KISU11: Investidores criticam FII por decisões de alocação

KISU11: Investidores criticam FII por decisões de alocação
KISU11: Investidores criticam fundo por decisões de alocação. Foto: Unsplash

O fundo imobiliário KISU11 foi criticado por parte de seus cotistas, que afirmam que a gestora Kilima está tomando decisões relativas ao FII com conflitos de interesse. Para esses investidores, a asset se desvia da proposta inicial de seguir o índice SUNO 30, além de realizar aportes em fundos da própria casa.

Segundo o site Status Invest, o KISU11 possui uma alocação pequena de R$ 68,8 mil no KIVO11, que pertence à própria gestora, mas que não faz parte do SUNO 30. Os dados também mostram que o FII realizou um aporte de R$ 8 milhões no DPRO11, da Devant, que está fora do SUNO 30. O fundo da Devant investe R$ 3,7 milhões no KIVO11.

Imagem: Reprodução/Status Invest

Os aportes nos fundos fora do índice não são irregulares, pois o regulamento do KISU11 prevê que o FII deve ter, no mínimo, 80% do seu patrimônio em cotas dos ativos que integram o SUNO 30. Na atualização mais recente, o fundo possui R$ 40,3 milhões em seis fundos que não estão no índice de referência, 10% do total de R$ 404 milhões. Veja na tabela abaixo os fundos desenquadrados:

FII Valor investido
RBVA11R$ 10.117.120,75
GTWR11R$ 10.102.463,60
DPRO11R$ 7.999.200,00
HSLG11R$ 7.941.223,24
NCRI11R$ 4.048.190,62
KIVO11R$ 68.845,00

O KISU11 não tinha aportes no VRTA11 na última atualização, apesar de o ativo do Banco Fator, constar na carteira teórica do índice.

Quando o fundo da Kilima foi criado, em 2020, o regulamento previu que a gestora poderia deixar 20% do patrimônio do fundo desenquadrados em relação ao SUNO 30 para realizar uma gestão ativa, que buscasse superar o índice de referência. Além disso, essa margem também evitaria movimentos bruscos do KISU11 para comprar ou vender um ativo em momentos desfavoráveis do mercado.

Em relatório gerencial relativo a dezembro de 2022, a gestora do KISU11 alega que isso “vem ocorrendo consistentemente ao longo do tempo, mesmo em um ambiente bastante complexo e com especial destaque para os últimos meses”. No site da Suno, o grupo cita que o índice SUNO 30 “propõe uma representação mais clara da relação risco x retorno do mercado, demonstrando, assim, objetivo de maioria de investidores de FIIs”.

Esse índice reflete a performance dos fundos imobiliários modernos, sendo composto por 30 FIIs que sigam quatro critérios:

Depois de aplicar esses quatro critérios, os fundos encontrados precisarão ser ordenados no índice de fundos imobiliários de forma decrescente de acordo com seu patrimônio líquido. Como resultado, os 30 fundos com maior patrimônio desta lista formarão a composição do índice SUNO 30 no respectivo trimestre, com participação igualitária entre todos (3,33%). O índice é reavaliado e as novas composições ajustadas no último dia útil de março, junho, setembro e dezembro, acompanhando a lógica dos índices da B3, como o IFIX e o Ibovespa.

Questionamento de parte dos investidores do KISU11

Alguns investidores passaram a questionar a alocação em ativos que não fazem parte do SUNO 30. Em um fórum do site Clube FII, os cotistas do fundo demonstram insatisfação com a performance do fundo e questionam a decisão do gestor sobre as decisões de investimento.

DVFF11 ( FOF da DEVANT) resolve entrar na emissão do novo fundo de Recebíveis da KILIMA (KIVO11). Na mesma época, KISU11 da KILIMA excepcionalmente resolve investir em um fundo que não passa nem perto do seu índice de referência (SUNO 30) para aproveitar fazer uma alocação pontual (DPRO11, o novo fundo da DEVANT)”, comentou um usuário.

“Este fundo para mim acabou. O gestor está fugindo da proposta inicial, que era ser um fundo passivo investindo nos maiores fundos da indústria. Cadê o Suno 30? Não estão mais seguindo em nada o índice”, declarou outro usuário.

“O gestor do fundo tem atuado em causa própria e com diversos conflitos de interesse, causando prejuízos significativos aos investidores”, comentou outra pessoa.

Diante do problema citado por certos investidores, alguns chegaram a se organizar em uma rede social para buscar dialogar e buscar uma solução.

Posicionamento do gestor

Em entrevista por vídeo gravada por Arthur Moraes, sócio e diretor de educação e comunicação do Clube FII, para o portal, o gestor do KISU11, Eduardo Levy, se pronunciou sobre os questionamentos realizados por alguns cotistas.

O gestor alega que “todas as alocações que a gente tem são alocações pequenas. […] Não deixa de ser algo parecido e, muitas vezes, até menor do que os 3,33% que os 30 fundos do índice de referência apontariam. Então, são alocações marginais. Todos os fundos estão listados”.

O gestor comenta que tem “algo próximo a 40 fundos listados na carteira. […] São 20 dos grandes gestores aqui do Brasil”.

“É natural, esse mercado não é tão grande. Ele tem esse número de grandes gestores que também alocam em outros gestores quando há oportunidades. Então, se eu disser para você: eu fiz alocação num gestor que também tem alocação em fundo meu, isso vai acontecer. E se alguém pegar o famoso ‘cherry picking’, vai achar vários”, argumenta.

Segundo o gestor, “isso é até uma forma de diversificação para a carteira deles e, no nosso caso, é uma forma de criar valor”.

Rentabilidade do KISU11

Segundo dados do Status Invest, no período de dois anos até janeiro deste ano, o KISU11 vem apresentando rentabilidade negativa de 9,08%. No mesmo período, o índice Suno registra queda de -0,43%, contra recuo de -1,88% do FIX, principal índice de fundos imobiliários.

Imagem: Reprodução/Status Invest

Os dividendos mais recentes do KISU11, relativos ao período de dezembro, foram de R$ 0,09 por cota. O pagamento aconteceu no dia 13 de janeiro deste mês. Nos três meses imediatamente anteriores, o fundo havia pagado rendimentos de R$ 0,08 por cota aos cotistas.

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foto: Silvio Suehiro
Silvio Suehiro

Redator freelancer, com experiência na produção de notícias e artigos para as áreas de economia, finanças e investimentos. Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), e pós-graduado em Produção Audiovisual Multiplataforma pela Universidade Anhembi Morumbi (UAM).

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