tem a intenção de captar R$ 1 bilhão. O valor pode chegar a R$ 1,25 bilhão no caso de interesse por um montante adicional.
Nesta etapa, os cotistas que exerceram o direito de preferência com a opção de comprar cotas adicionais terão até quinta-feira (29) para comunicar à B3 o interesse em aumentar sua participação no TRXF11. O preço de emissão é de R$ 100,48 reais, já incluída a taxa de distribuição primária.
Com a oferta, a projeção da TRX Investimentos é que o patrimônio líquido do TRXF11 ultrapasse R$ 3 bilhões, representando um crescimento de 49,29% em relação ao valor atual de R$ 2,02 bilhões.
O valor investido em imóveis pode chegar a R$ 4,5 bilhões, um aumento de 28,53% comparado aos R$ 3,5 bilhões atuais, enquanto a alavancagem deve cair de 35,30% para 24,65%. Já o guidance de dividendos do TRXF11 tende a permanecer entre R$ 0,90 e R$ 0,93, com possibilidade de distribuição semestral de rendimentos extraordinários.