Dividendos de R$ 1.000 por cota? Entenda distribuição anunciada por fundo imobiliário

Fundo pagará dividendos de mais de 50% em relação ao preço de mercado de terça-feira (30), depois de quatro anos sem distribuição.

Dividendos de R$ 1.000 por cota? Entenda distribuição anunciada por fundo imobiliário
FAMB 11 volta a pagar dividendos após 4 anos - Foto: Divulgação

Num mercado em que muitas vezes a distribuição de dividendos é marcada por centavos, o anúncio do FAMB11 surpreendeu alguns investidores: o fundo imobiliário vai distribuir R$  1.001,608560756 por cota na próxima quarta-feira (8).

Visto de forma isolada, o valor dos proventos é alto até mesmo na comparação com o preço unitário do FII, cuja cota fechou na segunda-feira (30) negociada a R$ 1.870,00 – o que resulta num dividend yield mensal de 53,56%. Se a conta fosse feita com o atual valor patrimonial por cota do fundo, de R$ 3.464,43, o retorno ficaria em 28,91%.

Mas é preciso recuar no tempo para entender o valor. O FAMB11 é um fundo monoativo que detém a propriedade do edifício Almirante Barroso, localizado na Avenida Rio Branco, centro histórico do Rio de Janeiro, e que passou quatro anos sem pagar dividendos, desde dezembro de 2020, após a rescisão contratual com a Caixa Econômica Federal, que ocupou o espaço até aquela data.

O banco estatal questionava os valores rescisórios, e só realizou o pagamento em novembro de 2024, no valor de R$ 163 milhões, após acordo judicial. Os dividendos distribuídos, desta forma, equivalem ao repasse aos cotistas desse valor que ficou represado durante quatro anos. 

Se for dividido por 48, considerando o tempo sem pagamento, o valor fica em R$ 20,87 por mês, um dividend yield mensal de 1,12%, comparável aos valores distribuídos neste mês por boa parte dos FIIs, que viraram o ano precificados com forte desconto, de uma forma geral.

Dividendos de R$ 1.000: o que acontecerá com o FAMB11?

O fundo imobiliário FAMB11 negocia a venda do seu único ativo, pelo valor de R$ 117 milhões, proposta que já foi aprovada em assembleia geral extraordinária (AGE) pelos cotistas e que está em fase de diligências. 

Hoje, o imóvel tem 10,69% de ocupação, com a locação do estacionamento e da loja no piso térreo, mas os valores são insuficientes para gerar resultado positivo e distribuição de dividendos aos cotistas, diante dos custos de manutenção do edifício desocupado, que tem ao todo 56.429,46 metros quadrados de área bruta locável (ABL).

Caso a negociação seja concluída, o fundo imobiliário deve ser liquidado, com o valor de venda e o saldo remanescente sendo distribuído aos cotistas, depois da apuração de todas as despesas. Neste caso, porém, como não seria um pagamento de dividendos e sim uma amortização, o FII precisará do custo médio de aquisição dos investidores para uma eventual tributação.

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foto: Fernando Cesarotti
Fernando Cesarotti
Editor

Jornalista, editor do FIIs.com.br. Graduado pela Unesp, com pós-graduação em Jornalismo Literário, com mais de 20 anos de experiência em coberturas de economia, política e esportes. Passagem também pelo meio acadêmico, como professor universitário em cursos de Comunicação e líder de empresa júnior.

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