Dividendos de fundos imobiliários: quando o rendimento cai o que acontece com o preço da cota?

Uma dúvida comum sobre os dividendos de fundos imobiliários é: "quando o rendimento cai o que acontece com o preço da cota?". Confira agora.

Dividendos de fundos imobiliários: quando o rendimento cai o que acontece com o preço da cota?
BCFF11 anuncia menor lucro em 9 meses, mas mantém reserva "robusta" em caixa. Foto: iStock

Ao investir em fundos imobiliários, muitos investidores buscam analisar o histórico de dividendos de cada FII. Embora seja uma das questões a serem observadas, o investidor não deve se ater apenas a isso.

Os dividendos de fundos imobiliários podem gerar renda passiva mensal aos seus investidores, mas seus pagamentos também dependem da atual situação financeira do FII, ou seja, de sua geração de lucro e de reserva de caixa.

Muitas vezes, eventuais problemas financeiros dos fundos imobiliários, advindos de alta vacância e inadimplência de devedores, por exemplo, podem refletir diretamente no pessimismo ou no otimismo em relação a esse FII, e pode movimentar não apenas os dividendos pagos por eles, mas também o valor de suas cotas na Bolsa de Valores.

Mas qual a relação entre os dividendos dos fundos imobiliários e o valor da cota de um FII? Essa é a pergunta que muitos investidores fazem ao observar que alguns fundos reduzem o valor dos rendimentos, mas o preço da cota não se altera, por exemplo.

Relação entre dividendos e o preço da cota

Segundo o professor Baroni, especialista de fundos imobiliários da Suno, não existe necessariamente, principalmente no curto prazo, uma relação absolutamente direta entre a mudança no patamar de dividendos de FIIs com o valor da cota.

“O rendimento tem características recorrentes e não recorrentes. Já o valor da cota tem uma negociação livre ao longo do dia”, explicou.

Desse modo, pode acontecer dos dividendos subirem e a cota cair, ou até mesmo os rendimentos não aumentarem e o preço da cota ter uma valorização.

Além da variação dos dividendos, diversos outros fatores contam na hora de observar as movimentações de preço da cota de um FII na Bolsa de Valores, como o cenário macroeconômico e mudanças na composição da carteira.

Mais do que observar uma mera variação nos dividendos, é importante considerar se existem motivos que levaram a isso. Por essa razão, Baroni diz que os investidores devem entender melhor a dinâmica na distribuição de rendimentos de cada fundo imobiliário.

O que implica na variação dos dividendos de fundos imobiliários?

O pagamento de dividendos acima do patamar recorrente, por exemplo, pode ocorrer em razão da venda de um imóvel, ou então pela distribuição de uma reserva acumulada ao longo do semestre, por exemplo.

Apenas a título de exemplo, vale destacar os dividendos do HGLG11, o segundo maior FII da B3 em número de cotistas. Como se observa em seu histórico, ele vem pagando um patamar recorrente de rendimentos de R$ 1,10 por cota desde agosto de 2021.

No entanto, ao final de cada semestre, o FII HGLG11 costuma pagar dividendos acima do seu patamar recorrente, se adequando a legislação dos FIIs, que prevê a distribuição de pelo menos 95% dos lucros auferidos ao longo do semestre.

Em julho de 2023 (referente a junho), por exemplo, o fundo pagou R$ 1,50 por cota e, em janeiro (referente a dezembro de 2022), R$ 2,20 por cota, voltando para os R$ 1,10 por cota nos meses seguintes a esses.

Assim, de julho para agosto, os dividendos do HGLG11 variaram -26,67%, o que não significa que houve necessariamente um problema financeiro com o FII, mas que apenas ele retornou ao seu patamar recorrente, sendo o valor mais alto apenas um valor distribuído de forma extraordinária.

Cada um dos fundos imobiliários propõe formas distintas de distribuir seus dividendos, em que muitos deles sequer adotam um patamar recorrente de rendimentos. Em suma, é importante observar os comunicados e relatórios divulgados pelos FIIs para entender melhor essas movimentações.

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foto: João Vitor Jacintho
João Vitor Jacintho

Redator profissional, com atuação no mercado editorial na produção de notícias e conteúdos sobre o mercado financeiro, fundos imobiliários e economia popular.

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